A reunião foi realizada no sábado, 23 de maio de 2009, no Restaurante “Santa Gula  – Arte e Gastronomia”, Rua Fidalga, 340 fundos – Vila Madalena – São Paulo SP – tel 3812 7815, com a presença dos confrades Jeriel, Glauber, Alexandre Furniel,  HK, José Luiz e Lucas Garaldi. 

 

Para chegar ao restaurante, percorre-se um longo corredor ornamentado por bananeiras. As mesas distribuem-se pelas salas dessa antiga casa de fundos. Todo o mobiliário, assim como peças de decoração e até copos, está à venda. O cardápio segue a linha moderna. Foi preparado um menu especial denominado “Menu Confraria” constituído de couvert (pães, torradas, lascas crocantes e patês, tudo fresquinho), entradas (quatro opções: casquinha de siri, saladas de tomates marinados, folhas e lascas quebradas, bolinho crispy de batata e caldinho de feijão), prato principal (escondidinho de carne seca – uma das especialidades da casa) e sobremesa: cesta de frutas vermelhas com mousse de tapioca, frutas da estação e brownie com sorvete de canela.

 

Merecem menção especial o atendimento e a recepção atenciosa do Santa Gula na pessoa de sua sócia-proprietária, do Gerente  e o impecável serviço do vinho desempenhado pelo garçom, eis que tudo transcorreu com tranquilidade, sem os habituais atropelos, confusões, serviço que pode ser considerado superior ao de algumas casas já habituadas em receber confrarias porque os vinhos foram servidos rigorosamente na ordem, na temperatura de serviço e sem necessidade de orientações constantes.

 

Assim, a conclusão é de que o Santa Gula se constituiu numa agradável surpresa porque se mostrou uma opção viável para reunião de confrarias de vinhos, porque além do preço razoável (é só combinar com a Dani: dani.chamecki@uol.com.br ou Alan: alan.santagula@uol.com.br) para esse tipo de evento, não houve a cobrança de rolha, prática comum em diversos estabelecimentos e tanto o serviço do vinho como a comida são dignos de reconhecimento. 

 

Sem mais delongas, vamos à classificação geral dos cabernets numa degustação bastante equilibrada a demonstrar o elevado nível de qualidade atingido pelos cabernets argentinos, que enfrentaram com valentia os chilenos que mais uma vez se sagraram vitoriosos, corroborando a assertiva de que a principal casta do país andino é mesmo a cabernet sauvignon. Já no país platino ela também tem importância porque desempenha o papel de principal parceira da malbec.

 

Por fim, destaco que apenas uma amostra estava bouchonée (Montes Reserva 2004) e as demais estavam em ótimo estado de conservação e exigiram bastante atenção dos degustadores, todos experientes e com boa litragem.

 

O Pódio:

1º. lugar – Marques de Casa Concha Cabernet Sauvignon 2004 – Vale do Maipo/Puente Alto – 14,5% álcool – Importador: Expand – Preço – R$ 78,00 (safra 2006) –  Rubi violáceo intenso e profundo com leve halo de evolução. Nariz intenso, com madeira nobre, tostado, cassis, frutas negras (ameixas) e leve mentol. Mostrou boa sustentação e depois de algum tempo apresentou traço aromático típico dos vinhos do Maipo, com muita compota (goiabada). Intenso e profundo na boca, taninos em profusão (ótima qualidade), acidez balanceada, termina do mesmo jeito que começou: suave, elegante e  com a mesma nota de fruta em compota (goiabada) apresentada no olfato. Boa relação preço-qualidade e muito boa tipicidade.  Vinho pronto e na sua melhor forma. Estruturado, ainda tem cinco anos de vida pela frente. Nota: 90/100 pts. +

 

2º. lugar – Errazuriz Estate Reserva Cabernet Sauvignon 2001 – Vale de Aconcágua – 14% álcool  – Importador atual: Vinci Vinhos – Preço R$ 43,14 (safra 2007) – Rubi violáceo intenso e profundo com pequeno halo granada. Nariz frutado com ameixas e framboesa em evidência e um discreto toque de evolução. Notas mentoladas. Boca macia, aveludada, taninos polidos, intenso, profundo com toque de pimenta e chocolate. Vinho de perfeito equilíbrio do tripé álcool, taninos e acidez. Boa fruta sobre um discreto fundo de chocolate. Longo, termina suave e com boa persistência. Beber já. Ótima relação preço-qualidade. Nota: 89/100 pts.

