A reunião foi realizada no sábado, 25 de julho de 2009, no Restaurante “Bem Virá” (tel. 11 3721-1124), restaurante de concepção arquitetônica rústica encravado no complexo gastronômico denominado “Vila do Jardineiro(Av. Eliseu de Almeida, 1077 – Butantã – São Paulo SP – tel 3721 1124), com a presença dos confrades Clóvis Pavan, Paulo Guerra, Romeu Mattos Leite, José Luiz e Lucas Garaldi.  Merecem menção especial o atendimento e a recepção de ótimo nível proporcionados pelo Bem Virá na pessoa de um de seus proprietários Alexandre Milton Mora e o impecável serviço do vinho desempenhado pelo competente garçom Antonio Araújo Martins, porque tudo transcorreu com serenidade, sem os habituais atropelos, confusões, serviço superior ao de algumas casas já habituadas em receber confrarias porque os vinhos foram servidos rigorosamente na ordem pré-estabelecida, na temperatura de serviço e sem necessidade de orientações constantes.

Abaixo, cito transcrição do Correio Gourmand sobre o restaurante escolhido.

 

BEM VIRÁ – a mais saborosa novidade da Vila do Jardineiro

A charmosa e original Vila do Jardineiro tem, a partir de 22 de julho de 2009, mais uma deliciosa novidade – o BEM VIRÁ, restaurante de cozinha variada, que oferece um apetitoso Buffet Gastronômico com jeito caseiro e  inúmeras opções.

 Instalado logo na entrada da casa, numa área com fogão a lenha que lembra uma cozinha do interior, o Buffet Gastronômico do BEM VIRÁ é repleto de iguarias como saladas fresquinhas, tortas e quiches, massas, carnes, peixes, aves e guarnições incrementadas.  Leitão a Pururuca, Moqueca de Peixe, Filet Mignon Assado ao Molho de Vinho, Frango Grelhado com Ervas Finas, Pernil Assado na Laranja, Lasanha Tradicional e Paella são alguns dos pratos oferecidos. Ao todo, são 12 opções de pratos frios, 12 de pratos quentes e 9 sobremesas, como Pavê de Chocolate, Merengue de Morango e Mousse de Maracujá, que variam diariamente. Tudo isso, a R$ 25,90 por pessoa.

Bonito, amplo, confortável, com um serviço eficiente e atencioso a preço excelente, o BEM VIRÁ vai agradar aos que gostam da mesa farta, variada e saborosa. O salão comporta 85 lugares, tem pé direito alto e teto de sapé. Todo envidraçado e cercado de verdes folhagens é um local aprazível porque as mesas são bem distribuídas e distanciadas uma das outras.

 

Por fim, o Restaurante Bem Virá é o lugar ideal para reunião de confrarias de vinhos, porque além do preço honesto (apenas R$ 25,90 com direito a sobremesa) para esse tipo de evento, não há cobrança de rolha, prática comum de diversos estabelecimentos e tanto o serviço do vinho como a comida são dignos de reconhecimento. 

Nas verticais, como em qualquer degustação o serviço do vinho é fundamental
Nas verticais, como em qualquer degustação o serviço do vinho é fundamental

Degustações Verticais: conceito.

 

A resposta vem da Revista Menu de julho de 2009:O vinho é a bebida alcoólica que mais nuance de aromas, sabores e estilos apresenta a cada safra. Por mais que a tecnologia, principalmente dos países do chamado Novo Mundo vinícola, consiga reduzir, e muito, as variações entre as safras, nunca um ano é igual ao outro. O clima, em anos com mais chuva, em outros com mais sol, é o principal responsável por estas mudanças – em 2003, de verão quentíssimo na Europa por exemplo, resultou em brancos e tinos alcoólicos, mais prontos para beber quando jovens e muitos com menor capacidade de envelhecimento. Mas há outros fatores como o estilo que o enólogo quer dar à bebida naquela safra, o envelhecimento do vinhedo, cada vez mais velho e com uvas mais concentradas, e o amadurecimento do vinho, agora na garrafa. Todas estas questões se revelam numa degustação vertical – quando diversas safras de um mesmo vinho são provadas na seqüência”. 

Para tanto, escolhemos três vinhos que são representativos de seus terroirs de origem, um deles de preço acessível – menos do que R$ 20,00 – e outros dois na casa dos R$ 40 ou cerca de US$ 20,00 – os quais ostentam passagem por carvalho. O primeiro vinho – o chileno Ventisquero Tantehue Cabernet Sauvignon, foi escolhido porque é produzido com uma cepa que reconhecidamente produz caldos aptos ao envelhecimento. O mesmo raciocínio se aplica aos outros dois vinhos escolhidos – o argentino Catena e o chileno Santa Helena Selección del Directório, respectivamente com 12 meses de passagem por madeira e 10 meses o segundo.

