aniversario-cibele-0391

 

A reunião foi realizada no sábado, 03 de outubro de 2009, na Churrascaria “Cabana del Asado” (tel. 11 3721-1124), um dos primeiros restaurantes de SP a evocar uma autêntica churrascaria portenha encravada no complexo gastronômico denominado “Vila do Jardineiro(Av. Eliseu de Almeida, 1077 – Butantã – São Paulo SP – tel 3721 1124), com a presença dos confrades Alexandre Furniel, Clóvis Pavan, Gilberto, Romeu Mattos Leite, José Luiz, Lucas Garaldi, Julio e HK.  Merecem menção especial o atendimento e a recepção de ótimo nível proporcionado pelo Cabaña na pessoa de seu proprietário Alexandre Milton Mora e o serviço do vinho desempenhado pelos garçons Antonio e Celso: tudo transcorreu com serenidade, sem os habituais atropelos, confusões, serviço superior ao de algumas casas já habituadas em receber confrarias porque os vinhos foram servidos rigorosamente na ordem pré-estabelecida, na temperatura de serviço e sem necessidade de orientações constantes. As carnes, todas de boa qualidade, também foram servidas no ponto correto.

 

Abaixo, a relação dos vinhos:

 

11º – Casa de Piedra Malbec 1999 – Valle Central – 13,5% – importadora Bruck

10º – Palari Faro 1999 – DOC Sicília – 13,5% – Cellar – atual importador: World Wine – R$ 333,00 (safra 2006)

9º – Aliança Tagra 1999 – VR Terras do Sado – Carrefour

8º – Casa Valduga Cabernet Sauvignon  1999 – Vale dos Vinhedos – 12,5%

7º – Arnaldo B Etchart (50% Malbec e 50% CS) – Mendoza/Cafayate – 13,9%

6º – Alamos Malbec 1999 – Mendoza – 13,5% álcool – Mistral

5º – Pata Negra Gran Reserva 1999 – Valdepeñas – Casa Flora

4º – Chateau La Marzelle 1999 – Grand Cru Classé en 1855 – Saint-Emilión 

3º – José de Souza Mayor 1999 – VRA – José Maria da Fonseca 13,5% álcool

2º – Quatro Castas 1999 – Herdade do Esporão – VRA – 13,5% álcool – VRA – R$ 96,50 (safra 2004)

1º – Yacochuya Malbec 1999 – 15% álcool – Grand Cru – R$ 305,00

 

 

Breves comentários

 

Dois vinhos que não participaram da degustação tiveram desempenho surpreendente: o primeiro foi um Argentino, aberto pelo Alexandre da Cabaña del Asado: Enamore 2007, fruto da união das Bodegas Allegrini (Vêneto/Itália) e Renacer (Perdriel/Mendoza), 14,5% de álcool, blend das castas Malbec (60%), Cabernet Franc (23%), Cabernet Sauvignon (10%), Syrah (4%) e Bonarda (3%). O que chama a atenção é o método de produção desse vinho: utiliza técnica do “apassimento” (contra-rótulo), que consiste em deixar as uvas secando sob os fortes ventos andinos, aumentando a concentração de aromas e sabores. Depois de uma larga fermentação o mosto amadureceu mais doze meses em barricas francesas de primeiro uso. O vinho é uma espécie de Amarone Argentino. Na degustação se saiu bem: rubi intenso, aromas com predomínio de ameixas e um toque mentolado, sobra de álcool, boca estruturada, taninos presentes de boa qualidade com algum dulçor, madeira prevalecendo com ligeiro espaço para fruta e final com alguma rusticidade. Apresentou alguma tipicidade, mas seu final áspero destoou um pouco do final suave de um verdadeiro Amarone. Deve melhorar com mais um ou dois anos na garrafa. Nota: 86/100 +

 

O segundo vinho foi um champagne: René Geoffroy Brut Premier Cru 2003, 12% álcool, comprado na França. No contra-rótulo consta a sgte. informação: “Ce Champagne de l’anné 2003 prouve bien que l’effet Millésime joue sur l’originalité dês vins. Petit rappel: aprè une gelée de printemps historique dans la nuit du 10 au 11 avril,  l’été a été marque d’une canicule record. Lê résultat est um début dês vendanges lê 25 Août, lê plus precoce depuis plus 150 ans. Face à la  três faible récolte, nous avons composé um assemblage inédit de 39% de pinot noir, 33% de meunier et 28% de chardonnay.”

