Na noite de 30 de junho último, o diretor editorial de uma revista de grande circulação foi o convidado do ciclo de degustações “O Vinho e seus Prazeres”, organizado pelo Restaurante Rubayat. O tema escolhido foi “Touriga Nacional – uma casta portuguesa com certeza”.

 

Na degustação às cegas foram provados os seguintes vinhos:

 

Quinta da Pellada 2004, Dão, 13% álcool, preço R$ 264,22  Mistral

Quinta dos Carvalhais 2000, Dão, 12,5% álcool, R$ 150,00 – Zahil

Adega Cooperativa de Borba 2006, Alentejo, 13%, R$ 84,90 – Adega Alentejana

Quinta dos Roques 2002, Dão, 13,5%. R$ 167,75 – Decanter

Só Touriga Nacional , Terras do Sado, 14,5%, R$ 110,00 – 

Quinta do Vallado Touriga Nacional 2005, Douro, 13,5%, R$ 178,00 – 

Quinta da Garrida Reserva 2003, Dão, 13,5%, R$ 74,00 – Casa Santa Luzia

Quinta do Serrado Reserva 2003, Dão, 13,5%, entre R$ 120 e 150 – FTP Wines.

  

Interessante notar que a origem da Touriga Nacional é controvertida. O próprio editor esclarece que: “Segundo consta, a uva surgiu no Dão, onde durante muito tempo não era uma cepa que encantava. Faltava elegância e estrutura para os vinhos elaborados com ela. Quando a uva migrou para o Douro – mais enólogos passaram a se dedicar a ela – a Touriga Nacional foi melhorando e conquistando o consumidor. Hoje, é uma das principais uvas do vinho do Porto. Depois do Dão e Douro, a uva foi conquistando outras regiões de Portugal, como a Estremadura e o Alentejo”.

  

Muito bem. O vinho mais votado pelos presentes foi o “Só Touriga Nacional – 2005” das Terras do Sado, região  apontada como o berço da casta Castelão, também conhecida por “Periquita” por conta do vinho homônimo que é bastante popular aqui.  Como sobredito, a Touriga Nacional não é nativa dessa região, porém, o ótimo desempenho desse vinho é prova contundente de que a casta se deu bem praticamente em todas regiões portuguesas.

 

 

Na Revista de Vinhos de setembro de 2008 (228), que teve por tema “Touriga Nacional – A marca de uma grande casta”, cinqüenta amostras foram degustadas e o “Só Touriga Nacional Regional Terras do Sado 2005”, obteve a 35ª. colocação com a seguinte descrição:  “Fruto fechado e concentrado no aroma, com algum floral e pralina, leve e elegante tostado. Na boca revela-se um tinto encorpado e cheio, vigoroso, com taninos irriquietos que pedem sossego em mais algum tempo de garrafa. Nota 16/20”.

  

 

Hoje a sua descrição é a seguinte: “Rubi intenso e profundo, sem halo de evolução. Olfato fino e elegante, notas florais (violetas) e frutadas, com destaque para algum cítrico como mexerica acompanhado de um fundo de geléia de frutas vermelhas (cereja/framboesa) e leve defumado. Boca rica, frutada, muito corpo, taninos firmes, aveludados, ótima acidez, álcool na medida, perfeito equilíbrio do tripé taninos, acidez e álcool, a formar um conjunto sólido que esbanja tipicidade, porque madeira deixa  a  fruta se expressar livremente no palato. Vinho de perfil moderno e que portanto já pode ser degustado. Termina vigoroso e com alguma rugosidade a denunciar que mais alguns anos na garrafa lhe farão muito bem. Ótima aptidão gastronômica. Nota 91/100 ++  

 

  

Por fim, destaco que houve equilíbrio no desempenho dos demais vinhos, ficando a segunda colocação para o Quinta da Pellada Dão 2004 empatado com outro Dão, Quinta dos Carvalhais 2000. Na terceira colocação o alentejano Adega Cooperativa de Borba 2006, da Adega Alentejana (R$ 84,90), seguido respectivamente por Quinta da Garrida Dão Reserva 2003, Quinta do Vallado Douro Touriga Nacional 2005, Quinta dos Roques Dão 2002 e finalmente o Quinta do Serrado Reserva Dão 2003.  

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6 thoughts on “Touriga Nacional – A Rainha Tinta de Portugal”

  1. Não concordo com a colocação do Quinta do Serrado, participei de uma degustação as cegas onde estavam entre outros o Quinta do Serrado e o Só Touriga Nacional e o Quinta do Serrado foi mais bem apreciado que o Só Touriga Nacional. Isso não quer dizer que ele seja melhor, porém ter ficado em último realmente não entendo.
    Talvez tenha faltado decantar o mesmo, ou a garrafa em questão estivesse com algum problema.
    Abraços

    1. Eduardo,

      Infelizmente na votação que houve após a degustação ele foi o vinho que menos votos recebeu e para mim também o seu desempenho também deixou a desejar. Mas isso não é suficiente para considerá-lo um vinho fraco, porque realmente numa outra degustação às cegas ele poderá se dar bem.

      É fato incontroverso que o Só Touriga Nacional 2005 foi o melhor vinho (votação), mas não posso descartar a hipótese de ter ocorrido algum problema (conservação?) com a garrafa do Quinta do Serrado.

      Por fim, esclareço que prefiro acreditar no resultado porque a degustação foi bem conduzida e não houve nenhuma tentativa de se favorecer essa ou aquela marca.

      Jeriel

  2. Jeriel,

    Não estou duvidando do resultado e muito menos dizendo que houve favorecimento a alguma marca.Longe disso!
    Apenas quis colocar que conheço bem o vinho, pois após participar da degustação que citei, fiquei fã do mesmo e sempre o consumo, o considerando um excelente vinho.
    Uma pergunta: Esta degustação foi às cegas?

    Abraços

    Eduardo

    1. Eduardo,

      De fato faltou a informação de que a degustação ocorreu às cegas e depois os presentes foram instados a se manifestar sobre os vinhos pela ordem de preferências. Já fiz essa alteração no texto.

      De outra parte vou ficar atento ao Quinta do Serrado Reserva 2003 porque considero a sua manifestação importante, eis que no “Anuário de Vinhos 2007” do respeitado crítico português João Afonso consta o seguinte (pág 142): “Um aroma dominado pelas compotas e alicorados com fruto em passa e algum sobre maduro, toque de alcatrão. Na boca é gordo com taninos firmes, redondo e algo guloso, numa prova fresca e com algum equilíbrio”. Preço em Portugal: 7,40 euros. Nota: 16/20 que significa “muito boa qualidade;carácter e complexidade. Recomendado”. Relação Qualidade Preço – RQP apenas aceitável (pág. 25).

      Abraço

      Jeriel

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