 

No caso do primeiro vinho escolhido, cuja ficha técnica não está disponível no portal do importador/produtor (não dá para saber se passa ou não por madeira) o resultado da degustação foi bastante claro: quanto mais novo, mais redondo e frutado; quanto mais velho, menos complexo e interessante. O motivo é simples. Por ser um dos produtos básicos do produtor, é do tipo de vinho que Hugh Johnson classificaria com um bmj – beber o mais jovem possível porque não tem aptidão de envelhecer. 

Quanto aos outros vinhos, o resultado de certa forma foi inusitado, porque o melhor Catena amargou apenas a quarta colocação. Mas há um dado importante. Dois Catenas (2003 e 2004 – RP e WS 90/100 pts.) foram comprados na “ponta de estoque” e então a comparação envolveu dois vinhos de procedências diversas.

Ventisquero Tantehue
Ventisquero Tantehue

 

Primeira Vertical:

 

1º. Lugar – Ventisquero Tantehue  Cabernet Sauvignon 2007 – Vale Central – 13% álcool Cor rubi violáceo brilhante com reflexos levemente púrpuras. Nariz intenso com predomínio de frutas vermelhas maduras a lembrar geléia de framboesa/amora. Girando a taça sugestões de ameixas e licor de cassis sobre um fundo mentolado. Apesar de elevado (13%), o álcool está bem entrosado com os demais elementos e o conjunto é equilibrado. Na boca a sua entrada revela um vinho pronto, de taninos macios, doces, fácil de beber e de acidez dentro do aceitável. Curto, de agradável concentração de sabor e com boa fruta, termina como começou: sem arestas, sem adstringência e doce sem ser enjoativo. Retrogosto vegetal com alguma persistência. Agüenta mais um ano na garrafa com folga.

Nota: 87/100 – Importador: Cantú – Preço – R$ 16,90 (Carrefour)

 

2º. Lugar – Ventisquero Tantehue Cabernet Sauvignon 2005 – Vale Central – 13% álcool – Descrição semelhante à do vinho anterior, com pequeno halo de evolução e na boca seus taninos macios e doces dão o tom. Está no auge e sua persistência gustativa é menor do que o anterior (2007). Beber já.

Nota 86/100 pts. Importador: Cantú – Preço R$ 13,90 (Makro – 12/2007)

 

3º. Lugar – Ventisquero Tantehue Cabernet Sauvignon 2004 – Vale Central – 12,9% álcool – Rubi violáceo com halo de evolução. Nariz fechado levemente herbáceo. Boca com leve rugosidade, simples e com pouca presença de fruta. Já dá sinais de cansaço, mas ainda é  palatável.

Nota 84/100 pts.  Imp.: Cantú – Preço – R$ 13,90 (Makro – 12/2007)

 

 

4º. Lugar – Ventisquero Tantehue Cabernet Sauvignon 2002 – Vale Central – 12,9% álcool – Rubi com reflexo granada. Nariz sem expressão olfativa, apenas uma nota herbácea. Boca rala com predomínio da acidez. Fruta escassa. Seu auge já passou, mas se for acompanhado de comida poderá melhorar seu desempenho. Já foi apontado como OCÓtima Compra pelo Guia de Vinhos da Revista Gula que circulou no começo do segundo semestre de 2005 com a seguinte descrição: “Da linha básica da casa seus aromas lembram fruta e goiaba. Na boca, preserva a fruta e é equilibrado”.

Nota 82/100  pts.      Imp.: Cantú – Preço – n/c

 

Santa Helena Seleccion Del Directório X Catena
Santa Helena Seleccion Del Directório X Catena

 

Segunda Vertical de cabernets: confronto Argentina x Chile

Aqui o confronto se deu entre dois gigantes de vendas e de qualidade. De um lado, o Catena (Mistral) de rótulo branco, popularmente conhecido por “Cateninha” e de outro o Santa Helena Selección del Directório, um vinho que pode ser encontrado em qualquer  grande rede de supermercado. Sua importação é da Interfood. Ambos custam pouco mais do que R$ 50 (R$ 48,45 o Catena – promoção e R$ 41,37 o Santa Helena – preços sugeridos pelos importadores).

 

Destaco que os Catenas das safras 2003 e 2004 foram adquiridos na “Ponta de Estoque” da importadora e o 2005 foi comprado normalmente no fim de 2008. A safra atual é a 2006 para o Catena e 2007 o Santa Helena. Os vinhos Santa Helena 2003, 04 e 05 foram adquiridos respectivamente: no Chile, Makro e Supermercado Pão de Açúcar. Todos, desde a aquisição, foram conservados na adega climatizada. A única informação relevante que não consta é o preço de aquisição.

