Recentemente tivemos a oportunidade de provar dois vinhos franceses dignos de nota: o primeiro o Chateau Lynch-Bages Grand Cru Classé Pauillac 2004 (13% álcool) e o segundo o Château Brane-Cantenac Grand Cru Classé Margaux 2003 (13% álcool). No contra-rótulo uma informação importante e não muito comum: a indicação das uvas, 65% Cabernet Sauvignon, 30% Merlot e 5% Cabernet Franc. Ambos são vinho originários do Médoc francês.
O primeiro é um “Cinquième Cru” e o segundo um “Deuxième Cru Grand Cru Classé de Bordeaux – classificação de 1855”.
Sobre essa região, Agnaldo Záckia Albert com a clareza de sempre explica que “No dialeto local, Médoc significa “terra do meio”, por estar situada entre o oceano Atlântico e o estuário Girondino e é uma faixa de terra que se estende do norte da cidade de Bordeaux até quase a foz do rio, espremida pela floresta de Landes ao sul e pelas áreas pantanosas da costa. O próprio Médoc já foi pantanoso até ter sido drenado de acordo com as técnicas holandesas trazidas por mercadores, no século XVII. Só a partir de então começou a produção de vinho – felizmente”. Ao discorrer sobre Pauillac, o mesmo Agnaldo esclarece que “Uma das mais nobres áreas vinícolas da França, Pauillac, concentra três dos cinco grandes de Médoc e Graves: Château Lafite e Mouton-Rothschild, mais ao norte, e Latour, na fronteira com Saint-Julien. Mais do que muitos grandes representantes, para muitos, o Pauillac concentra os Médocs arquetípicos. Complexos, vigorosos e concentrados, expressão máxima da Cabernet Sauvignon, os vinhos de Pauillac atingem preços estratosféricos, estando alguns deuxièmes crus e até inferiores no mesmo patamar de qualidade atualmente que seus superiores na classificação de 1855.” Sobre Margaux assinala que: “Rivaliza com Pauillac como sendo a região de maior prestígio do Médoc. Em seus 1300 hectares de vinhedos, onde a uva Cabernet Sauvignon predomina, produzem-se vinhos de grande elegância. O mais famoso é o Château Margaux, “premier cru classé” que é uma verdadeira lenda. Elegância e delicadeza são as marcas registradas dos bons vinhos daqui. Outros produtores: Ch. Brane-Cantenac (2ème cru), etc..”
Degustação
Château Lynch-Bages Pauillac 2004 – 5ème cru – Preço: R$ 482,90 (Mistral) – RP89/100 pts. e WS93/100 pts. – vermelho rubi violáceo intenso e profundo sem halo de evolução. Nariz medianamente intenso com predomínio de frutas negras, especiarias (noz moscada), madeira de ótima qualidade e um leve toque defumado e de licor de cassis. Boca densa, extremamente macia, de taninos numerosos e aveludados (presentes), alguma mineralidade, ótima acidez, longo e persistente. Termina como começou: sedoso e sem arestas. Se hoje já agrada, tem longa vinda pela frente com excelentes perspectivas de evolução na garrafa. Avaliação: 91/100 pts.++
Château Brane-Cantenac Margaux 2003 – 2ème cru – Preço: R$ 350,00 (World Wine) – RP90-93 e WS90 – vermelho rubi violáceo intenso, profundo, quase retinto. Nariz intenso e muito aromático com notas de licor de cassis, chocolate, abundância de frutas negras como ameixas, amoras e groselhas e com um discreto toque floral (violetas). Boca densa, profunda, de taninos vigorosos, doces e finíssimos contrabalançados por excelente acidez. Vinho firme, estruturado, excelente equilíbrio no tripé álcool, taninos e acidez. Um autêntico Margaux potente e ao mesmo tempo elegante e que começa a mostrar porque tem longa vida pela frente porque é um autêntico vinho de guarda. Avaliação: 92/100 pts.++
EU ainda prefiro o Château Lynch-Bages. no meu blog inclui um vídeo de Jean-Michel Cazes, o proprietário de Lynch-Bages e nele podemos entender porque é tão especial o produto desta empresa.
Abraços
Paulo
http://nossovinho.com
Paulo,
De fato, nas palavras de Hugh Johnson (Guia de Vinhos 2008) o Château Lynch-Bages é um vinho candidato à magnificência, todavia, nesta “peleja” o Brane-Cantenac se saiu melhor, porque mostrou melhor concentração de sabor, estrutura e profundidade. Contudo, para te ser sincero, são vinhos de longa guarda que demandam um bom tempo para mostrar todas as suas inúmeras e exemplares qualidades.
Nada impede que daqui alguns anos essa situação seja revertida porque o Lynch-Bages estava fechado, talvez até no período de dormência que somente os grandes vinhos passam.
Parabéns pelo blog, eclético, bem distribuído e um dos mais bonitos da Confraria dos Enoblogs. Também achei interessante o seu artigo “Como aumentar a audiência de seu blog”.
Não localizei o vídeo do proprietário do Lynch-Bages, em que mês vc o lançou?
Parabéns e abraço
Jeriel