carbonnieux

Um dos últimos vinhos de 2009 é um velho conhecido de quem escreve essas linhas: trata-se do vinho em epígrafe, um “Grand Cru Classé de Graves”, Appellation Pessac-Léognan Contrôlée, safra 2004. Trocando em miúdos, é um vinho produzido fora do Médoc francês e bem próximo à cidade de Bordeaux.É um “grand cru classé” de Graves ao lado do “premier cru classé” Château Haut-Brion, integrante da classificação de 1855. O Château Pape-Clément e o Château Smith-Haut-Lafite também são dessa região.

Sobre o Chateau Carbonnieux

Fundado no fim do século XIV hoje é um vinho clássico de Graves. Foi visitado por Thomas Jefferson em sua viagem através de vinhedos franceses. A variedade do encepamento de Merlot, Cabernets, Malbec e Petit Verdot constitui respeito à lógica bordalesa. Hugh Johnson (Guia de Vinhos, edição 2008, Nova Fronteira) observa que se trata de uma “grande propriedade – noventa hectares – histórica em Léognan para excelentes tintos e brancos. Os brancos, 65% sauvignon blanc, podem envelhecer por até dez anos”. Na esplêndida safra 2005, a versão branca recebeu nada menos do que 93/100 pts. de RP.

O contra-rótulo informa que: “Situe au Coeur de l’apellation Pessac-Leognan, le Château Carbonnieux est, à la fois, um de plus ancien mais aussi um dês plus vaste Cru Classé de Graves. Vinifié et eleve dans la plus classique tradition Bordelaise, ce vin est um modele d’equilibre, entre finesse et élégance. Ilrévèlera tout sonpotentiel au vieillissement. Cépages: 60% Cabernet Sauvignon, 30% Merlot et 10% Cabernet Franc”

4 - Livro Bordeaux

Degustação

Château Carbonnieux 2004 – Preço: R$ 274,90 (Carrefour – também pode ser encontrado nas importadoras Grand Cru e Mistral) Obs.: a safra seguinte 2005 considerada excelente em Bordeaux e particularmente bem-sucedida para o produtor em questão, consoante apontamento de crítico inglês Hugh Johnson. Este 2004 levou 90/100 pts de RP em 30.06.2007 e 87/100 da WS em 31.03.2007 – Análise organoléptica: o Château Carbonnieux apresentou cor rubi com reflexos violáceos e discreto halo granada. Começou fechado. Mas é uma garantia de prazer no nariz, porque a par de exibir as notas frutadas de muitos tintos de qualidade, a cabernet sauvignon dá o tom com notas de licor de cássis, ameixas, coco e ligeiro tostado, com destaque para sustentação desses aromas na taça. Na boca a sua entrada revela um vinho redondo, bem estruturado, de taninos ainda presentes, porém finos a lhe conferir elegância ímpar. A fruta doce encontrada no nariz se repete no palato e proporciona sensações levemente adocicadas. O álcool, na casa dos 13%, está plenamente entrosado com a acidez e resulta num vinho de ótimo frescor, com discreta mineralidade e bom equilíbrio. Por fim, esse delicioso tinto bordalês termina suave e com pequena adstringência, a qual será aplacada com seu envelhecimento na garrafa nos próximos dez anos, levando nota “nove” no quesito harmonia. É um vinho firme, estruturado e longevo. Seu persistente retrogosto evoca chocolate. Avaliação: 90/100 pts. ++

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Champagne Blanc de Blancs Angel Dust Extra Dry

De importação da SP Gourmet, comandada pelos franceses Georges Plaskocinski e Hugo Belloc, tem um portfólio enxuto com alguns vinhos que são verdadeiras revelações de Mendoza e do Noroeste da Argentina. Recentemente, promoveu degustação na SBAV-SP de três champagnes, um deles com a chancela do festejado produtor Michel Gonet. São produtos excepcionais, comercializados pela empresa francesa Part des Anges, que seleciona Champagnes, Cognacs e Whiskyes únicos. Part des Anges presta uma homenagem à paixão e ousadia de seus criadores e num primeiro momento, apresenta no Brasil sua seleção exclusiva de Champagnes, com as marcas Exclusive Vintage e Angel Dust.

Acredita-se que o nome da empresa Part des Anges ou “Parte dos Anjos”, é a expressão utilizada para traduzir poeticamente a evaporação de um destilado envelhecido em barril. Segundo Jacno, cantor francês é “a parte do sacrifício não negociável que um destilador precisa deixar evaporar para alcançar um néctar incomparável”.

Degustação

Champagne Blanc de Blancs Angel Dust Extra Dry – Preço: R$ 215 – Palha com reflexos esverdeados. Perlage finíssima e constante com borbulhas muito pequenas e abundantes. Muito complexo no olfato com sugestões de avelãs, nozes, flores brancas e uma deliciosa nota crocante. Boca rica e elegante, álcool integrado (12,5%), com fruta madura, acidez firme, delicada, crocante contrabalançada por ótimo frescor. Longo e profundo, termina doce e harmonioso e no retrogosto uma nota de mel. Vai bem como acompanhamento de aperitivos e pratos leves. À conferir. O preço vendido o torna boa opção para o período de festas que se aproxima. Avaliação: 90/100 pts.

