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Joseph Drouhin Chablis 2006, Pio Cesare Barbaresco Il Bricco 2003 e Neblus 2002

Neste fim de semana prolongado tive a oportunidade de experimentar três vinhos exemplares. Dois do Velho Mundo e um do Novo Mundo. Resultado: nenhuma decepção e um deles se revelou um verdadeiro canhão no jargão dos enófilos…

O primeiro vinho é um Chablis 2006: Joseph Drouhin
Hugh Johnson anota em seu “Guia de Vinhos”, edição 2008 que: “Joseph Drouhin é um produtor merecidamente prestigioso” De fato, essa afirmação é verdadeira, ainda mais se provarmos um de seus vinhos de entrada o “Joseph Drouhin Chablis 2006”.  De cor amarelo palha com reflexos ligeiramente esverdeados, no olfato sua paleta aromática se destaca pelas sugestões frutadas, nas quais se destacam pêssegos, abacaxi e uma pontinha de maçã verde. A boca limpa e frutada subscreve integralmente o olfato com elegante mineralidade e frescor num corpo médio que termina sem amargor e no qual a acidez delicada se destaca e o álcool (12,5%) não desequilibra o conjunto. Faltou um pouquinho mais de concentração de sabor, todavia, é um vinho que esbanja tipicidade e que tem na consistência de sua qualidade a sua maior virtude.
Avaliação: 88/100 pts.
Preço: US$ 67,90
Importadora Mistral

O segundo é um Barbaresco: Pio Cesare Il Bricco DOCG 2003
A região do Piemonte fica no noroeste italiano e se notabiliza por produzir três dos vinhos mais representativos do que esse país pode produzir de melhor: Barolo, Barbaresco e Barbera, nesta ordem de importância. O primeiro é bastante conhecido pelo epíteto “Vinho dos Reis e Rei dos Vinhos”, o segundo é conhecido como “Príncipe” ou “Primo” ou até “Irmão do Barolo”, porque apesar de ser tão nobre quanto o primeiro, tem menos estrutura, menos longevidade, os taninos são  mais suaves, a fruta é mais intensa, fatores que recebem influência do vinicultor e do terroir. Por isso, os melhores exemplares são tão concentrados, estruturados e potentes como os Barolos  e alguns Barbarescos conseguem superar em qualidade Barolos mais baratos. Os Barberas serão abordados noutra oportunidade. O vinho escolhido foi um Barbaresco que se não é o melhor, certamente figura dentre os melhores da safra 2003.

Pio Cesare é um produtor tradicional de Barolos e Barbarescos de Alba, no Piemonte, região que produz, em profusão, vinhos que são verdadeiros expoentes da enologia italiana. O Barbaresco Il Bricco DOCG 2003 não foge desse padrão, ao contrário, é um dos melhores Barbarescos italianos. Para tanto basta conferir as elevadas pontuações que já recebeu de Robert Parker (90/100 pts.) e 92/100 pts. da Wine Spectator, conforme informa o portal de seu importador oficial no Brasil, Decanter.

Degustação
Cor rubi granada de média concentração com reflexos alaranjados com discreto halo de evolução. Nariz complexo com notas lácteas, madeira de excelente qualidade, sugestões de chocolate, especiarias (cravo), frutas secas, musgo e um toque floral a lembrar violetas. Boca de entrada bem estruturada, taninos finíssimos (ainda muito jovens), robustos e ligeiramente adocicados. Álcool generoso (14%) absolutamente integrado com os demais elementos (álcool, taninos e acidez). Quanto a esse último elemento cabe um comentário adicional: neste importante quesito levou nota máxima porque ao lado dos taninos poderosos e do álcool elevado a sua acidez salivante contribuiu para o seu perfeito equilíbrio gustativo, porque consegue ser ao mesmo tempo austero, aveludado e guloso. Vinho gastronômico por excelência, cresceu ainda mais acompanhado de pernil de cordeiro assado. Untuoso e de longa vida (5/15 anos a depender da conservação), uma garrafa só não basta: é melhor reunir os amigos e comprar no mínimo duas garrafas para ser degustado/bebido à vontade, acompanhado de ótima comida, porque se trata de um vinho sublime, sem arestas, de características excepcionais, quase perfeito, para grandes comemorações, porque seu preço não permite que seja degustado a toda hora….