 

3º. lugar – Terrazas de Los Andes Perdriel Vineyards Cabernet Sauvignon Reserva 2002  – 13,5% de álcool – Importador: Chandon do Brasil – Preço R$ 80 (preço médio – safra 2006) – Rubi violáceo intenso e profundo sem halo de evolução. Nariz complexo com notas tostadas, cassis, groselha, chocolate e tabaco. Boca espessa com leve rugosidade, madeira por sobre a fruta presença, acidez adequada e grande profundidade gustativa. Os taninos ainda presentes e a ligeira aspereza no fim de boca indicam que mais algum tempo de garrafa lhe fará muito bem porque foi produzido com uvas de safra considerada exemplar na Argentina. Nota: 88,5/100 pts. +

 

Os demais:

 

4º. lugar – Lavaque Partida Limitada Cabernet Sauvignon 2001 – Mendoza- 13% álcool – Imp: Rede Sonae – Preço: R$ 15,99 (Supermercado Big – 26.08.2004) – Importador atual: Casa dos Vinhos – BH (safra atual 2005 por R$ 23,50) – Rubi violáceo com pequeno halo de evolução. Nariz com predomínio de notas vegetais sobre um fundo discretamente frutado. Melhor na boca: boa densidade, maciez, corpo bom, leve toque picante, taninos finos de qualidade muito boa a sinalizar algum cansaço e final com equilíbrio entre madeira e fruta. Tido como azarão da degustação (a safra não foi das melhores), destacou-se por sua tipicidade e equilíbrio gustativo. Beber já. Ótima relação preço-qualidade. O difícil é encontrá-lo no mercado…Nota:  87/100 pts. 

 

5º. lugar – Cocodrilo de Cobos Cabernet Sauvignon 2002 – Mendoza – 14,4% álcool –  Importador: Grand Cru – Preço – R$ 58,00 (atual Felino 2007 por R$ 70,00) – Rubi violáceo intenso, profundo com halo de evolução e reflexos granadas. Nariz unidimensional com leve vinagrinho que depois cedeu para mentolado. Boca superior ao nariz com notas de frutas negras e leve eucalipto. Potente, seus taninos são macios e estão no melhor ponto de evolução. Acidez baixa. Curto na boca. Ttermina com uma leve nota química. Beber já. Nota: 86,5/100 pts. 

 

6º. lugar – Famiglia Bianchi Cabernet Sauvignon 2004 – San Rafael/Mendoza- 14,8% álcool – Importado por Aurora Bebidas e Alimentos Finos. Importador atual Mr. Man Ltda. – Preço – R$ 39,80 (safra atual 2006) – Rubi violáceo de média profundidade com leve halo de evolução. Nariz expressivo com frutas vermelhas, cassis e pimenta. Boa tipicidade. Boca macia, curta (falta-lhe estrutura), taninos finos, boa concentração de sabor e acidez compatível. Termina suave e sem arestas.  Recebeu 90/100 pts. da WS.  Ainda agüenta um ano na garrafa. Nota: 86/100 pts. +

 

7º. lugar – Winemakers Lot Cabernet Sauvignon 2002Viñedo La Protectora – Vale do Maipo – 13,5% álcool – Importador: Expand – Preço – R$ 68,00 (safra atual 2005) – Rubi violáceo intenso e profundo com nítido halo de evolução. Nariz de pouca expressão a indicar um vinho de baixo frescor com discretas sugestões mentoladas e alguma fruta preta. Boca rigorosamente no ponto, taninos gentis, boa fruta e acidez discreta. Termina sem aspereza e sem amargor. Apresentou baixa persistência olfativa e deve ser bebido já porque não vai evoluir. A safra não é considerada das melhores no Chile…mas o vinho não é dos piores, porque não costuma decepcionar. Nota: 85/100 pts.

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0 thoughts on “Esvaziando a Adega – 9ª. Edição – Cabernet Sauvignon: Argentina x Chile”

  1. Jeriel,

    assino embaixo de todos os comentários a respeito do Santa Gula.
    Detalhe ; está faltando a safra do Winemakers Lot, que pela minha anotação era 2002.
    abraço,
    Glauber

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