Salve, povo do vinho!

Com quase duas semanas de atraso, finalmente vou publicar a resenha da degustação da nossa “confraria sabática mensal/quinzenal”.

Desta vez, nosso confrade Jeriel aliviou de sua adega belíssimos vinhos brancos provenientes de diversas regiões do mundo (com pequeno destaque quantitativo para Portugal).

Conforme a tradição recém-inaugurada, a reunião de 27 de setembro teve lugar no agradabilíssimo restaurante Vittoria Pastas e Risottos.

Confraria: Alexandre Furniel, Eu, Clóvis Pavan, Jeriel, Lucas Garaldi, José Luiz Garaldi
Grupo 1

1. Herdade do Esporão Alandra N/V (Portugal – Alentejo). Uvas: Diagalves e Manteúda. Álcool: 12,5%. Preço Médio: R$23,50. Adquirido em/de: Qualimpor.
No visual, apresentou coloração amarela-dourada clara, com toques verdeais, límpida. Ao olfato, ataque mineral de média potência, secundado por frutas brancas e notas florais. Ao paladar, um vinho de bom corpo, untuoso, mas de baixa acidez. Final de médio para longo.
Nota do comentarista: 83,5
Média do grupo: 81

 

2. Cave de Turckheim Riesling Vin d’Alsace 2004 (França – Alsácia). Uvas: Riesling. Álcool: 12,5%. Preço Médio: R$29,90. Adquirido em/de: Carrefour.
A casta Riesling é considerada como uma das mais nobres castas brancas do mundo, tendo como regiões de excelência entre outras a Alsácia Francesa de onde vem este vinho. No visual, tonalidade amarela de intensidade mediana com toques ligeiramente verdeais. Boa intensidade e complexidade aromática, com ataque mineral típico (petróleo), frutas brancas (pêra, melão), e frutas cítricas (limão), tudo muito maduro e fresco em conjunto com leves notas florais. Ao paladar, bastante agradável, corpo leve/médio, com presença de frutas cítricas e acidez viva, proporcionando um frescor muito agradável num conjunto bem equilibrado e com final mineral e persistência final média/alta. Um vinho que se mostrou fresco e bastante agradável de beber. Um bom entry-level Riesling.
Nota do comentarista: 83
Média do grupo: 83

 

 

3. Herdade do Esporão Monte Velho 2004 (Portugal – Alentejo). Uvas: Roupeiro, Antão Vaz e Perrum. Álcool: 13,5%. Preço Médio: R$37 (ref. safra 2006). Adquirido em/de: Qualimpor.
No visual, amarelo-palha. Ao olfato, ataque agradável, com notas cítricas (limão Taiti) e frutas tropicais (maracujá e abacaxi). Com o tempo na taça, o conjunto vai perdendo vitalidade, sobrando notas de grama seca. Na boca, pouca vitalidade, com notória falta de acidez. As notas frutadas e o componente vegetal ficam claros na evolução, mas revelam-se “mortos”. Final austero, com notas doces geradas pelo componente cítrico, e ligeiro amargor.
Nota do comentarista: 82
Média do grupo: 84,5

 

 

4. Trapiche Torrontés 2006 (Argentina – Mendoza). Uvas: Torrontés (100%). Álcool: 13%. Preço Médio: R$16,25. Adquirido em/de: Interfood.
No visual, coloração dourado-clara, límpida. Ao olfato, a tipicidade da varietal se apresenta em suas notas florais, secundadas por especiaria, frutas tropicais e notas cítricas. Ao paladar, excelente acidez, final prolongado, com toques de extrato de limão, banana e abacaxi.
Nota do comentarista: 88,5
Média do grupo: 86

 

 

5. Herdade do Esporão Vinha da Defesa Tinto 2006 (Portugal – Alentejo). Uvas: Antão Vaz, Arinto e Roupeiro. Álcool: 13,5%. Preço Médio: R$64. Adquirido em/de: Qualimpor.
No visual, apresentou-se amarelo-claro, límpido, com toques verdeais. Ao olfato, elegante, com frutas brancas, limão, com leves toques de grama. Ao paladar, acidez correta, bastante frescor e fruta. Final prolongado, sem amargor. Um vinho bem elaborado e agradável, mas um pouco “internacional” demais, mas nem por isso deixa de ser um bom exemplar que nos chega de terras alentejanas.
Nota do comentarista: 86,5
Média do grupo: 85,5

Grupo 2

6. Obikwa Chenin Blanc 2005 (África do Sul – Western Cape). Uvas: Chenin Blanc (100%). Álcool: 12,5%. Preço Médio: R$23,90. Adquirido em/de: Interfood.
Palha esverdeado, nariz de fraca intensidade e pouca complexidade com notas de pera e maçã verde. Boca macia, frutada, curta e de baixa acidez. Fraco na tipicidade. Vale mais pela curiosidade, porque há Chenins superiores na África do Sul.
Nota do comentarista: 81,5
Média do grupo: 83,5

 

 