O resultado de certa forma foi surpreendente, porque o Catena que reconhecidamente é um dos melhores cabernets argentinos na sua faixa de preço apanhou dos cabernets chilenos nos três embates. Registre-se, neste passo, que a degustação ocorreu completamente às cegas e que o melhor argentino, o Catena 2005, ficou meio ponto atrás do pior chileno, o Selección del Directório 2005, que apesar de ser originário de safra ímpar (apontadas no Chile como superiores), teve seu desempenho um pouco melhor do que o obtido em 08.11.2007, quando de seu lançamento na SBAV-SP (nota 83/100).

 

Já o Catena da safra 2004, apontado como um dos favoritos da “peleja” por ter aquinhoado 90/100 pts. de Robert Parker e da Wine Spectator (informação do portal do importador), amargou o penúltimo lugar. Será algum problema de conservação da garrafa?  O que pode ser assegurado é que desde a aquisição (nov/08 e jan/09) até a realização da degustação é que as garrafas estavam corretamente acondicionadas dentro da adega climatizada.  Sem mais delongas seguem os resultados:

 

6º. Lugar – Catena Cabernet Sauvignon 2003Mendoza -14% álcool – preço: R$ 43,06 (Ponta de Estoque – 29.01.2009)- Rubi violáceo com halo granada. Nariz fechado com uma discreta nota vegetal. Boca de taninos duros, secantes, corpo adequado, acidez elevada, madeira tripudiando a fruta e nítido descompasso do tripé álcool, acidez e taninos. Alguma tipicidade. Deve ser bebido já porque não apresenta condições de evolução na garrafa. Termina aspero e deve melhorar com comida. Nota 83,5/100 pts. 

 

5º. Lugar – Catena Cabernet Sauvignon 2004Mendoza – 14% álcool –preço: R$ 43,06 (Ponta de Estoque – 23.01.2009) – Um pouco menos evoluído do que o anterior e com taninos menos asperos. Acidez boa e discreta presença de fruta com prevalência da madeira. Termina com amargor e apresenta características de cabernet sauvignon (leve nota de pimentão no aroma e no palato). Nota 84/100 pts.  

 

4º. Lugar – Catena Cabernet Sauvignon 2005Mendoza – 14,5% álcool – preço: R$ 57,51 (24.11.2008)

Rubi violáceo intenso sem halo de evolução. Nariz mais aberto do que as amostras anteriores, com sugestões de cassis, pimentão e um discreto herbáceo. Boca que subscreve o nariz com boa concentração de sabores típicos da casta. Tropeçou nos taninos adstringentes, a indicar que mais algum tempo na garrafa poderá lhe fazer bem. À exemplo das amostras anteriores tem bastante madeira, mas aqui a fruta (ameixa) tem algum espaço. Final secante, intenso e longo. Nota 85/100 pts.    

 

3º. Lugar – Santa Helena Selección del Directório Gran Reserva 2005  Vale de Colchágua – 14% álcoolRubi violáceo intenso com algum de evolução. Nariz interessante com notas picantes e de especiarias a denunciar alguma complexidade. Boca macia, com taninos no ponto e alguma concentração de sabor, um pouco abaixo da esperada. Acidez adequada e final com leve adstringência. Não vai melhorar na garrafa, portanto, está num bom momento para ser bebido. Observação: a partir dessa safra passou a ser denominado Gran Reserva. Nota 85,5/100 pts.  

 

2º. Lugar – Santa Helena Selección del Directório Reserva 2003Vale de Colchágua  – 14% álcoolRubi violáceo com levíssimo halo de evolução. Nariz expressivo a indicar um vinho de bom frescor, frutado (ameixa/framboesa), madeira nobre (cedro) e leve sugestão tostada. Depois aromas de compota e mentol. Boca macia, taninos de qualidade muito boa e madeira permitindo bom espaço para fruta. Termina sem aspereza e sem amargor. Beber nos próximos anos. Nota 87/100 pts.+

  

1º. Lugar – Santa Helena Selección del Directório Reserva 2004  – Vale de Colchágua  – 14% álcool – o contra-rótulo informa que: “es um vino tinto seco, perfectamente balanceado, de gran bouquet, cuerpo redondo y una suave permanência. Es ideal acompañar carnes rojas y platôs bien condimentados em general. Debe descorcharse uma hora antes y servir a temperatura ambiente”. Acrescento as seguintes notas à descrição do campeão da peleja: cor rubi violácea com pequeno halo de evolução (inferior aos anteriores), nariz rico e complexo com cassis, chocolate, leve balsâmico e fruta em compota.  Boca delicada, taninos presentes e macios, fruta em profusão com uma leve nota de madeira que não incomoda. Ótima concentração de sabor com alguma profundidade e média intensidade. Retrogosto persistente com uma nota mentolada. Beber ou guardar. Nota 88/100 pts.+  

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