Localizada na distante Província de Salta e contando com vinte hectares de vinhedos, plantados a 2.000 metros de altitude na região de Cafayate, esta pequena vinícola da família Etchart em parceria com o enólogo francês Michel Rolland, elabora vinhos de personalidade única decorrente da tipicidade alcançada pela Malbec nesse distante rincão argentino. Os vinhos são potentes e selvagens, mas bastante domados, com um caráter herbáceo e de especiarias muito particular da região (Descorchados 2008). O contrarrótulo informa que: “Em 1988, enquanto assessorava uma das famílias vinícolas mais antigas de Calchaquíes, os enólogos franceses Dany e Michel Rolland descobriram Cafayate, uma zona vinícola conhecida no Norte Argentino. Eles estavam convencidos da viabilidade da produção de vinhos espetaculares nesta impressionante zona montanhosa, situada a alguns quilômetros do Trópico de Capricórnio a uma altitude de 2.000 metros, o que proporciona um clima peculiar de dias quentes e noites frescas. Seduzidos pelo grande potencial de vinhedos de Malbec plantados a 2.035 metros de altitude, Dany e Michel se associaram com seus amigos argentinos e decidiram elaborar com todo seu “savoir faire” e paixão este vinho, que amadurece dezoito meses em barricas de carvalho francês de primeiro uso e que foi engarrafado sem filtração”.

DEGUSTAÇÃO

Yacochuya Malbec 2001 – Cafayate – Salta

Cor vermelho-rubi intenso profundo com reflexo violáceo nas bordas sem halo de evolução. Aromas defumados aportados pela longa passagem em carvalho francês de primeiro uso secundado pelas tradicionais notas de ameixas pretas e geléia de frutas negras. Após algum tempo na taça uma forte nota herbácea domina o conjunto. Boca de taninos sólidos, maduros, estruturados que não agridem o palato, apenas sinalizam se tratar de um vinho que requer mais tempo para o seu amadurecimento. O álcool, na casa dos 16%, apenas proporciona um leve calor e não encobre a fruta ou mascara outros defeitos. Ao contrário, ao lado dos taninos robustos e da acidez salivante, completa um conjunto denso e de perfil moderno com espaço para fruta e para o chocolate amargo. Ainda no palato uma sugestão tostada com alguma rusticidade no meio de boca que bem caracteriza o estilo dos vinhos dessa região. Profundo e intenso, termina herbáceo, duro e forte, com uma adstringência quase selvagem, porém, suportável em razão da qualidade dos taninos. Nada que não seja resolvido com mais alguns anos de envelhecimento na garrafa, eis que apresenta inúmeros atributos para tanto. Vinho de estilo peculiar e interessante porque exprime com fidelidade o terroir local e o caráter varietal da cepa. Avaliação: 90/100 pts. +

Preço em SP: R$ 230,00 (aproximadamente).

 Portugal wooden sign with winery background

Herdade do Gamito DOC Alentejo safra 2005 – 14,5% álcool

O contrarrótulo diz que: “Produzido e engarrafado na propriedade por Gonçalo de Sá Bandeira, Crato – Portugal. Produzido no Norte Alentejano, junto à vila histórica do Crato, em solos de transição com uma forte componente granítica e a partir das castas: Syrah, Merlot, Aragonês e Trincadeira. O vinho estagiou em barricas de carvalho francês durante 10 meses, resultando um vinho de aroma frutado, paladar harmonioso e equilibrado, final longo e complexo”.

DEGUSTAÇÃO –

Vermelho-rubi intenso, profundo com reflexos violáceos sem halo de evolução. Aromas florais com sugestões apimentadas, baunilha e leve chocolate. Boca firme de taninos densos e macios com a repetição das especiarias apresentadas no olfato (Syrah). Encorpado e levemente picante é um vinho equilibrado e prazeroso. Álcool, acidez, madeira e taninos nos seus respectivos lugares. Boa concentração de sabor com alguma profundidade e final suave sem arestas. Vai adquirir complexidade na garrafa nos próximos anos. Avaliação: 88/100 pts.

 

Terras do Crato DOC Alentejo safra 2006 – 14,5% álcool

O contra-rótulo diz que: “Produzido e engarrafado na Herdade do Gamito por Gonçalo de Sá Bandeira, Crato – Portugal. A vinha situa-se nas encostas do Crato, sede da Ordem de Malta em Portugal, com ótimas aptidões edafoclimáticas para a produção de vinho. A partir das castas: Trincadeira, Aragonês, Merlot e Alicante Bouschet, obteve-se um vinho de cor rubi, aroma frutado e intenso, paladar equilibrado, taninos suaves e boa persistência”.

DEGUSTAÇÃO –

Vermelho-rubi violáceo intenso. Aromas frutados e resinosos. Boca focada na fruta com taninos macios de boa qualidade, mediana acidez e estrutura firme. Termina com boa persistência e com uma leve nota tostada. Retrogosto herbáceo. Vinho para o dia-a-dia, pronto e fácil de beber, de boa tipicidade e que deve crescer à mesa. Avaliação: 86/100 pts.

Imagem de abertura: o inesquecível amigo e livreiro José Luiz Garaldi, logo na sua primeira incursão no mundo dos vinhos nos proporcionou a degustação dos exemplares acima, todos de promissora qualidade, vendidos na extinta Livraria Sereia.

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