7. Basa 2004 (Telmo Rodriguez) (Espanha – Rueda). Uvas: Viura, Verdejo e Sauvignon Blanc . Álcool: 13%. Preço Médio: US$22,90 (ref. safra 2006). Adquirido em/de: Mistral.
No visual, amarelo-palha, brilhante, límpido. Ao olfato, ataque de polpa de maracujá, e um leve enxofre. Em seguida, surgem notas de casca de pêra e maçã cozida, com um toque de especiaria doce (noz moscada). Ao paladar, sua estrutura me lembrou a de um Pinot Gris. Acidez moderada, boa untuosidade, e um final fenólico um pouco destacado demais. Boa persistência. Um branco de corpo de médio para bom, refrescante e muito agradável de beber. Detalhe: um vinho de grande qualidade, vendido a um preço irrisório simplesmente porque o rótulo estava rasgado. Como não somos “bebedores de rótulos”, palmas para o Jeriel pelo grande achado!
Nota do comentarista: 87
Média do grupo: 87

 

 

 

8. Cono Sur Riesling 2006 (Chile – Valle del Bío-Bío). Uvas: Riesling (100%). Álcool: 12,5%. Preço Médio: R$23,40. Adquirido em/de: Wine Premium (subsidiária da Expand).
No visual, amarelo-palha de boa intensidade. Ao olfato, típico mineral, secundado por floral intenso, maçã verde, pêra e mel. Ao paladar, apresenta-se pleno de boca, muito boa acidez, persistência média. Toques amendoados no retrogosto.
Nota do comentarista: 86
Média do grupo: 86

 

 

 

9. Château Ksara Blanc de Blancs 2004 (Líbano – Valle do Bekaa). Uvas: Sauvignon, Sémillon and Chardonnay. Álcool: 13%. Preço Médio: R$64,90. Adquirido em/de: Maxifour.
No visual, dourado intenso, límpido. Ao olfato, o confrade Lucas detectou um peculiaríssimo aroma de caldo de feijão. Inicialmente, achei estranhíssimo, mas todos os presentes confirmaram. Esse aroma é secundado por maracujá, notas adocicadas e madeira bem presente. Ao paladar, um vinho equilibradíssimo, untuoso, refrescante. Final prolongado.
Nota do comentarista: 89
Média do grupo: 88

 

 

10. Cave de Tain l’Hermitage Marsanne Blanc 2003 (França – Crozes-Hermitage, Vale do Rhône). Uvas: Marsanne (100%). Álcool: 12%. Preço Médio: R$9,90. Adquirido em/de: Rei dos Whiskies.
No visual, amarelo dourado intenso. Ao olfato, curioso toque de fortificação (aparentado a um Porto branco). Notas cítricas, flores brancas. Ao paladar, um vinho de excelente corpo e, na definição do confrade Alexandre Furniel, “um vinho gastronômico”. Frutas brancas (pêra e pêssego) no retrogosto. Excelente relação custo x benefício.
Nota do comentarista: 88,5
Média do grupo: 86,5

 

 

 

11. Bolla Soave Classico 2005 (Itália – Veneto). Uvas: Garganega (predominante). Álcool: 12,5%. Preço Médio: R$34,90. Adquirido em/de: Carrefour.
Coloração dourada bastante evoluída. Interessante nariz amendoado, com ligieiro toque floral e notas doces. Pleno de boca, elegante, boa concentração. Acidez bastante agradável, e final prolongado. Detalhe interessante: o contra-rótulo exalta a parte artística do rótulo (além do marketing), não apresentando nenhuma informação sobre o vinho.
Nota do comentarista: 84
Média do grupo: 84

Ao final da degustação, os campeões foram os seguintes vinhos:

1º Château Ksara Blanc de Blancs 2004
2º Basa 2004
3º Trapiche Torrontés 2006 (no desempate com o Cave de Tain l’Hermitage Marsanne Blanc 2003)

Foi uma grata surpresa termos um vinho libanês em primeiro lugar, ombreando com belíssimos exemplares do Novo Mundo e do Velho Mundo, em uma degustação marcada sobretudo pela diversidade.

Para encerrar os trabalhos, a Vittoria Pastas e Risottos nos brindou com um menu de altíssimo nível, completamente harmonizado com a proposta da degustação.

Como entrada, apreciamos um carpaccio de meca (peixe de água salgada) finíssimo, ao molho de mostarda, limão, alcaparras e azeite extra-virgem, acompanhado por uma salada de rúcula e alface. Uma das combinações de sabores mais ricas que já tive oportunidade de apreciar.

O prato principal escolhido pela maioria dos confrades foi um linguado recheado com salmão, acompanhado por um risoto de alcachofra. Um prato gastronomicamente perfeito, com grande contraste de paladares, que se harmonizou muito bem principalmente com os três vinhos campeões da degustação. Destaque para o Trapiche Torrontés 2006, cujo amargor foi neutralizado pelos componentes do prato.

Para encerrar, a sobremesa servida foi um crêpe de sorvete de creme com calda de maracujá. Seguramente uma sobremesa que recomendo a todos! Deliciosa!

Parabéns mais uma vez à Vittoria Pastas e Risottos pelo excelente serviço do vinho e pela altíssima qualidade culinária dos pratos!

Texto de autoria de André Schmid

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