Avaliação: 93/100++
Preço: R$ 341,55
Importadora Decanter

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O terceiro é um chileno: Neblus Casablanca 2002
No começo dos anos 90 a chilena Viña Casablanca teve um papel importante no surgimento do vale homônimo. Quando pouquíssimos brancos nasciam nesta zona, ela mostrou alguns sauvignons e chardonnays como nunca antes haviam sido produzidos no Chile.  Hoje a dimensão adquirida por alguns projetos parecer ter eclipsado essa vinícola que atualmente possui um portfólio enxuto, com brancos e tintos de perfil atual  produzidos no frio Vale de Casablanca. É uma fonte confiável de qualidade e seus brancos nascidos no clássico vinhedo Santa Isabel de Casablanca, se destacam por seu frescor e caráter. Todavia, aqui não vamos falar de brancos, mas sim de um tinto que já tive duas oportunidades de provar: a primeira delas em fevereiro de 2007 na própria vinícola e a segunda na ABS-SP na noite de 06.08.08. Trata-se do Neblus Valle de Casablanca 2002, assemblage de Cabernet Sauvignon (70%), Carménère (20%) e Merlot (10%). Um vinho tinto de clima frio, eis que as uvas são originárias do Vale de Casablanca, importante vale chileno que se destaca no cultivo das brancas e da Pinot Noir.

Degustação. Na taça o Neblus 2002 apresentou cor rubi violáceo intenso e profundo sem halo de evolução. Exibiu aromas de frutas negras, toques defumados, caça, uma leve nota mentolada secundada por toques tostados. Boca no mesmo diapasão, estruturada e de taninos ainda vivos, rugosos e de boa textura. A fruta ainda está presente (ameixas e amoras) e dá para perceber que a madeira está bem entrosada com a fruta e com o álcool (13,5%). Intenso, profundo, equilibrado e de boa acidez, é um vinho que mostra o potencial dessa região para tintos de clima frio, os quais privilegiam a elegância em detrimento da potência.  Aliás, é um dos raros exemplares que alia potência à elegância com bastante equilíbrio. Para ser bebido até 2012.

Avaliação: 90/100 pts.
Preço: R$ 179,00
Importador Casa Flora

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0 thoughts on “Joseph Drouhin Chablis 2006, Pio Cesare Barbaresco Il Bricco 2003 e Neblus 2002”

  1. Olá Jeriel,
    Parabéns pelo blog. Me agradou muito o padrão adotado para expor as informações sobre o vinhos. Gostei tanbém da lista dos vinhos degustados: Novo Mundo, Velho Mundo, simples, tops, brancos, tintos, espumantes…
    Obrigado pela visita lá no Gourmandise.
    Um abraço,
    Marcel

    1. Marcel,

      Obrigado pelo incentivo. Já conhecia o seu blog faz tempo e a linha adotada é bastante original. Fique atento por que em breve vou comentar alguns vinhos nacionais interessantes.

      abraço

      Jeriel

  2. Salve, Jeriel.

    Sigo o Gourmandise — e agora acompanharei o seu também.

    Concordo com o comentário do Marcel: o blog está ótimo, parabéns.

    Abraço

    1. Bronzatto,

      Vc é um dos degustadores mais competentes que conheço e o simples fato de visitar este blog aumenta a minha responsabilidade. Aqui pretendo escrever sobre vinhos de diversas categorias, desde os de importação própria de alguns supermercados e pequenas importadoras até os grandes vinhos do Novo e do Velho Mundo que tiver oportunidade de provar.

      Obrigado pela manifestação e forte abraço

      Jeriel

    1. Raul,

      Muito antes deste blog acompanhava o seu porque sempre foi bem organizado e os temas escolhidos “um prato cheio” para os amantes da enogastronomia. É importante que você mantenha-o atualizado para que possamos trocar impressões e informações.

      Forte abraço

      Jeriel

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