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Vino Spumante Berlucchi Cellarius – Brut Rosé – Vendemmia 2003 – Sboccatura 2007

Importador: ARS VIVENDI – Alameda Tietê nº 43, loja 14, cep 01417-020, Jardins, Capital – São Paulo. Contato: info@arsvivendi.com.br ou pelos telefones 3082 7233 e 3891 1036 – www.berlucchi.it

Franciacorta é uma D.O.C.G. italiana situada na Lombardia que se constitui num pequeno centro produtor de espumantes cuja qualidade e reputação estão em ascensão. Há quem diga que são dignos de rivalizar com os melhores espumantes e champagnes franceses, em razão dos fortes investimentos em qualidade e tecnologia de seus produtores. Os vinhos são produzidos exclusivamente pelo método “champenoise” e por isso são fermentados na própria garrafa. Uma das derivações do termo Franciacorta vem de “Franchae Curtes” que significa “cortês francas”, que era um território italiano livre de impostos que historicamente serviu de passagem para a Suíça, Áustria e França. Esse nome apareceu escrito pela primeira vez em 1.277. Atualmente, Guido Berlucci é o maior produtor italiano desse espumante que no rótulo não traz a indicação “DOCG”, provavelmente por ter uvas de vinhedos do Trentino e do Oltrepò Pavese. Também produz vinhos tranqüilos (um deles foi degustado – Berlucchi Bianco Imperiale) à partir das castas Chardonnay, Pinot Bianco e Pinot Nero que recebem a classificação D.O.C. “Terre di Franciacorta” e os tintos são produzidos com Cabernet, Barbera, Nebbiolo e Merlot. Por fim, cabe destacar que em 2002 a União Européia autorizou a não utilização da DOCG nos rótulos e somente da denominação Franciacorta, privilégio concedido somente a nove tipologias semelhantes na Europa inteira.

O contra-rótulo informa que: “Chardonnay e Pinot Nero, sapientemente dosati, danno cita a questo raffinato spumante rosé; all’ofatto le eleganti note di frutti di bosco e frutta matura sono ben amalgamate con I delicate profumi di lieviti e crosta di pane. Al palato è fine ed elegante, con ottima acidità e corpo, ed equilibrate morbidezza. Consigliabile a tutto pasto, accompagna salumi, primi piatti saporiti, carni gustoes e formaggi; esalts la sua struturra abbinato ai crostacei. Cellarius Rosé è affinato almeno 30 mesi sui lieviti, seconde le rigide norme del metodo classico. Conservare la bottiglia coricata, in ambiente fresco ed asciutto, lontana dalla luce e da fonti di calore. Servire a temperature di 8°” – Guido Berlucchi – Borgonato di Corte Franca – Itália

Degustação

O Berlucchi Cellarius Rose 2003, apresenta coloração rosa salmão intenso. Perlage abundante, persistente com borbulhas muito pequenas e numerosas. Coroa de espuma duradoura. Nariz delicado, com predomínio de frutas vermelhas frescas (decorrentes da pinot nero que tem participação majoritária no corte), brioches, frutas secas (amêndoas), pão torrado e toques lácteos. Cremoso no palato, elegante, estruturado com fruta madura, ótimo frescor e um pequeno amargor no fim-de-boca que não prejudica o conjunto. Acidez correta e álcool equilibrado. Com 12,5% de álcool, sua persistência gustativa e tipicidade. Conservado na geladeira desde setembro de 2007, apresentou boa evolução na garrafa. Avaliação: 89/100 pts.

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6 thoughts on “Vinhos do Natal: Chateau Carbonnieux 2004, Champagne Blanc de Blancs Angel Dust e Berlucchi Cellarius Rosé 2003”

  1. Os espumantes da Berlucchi, em especial o Franciacorta, realmente sao excelentes. Pena que a Ars Vivendi, que os importava, fechou as portas… Os proprietários eram meus amigos e pararam por pura falta de incentivo à importação de vinhos. Os caras pagavam para trabalhar!

    1. Paulo,

      A sua informação me deixou triste, porque realmente o Franciacorta Berlucchi era de ótima qualidade e na minha singela opinião seu nível consegue superar alguns champagnes. Percebi que já há algum tempo não ouvia falar mais nesses vinhos e depois do recesso de fim-de-ano a minha intenção era retomar o contato para o agendamento de uma nova degustação, mas pelo visto….

      Feliz Ano Novo

      Jeriel

  2. Jeriel, realmente é uma pena. Eu ainda fiz um estoquezinho de outros bons vinhos deles, mas nada que alivie a perda.

    Sobre o franciacorta ser melhor que muitos champanhes, você está coberto de razão! Outro dia bebemos o Berlucchi aqui em casa e, na sequência, abrimos uma Veuve Cliquot. Que pena que deu do champanhe… Parecia água tônica depois do franciacorta. O Walter Tommasi me acompanhou nessa aventura e pode confirmar o quão superior estava o Berlucchi. Impressionante!

    1. Paulo,

      Era a minha última garrafa.
      O nível de qualidade de fato é superior ao de alguns champagnes comerciais.
      É decepcionante saber que um vinho tão fino tenha desaparecido, coisas do mercado acredito!

      Abraço

      Jeriel

  3. Caro, encotrei o Chateau Carbonnieux 2005 por R$ 99,00. que sugere? está bom este valor? outro ponto… devo guarda-lo por mais 5 anos ou decilio-me com ele imediatamente? um abraço…

    1. Marcelo,

      Compre sim porque o preço está ótimo. Como todo bom Bordeaux que tem a Cabernet Sauvignon como uva principal, pense em abri-lo perto dos dez anos a contar da safra. Veja no post de 23.02 – Bordeaux margem esquerda, que o 1999 ficou em segundo lugar. No post de 25.12.2009 degustei um 2004 que estava jovem, mas já obteve 90/100 pts. Se este que vc mencionou for 2005 mesmo, você poderá abri-lo entre 2015 e 2020 com tranquilidade, porque a safra foi excelente em Bordeaux.

      att

      Jeriel

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