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A Espanha possui uma forte tradição histórica na produção de vinhos e atualmente é o país com maior área plantada com vinhedos no mundo. Seu modelo de classificação segue o modelo adotado pela União Européia, com quatro classificações principais: DOC (Denominación de Origen Calificada, DO (Denominación de Origen), Vino de la Tierra e Vino de Mesa. Para os DOC e para os DO, os termos Crianza, Reserva e Gran Reserva são muito importantes porque contam com proteção legal. Esses termos referem-se a vinhos de qualidade superior, que estagiaram em madeira e que foram submetidos a envelhecimento nas caves antes de irem para o mercado. Esse tempo varia de seis meses a cinco anos. As principais uvas cultivadas são a Tempranillo, Garnacha, Cariñena e Graciano.

 

Contudo, existe uma região produtora que foge desses padrões e que fica no nordeste da Espanha e que integra a Catalunha, que como sabemos possui forte espírito independente. Essa região é o Priorato, que apesar de ser uma das menores passa a ter muita relevância por causa de sua reputação. Lá, cepas internacionais como Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah e até Pinot Noir pontificam e são cultivadas ao lado de vinhedos centenários de Garnacha e Cariñena.

 

O relevo acidentado dificulta a mecanização e os vinhedos estão plantados em terraços que serpenteiam as íngremes encostas a 700 metros de altitude, sobre solo de base xistosa denominado licorella, que proporciona excelente drenagem para as videiras e que também se caracteriza por contribuir no forte acento mineral no gosto de seus vinhos.

 

Nesse contexto, Clos Figueras é um dos mais importantes produtores da região porque recebeu reconhecimento internacional através das elevadas pontuações de Robert Parker e da Wine Spectator. É um projeto do dinâmico René Barbier (enólogo do Clos Mogador) em parceria com Cristopher Cannan (proprietário das Bodegas Lauronas). O primeiro vinho da Clos Figueras é o Clos Figueres, vinho emblemático e o segundo é Font de La Figuera, que tem estilo que revela toda tipicidade dos vinhos dessa região. O primeiro é um corte de Garnacha, Cariñena, Syrah e Pinot Noir e o segundo tem 60% de Grenache, 10% de Carignan e 30% de Syrah, Mourvédre e Cabernet Sauvignon.

 

O vinho escolhido é o Font de La Figuera, safra 2002, que recebeu 89/100 pts. de Robert Parker  com a seguinte descrição: “ Wine Advocate 159, 01/06/2005. The 2002 Font de la Figuera (the estate’s second wine) exhibits a dark ruby/purple color along with a sweet nose of blue and blackberries, spicy oak, and crushed rocks. Its texture, purity, and length suggest it should be consumed over the next 4-5 years”.  Destaco que também recebeu 90/100 pts. da WS.

Degustação

Font de la Figuera Priorat DOC 2002 – Preço: US$ 59,75 (época da aquisição) – Importadora Mistral – cor rubi violáceo com alguma profundidade e pequeno halo de evolução. Nariz com madeira em profusão. Depois de algum tempo cedeu espaço para notas de especiarias como cravo e canela sobre um fundo adocicado e um leve toque mineral com ótima sustentação na taça. Boca concentrada no qual uma forte mineralidade quase salina contrasta firmemente com os aromas adocicados apresentados no olfato. Taninos adstringentes e secantes inundam o palato causando uma forte sensação de secura que tripudia sobre a fruta. O álcool elevado e a acidez salivante contribuem para formar um conjunto potente e austero que requer um prato da cozinha regional para aparar essas arestas. Um vinho de personalidade e de alma catalã que demanda mais alguns anos na garrafa para o perfeito entrosamento de seus elementos. Ainda assim é uma boa pedida para quem quer conhecer os vinhos dessa intrigante região produtora espanhola. Avaliação: 87/100 pts.+     

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