Champagne René Geoffroy Brut Premier Cru 2003: 93/100 pts. Não consta importador para o Brasil
Champagne René Geoffroy Brut Premier Cru 2003: 93/100 pts. Não consta importador para o Brasil

 

A cor amarelo pálido brilhante já denotava alguma evolução. Borbulhas muito pequenas e intensas.  Rico e complexo no olfato, com notas de pão torrado, brioches e um leve toque amendoado no final. Na boca o ataque é franco e acaba por subscrever as sensações olfativas e se mostrou bem superior ao que se esperava: pleno de frescor, acidez vibrante, espetacular concentração de sabor com muita intensidade, fineza e elegância. Redondo, termina longo e seu retrogosto é interminável, de grande persistência. A Casa René Geoffroy é uma propriedade de apenas 1 ha, em Cumières, próxima de Epernay, com produção anual de cerca de 9000 garrafas e que ainda produz o Cuvée de Reserve 1er. Cru. Nota: 93/100 ++ 

 

Por fim, saliento que vinhos que também brilharam nesta 15ª. edição foram levados por dois confrades: o champagne supra e o Yacochuya 1999. Para todos o nosso sincero agradecimento.

 

aniversario-cibele-038

Agora a descrição dos vinhos e respectiva avaliação, informando que o objetivo da degustação é o julgamento dos vinhos sob a ótica do tempo, isto é, uma década depois de sua produção, eis que a degustação acabou por reunir garrafas de características muito distintas entre si e de terroirs absolutamente diferentes.

 

 

 

11º. Lugar – Casa de Piedra Malbec (Valdivieso) 1999Vale Central – 14% álcool – preço: R$ 16,00 (01/05) – Bruck – Rubi telha, aromas apagados com leve toque herbáceo. Boca simples, decadente, sem fruta e com leve amargor. Palatável, mas em franco declínio. Nota 81/100 pts. 

 

 

 

10º. Lugar – Palari Faro DOC 1999 – Sicília – 13,5% – Cellar – atual importador: World Wine – R$ 333,00 (safra 2006) – Evoluído com turbidez e halo granada. Começou bem com uma pitada de sous bois, animal, couro e algum herbáceo. Boca delicada, taninos resolvidos, boa acidez, curto e de baixa persistência. À exemplo do anterior é um vinho cujo auge já passou, mas ainda poderá dar algum prazer se acompanhado de comida. Declinou rapidamente na taça. Nota 84/100 pts. 

 

 

9º. Lugar – Aliança Tagra 1999 – VR Terras do Sado – Carrefour – Um pouco menos evoluído do que o anterior. Boca simples, leve nota de compota (castelão), acidez correta e taninos sinalizando cansaço. Termina áspero com leve amargor e apresenta boa tipicidade, com bom corpo. Nota 84,5/100 pts. 

 

 

8º. Lugar – Casa Valduga Cabernet Sauvignon  1999 – Vale dos Vinhedos – 12,5% – Rubi violáceo com halo de evolução. Nariz com alguma complexidade, notas de especiarias. Boca simples, franca, mais ainda fresca. Não tem muita tipicidade, mas suportou bem uma década. Obteve a Silver Medal no  International Wine Challenge 2000 – Beijing – Nota 85/100 pts. 

 

 

7º. Lugar – Arnaldo B Etchart 1999 (50% Malbec e 50% CS) – Mendoza/Cafayate – 13,9% – Rubi violáceo com discreto halo de evolução. Olfato com frutas negras, especiarias e mentol. Boca plena, taninos macios de qualidade muito boa, equilibrado no álcool e na acidez. Madeira integrada à fruta. Final suave e sem arestas. Longevo, ainda suporta um ou dois anos na garrafa. Nota 86/100 pts. 

6º. Lugar – Alamos Malbec 1999 – Mendoza – 13,5% álcool – Mistral – Rubi violáceo com ligeira evolução. Seu perfil aromático é unidimensional, com licor de jaboticaba e discreto frutado. Boca muito macia, taninos no ponto, tudo integrado. Termina como começou – muito macio. Não é um vinho complexo, mas por sua proposta (atualmente custa R$ 26,00 – safra 2008), suportou muito bem o decurso de dez anos. Nota 86,5/100 pts. 

 

 

 

5º. Lugar – Pata Negra Gran Reserva 1999 – Valdepeñas – Casa Flora – Rubi com leve evolução. Olfato com toques lácteos, herbáceo e leve chocolate. Boca macia, taninos doces e resolvidos, acidez compatível, boa concentração de sabor e final intenso sem arestas. Redondo e macio, ainda suporta mais tempo na garrafa. Nota 87/100 pts. 

 

 

 

4º. Lugar – Chateau La Marzelle 1999 – Grand Cru Classé en 1855 – 12% álcool – Saint-Emilión  – Carrefour – preço: R$ 149,00 – Rubi violáceo intenso com halo de evolução. Nariz mais aberto do que as amostras anteriores, com sugestões de cassis, pimentão, chocolate e um discreto herbáceo. Boca que subscreve o nariz com boa concentração de sabores com alguma elegância. Taninos no auge da evolução, a indicar que mais algum tempo na garrafa não lhe fará bem, portanto, beber já. Nota 87,5/100 pts.   

 

 

 

3º. Lugar – José de Souza Mayor 1999 – VRA – José Maria da Fonseca – 13,5% álcool – R$ 117,90 – Makro Speciale Butantã – Rubi violáceo intenso com halo granada. Nariz complexo com notas crocantes e tostadas, chocolate e especiarias. Boca macia, com taninos no ponto e concentração de sabor dentro do esperado. Longo, intenso e de final suave. Ótima tipicidade, vinho de guarda de características de longa sobrevida na garrafa. Ótima tipicidade.Nota 88/100 pts.  

 

 

 

2º. Lugar – Quatro Castas 1999 – Herdade do Esporão – VRA – 13,5% álcool – VRA – R$ 96,50 (safra 2007) – Rubi violáceo com levíssimo halo de evolução. Nariz expressivo a indicar um vinho de bom frescor, frutado (ameixa/framboesa) e madeira nobre. Boca macia, taninos de qualidade muito boa, doces e madeira permitindo bom espaço para fruta (compota). Acidez se destacando no conjunto. Termina como começou: sem aspereza e sem amargor. Beber nos próximos dois anos. Nota 89/100 pts.+  

 

 

 

1º. Lugar – Yacochuya Malbec 1999 – 15% – Grand Cru – R$ 305,00 – Rubi violáceo quase retinto. Nariz expressivo a indicar um vinho de bom frescor, frutado (ameixa/framboesa) com pitadas de especiarias e o tradicional chocolate dos bons malbecs argentinos. Boca densa, muito macia com taninos de ótima qualidade. Suculento e concentrado, a fruta é a protagonista e a madeira atua como coadjuvante. O álcool elevado não foi notado porque está integrado com os demais elementos. Termina sem arestas, é um vinho que ainda vai evoluir na garrafa nos próximos 3/5 anos. Parabéns ao Confrade que levou esse vinho na condição de “pirata” e que acabou por arrebatar o pódio, com muita justiça, porque recebeu os votos de sete dos nove confrades presentes. Seu único senão é o preço…Nota 90/100 pts.+ + 

(Visited 405 times, 405 visits today)

6 thoughts on “Esvaziando a Adega – 15a. edição”

  1. Belos vinhos, ótima proposta (evolução em 10 anos). A notícia boa é que o Yacochuya custa 1/3 deste valor se comprado logo ali, em sua terra de origem.

    Fiquei curioso para saber como cada um se saiu na harmonização, suponho eu, com carnes.

    Grande abraço,

    Guilherme

    1. Guilherme,

      O Yacochuya foi campeão também na harmonização, por conta de seus taninos finos, boa acidez e álcool integrado (15% – imperceptíveis). Ele apenas dá uma aquecida no palato. Não o conhecia, mas é um vinho de classe com a rubrica do Michel Rolland no rótulo.

      abraço

      Jeriel

    1. Silvestre,

      Tudo bom?

      Vou fazer um link de seu ótimo blog pra cá, ok?

      Não conhecia o Yacochuya mas é um vinhão e de fato tem uma longa estrada pela frente. É um dos grandes vinhos do Novo Mundo!

      abraço

      Jeriel

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *