Na linha Marques de Casa Concha os vinhos tem o tradicional perfil chileno e por isso são confiáveis, porque apresentam correta relação preço-qualidade
Na linha Marques de Casa Concha os vinhos tem o tradicional perfil chileno, são confiáveis e apresentam correta relação preço-qualidade

A reunião foi realizada no sábado, 21 de abril de 2010, no “Empório Vila Buarque” (tel. 11 3721-1124), sito à Rua Major Sertório, 561, Vila Buarque, tel. 3214 – 2241, com a presença dos blogueiros abaixo indicados. O serviço do vinho transcorreu com serenidade, sem os habituais atropelos, confusões, superior ao de algumas casas já habituadas em receber confrarias porque os vinhos foram servidos rigorosamente na ordem pré-estabelecida.

Alexandre Frias www.diariodebacco.com.br

Beto Duarte  papodevinho.blogspot.com

Cristiano Orlandi www.vivendovinhos.blogspot.com

Daniel Perches www.vinhosdecorte.com.br

MarcelodiMoraes www.marcelodimoraes.com/blog/index.php

Silvia Cintra Franco www.vinhoegastronomia.com.br

 

Vertical de Marques de Casa Concha Merlot 2002, 03, 04 e 2005
Vertical de Marques de Casa Concha Merlot 2002, 03, 04 e 2005

Degustações Verticais: conceito.

A resposta vem da Revista Menu de julho de 2009:O vinho é a bebida alcoólica que mais nuance de aromas, sabores e estilos apresenta a cada safra. Por mais que a tecnologia, principalmente dos países do chamado Novo Mundo vinícola, consiga reduzir, e muito, as variações entre as safras, nunca um ano é igual ao outro. O clima, em anos com mais chuva, em outros com mais sol, é o principal responsável por estas mudanças – em 2003, de verão quentíssimo na Europa por exemplo, resultou em brancos e tintos alcoólicos, mais prontos para beber quando jovens e muitos com menor capacidade de envelhecimento. Mas há outros fatores como o estilo que o enólogo quer dar à bebida naquela safra, o envelhecimento do vinhedo, cada vez mais velho e com uvas mais concentradas, e o amadurecimento do vinho, agora na garrafa. Todas estas questões se revelam numa degustação vertical – quando diversas safras de um mesmo vinho são provadas na seqüência”.

Para tanto, os vinhos escolhidos são dois exemplares representativos da escola chilena, um Merlot do Vale de Rapel e um Cabernet Sauvignon de Puente Alto, Vale do Maipo, berço dos grandes Cabernets do Chile: Marques de Casa Concha, safras 2002, 2003, 2004, 2005 (Merlot) e 2003, 2005 e 2006 (Cabernet Sauvignon). Seu preço atual varia de R$ 65 (Cabernet Sauvignon, Supermercado “Dia”) a R$ 85,00 (CS e Merlot – Supermercado Pão de Açúcar). As safras que podem ser encontradas sem dificuldade são: 2006 e 2007 para Cabernet Sauvignon e 2006 para o Merlot.

Antes da degustação três espumantes foram abertos levados respectivamente por Silvia Cintra Franco, Alexandre Frias e Cristiano Orlandi:

Prosecco levado por Silvia
Prosecco levado por Silvia

1° Col de Salici Prosecco, Spumante Extra Dry, V.S.A.Q., 12,5% álcool, R$ 55,92 – Wine Brands – palha claro, aromas simples e francos confirmados na boca de bom frescor. Termina com discreto amargor. Nota: 85/100 pts. 

Cave Geisse levado por Alexandre Frias
Cave Geisse levado por Alexandre Frias

2° Cave Geisse Nature Método Tradicional, 12,5% álcool – palha claro, aromas complexos, estruturado, macio, de ótimo frescor e tipicidade. Nota: 88/100 pts.

Este Moscatel foi do Cristiano
Este Moscatel foi levado por Cristiano

3° Casa Valduga Premium Espumante Moscatel, safra 2009, estilo clássico. – palha claro com reflexos esverdeados, aromático e balanceado. Fácil de beber, um espumante redondo que se destaca por seu frescor e relação preço-qualidade. Nota: 87/100 pts.

No sentido horário: Alexandre Frias, Daniel Perches, eu, Silvia Cintra Franco e Cristiano Orlandi
Da direita para esquerda: Alexandre Frias, Daniel Perches, eu, Silvia Cintra Franco e Cristiano Orlandi

Vertical MCC Merlot: um autêntico Merlot, como poucos.

1º. Lugar – safra 2002Vale de Rapel, Peumo – 14% álcool – 100% do mosto amadureceu 15 meses em barricas francesas, 1/3 novas e 2/3 de 2? uso.Enólogo Marcelo Papa. Rubi violáceo com discreto halo granada. Intenso e complexo no nariz com aromas de frutas negras, tabaco e nuances defumadas. Na boca os taninos sólidos e de firme textura confirmam as sensações olfativas com elegância e sedosidade. Enche o palato e causa intensa salivação. Um vinho clássico, que esbanja tipicidade e que termina longo e suave. Redondo e de fruta bem aparente. Este vinho é prova de não devemos acreditar piamente no julgamento considerando exclusivamente a sua safra, porque 2002 não foi uma boa safra no Chile e pela segunda vez este Merlot confirma sua excelência (vide conclusão no fim do texto). Agüenta mais um ou dois anos na garrafa com folga, mas não irá evoluir.Nota: 90/100 – Importador: CyT do Brasil – preço médio em SP: R$ 65/85

2º. Lugar – safra 2005 – Vale de Rapel, Peumo – 14,5% álcool – 100% do mosto amadureceu 18 meses em barricas francesas, 36% novas e 64% de 2? e 3° uso. – Aqui temos uma situação inversa. A safra 2003 foi “ímpar” o que em tese implicaria num vinho superior, todavia, isso não aconteceu.O vinho apresentou cor menos evoluída do que o 2002 e aromas menos intensos, notas de frutas vermelhas (cerejas) sobre um fundo de alcaçuz. No palato os taninos estão presentes (macios) e são de boa qualidade. A madeira dá sinais de integração à fruta. Longo e intenso deixa uma nota herbácea no final. Seu auge está por se aproximar. Nota 88,5/100 pts. ++

3º. Lugar – safra 2004 Vale de Rapel, Peumo – 14,5% álcool – 100% do mosto amadureceu 17 meses em barricas francesas, 36% novas e 64% de 2? e 3° uso. Rubi violáceo vivo. No nariz seus aromas são muito semelhantes ao MCC Cabernet Sauvignon 2003, com cassis, fruta em compota (ameixa) e café torrado. Na boca um vinho estruturado, com leve sobra de álcool, madeira por sobre a fruta, corpo bom, boa tipicidade com ameixa e uma ponta de chocolate. Intenso e profundo necessita de tempo para integração do conjunto.

Nota 88/100 pts. +

4º. Lugar – safra 2003 – Vale de Rapel, Peumo – 14% álcool – 100% do mosto amadureceu 17 meses em barricas francesas, 36% novas e 64% de 2? e 3° uso. Cor semelhante ao 2002 com halo de evolução menos nítido. Um pouco herbáceo no nariz (fechado), denso e de boa persistência, cujo estilo destoa dos demais porque não tem a concentração de sabor esperada. Existe algum equilíbrio entre fruta e taninos, mas muito abaixo do nível do 2002. Novamente se trata de um exemplar de safra ímpar que decepcionou, mas não muito porque um dos seus principais atributos é a tipicidade que foi confirmada. Será que mais algum tempo na garrafa contribuirá para o equilíbrio de seus elementos ou se trata de problemadessa garrafa?

Nota:  86/100 pts.

A mesa preparada para degustação
A mesa preparada para degustação

Vertical MCC Cabernet Sauvignon: durante muito tempo o principal da vinícola até o surgimento do Don Melchor, todavia, a qualidade foi mantida. Vide abaixo:

 

1º. Lugar – safra 2003 – Vale do Maipo, Puente Alto, 14,5% álcool – 100% do mosto amadureceu 18 meses em barricas francesas, 1/3 novas, 2/3 barricas de 2° uso e 3° uso. – Rubi violáceo intenso com profundidade. Nariz típico da casta com cassis, chocolate, ameixa e tostado. O álcool está bem entrosado com os demais elementos e o conjunto é equilibrado. Na boca a sua entrada revela um vinho estruturado, pronto, sedoso, de taninos fortes e macios repetindo as sensações olfativas com a livre expressão da fruta e discreto acento mineral. De longa persistência, termina como começou sem arestas e sem rusticidade. Ao contrário, porque se mostrou untuoso e fresco e seus sete anos de garrafa nada pesaram. 2003 foi considerada safra ótima no Chile. Ainda vai evoluir na garrafa. Aqui Marcelo Papa também é o enólogo.

Nota: 89/100 ++ – Importador: CyT do Brasil – preço médio R$ 65/85

2º. Lugar – safra 2005 – Vale do Maipo, Puente Alto, 14,5% álcool – 100% do mosto amadureceu 18 meses em barricas francesas, 36% novas, 64% de 2? uso e 3° uso.

Muito semelhante ao exemplar anterior tanto na cor como nos aromas, masmenos intenso em tudo (olfato e palato). Macio e sedoso confirmou a excelente tipicidade da casta no Vale do Maipo. Vinho gostoso que vai evoluir muito bem na garrafa até 2015. Nota 88/100 pts. + +

3º. Lugar – safra 2006 – Vale do Maipo, Puente Alto, 14,5% álcool – 100% do mosto amadureceu 18 meses em barricas francesas, 36% novas, 64% de 2° uso e 3° uso. – Este vinho é uma verdadeira incógnita. Bebido pela primeira vez na sede da Concha y Toro em fevereiro de 2009, praticamente teve seu perfil inalterado nesta segunda oportunidade. Rubi violáceo intenso com reflexo púrpura. Fechado no nariz com discretos aromas herbáceos. Na boca a madeira está por cima da fruta, mas ainda assim apresenta concentração de sabor e seus taninos são muito firmes. Os elementos álcool, fruta, taninos, acidez e madeira estão por se integrar. Termina longo e com uma ponta de rusticidade, sem perder tipicidade porque é um típico Cabernet do Vale do Maipo. Nota 86/100 pts.

Degustação do MCC chardonnay 2007 na VCT em 11/2009
Degustação do MCC chardonnay 2007 na VCT em 11/2009

Resumo – Merlot

Parece que a frase “quanto mais velho melhor” tem plena aplicação ao vinho Marques de Casa Concha nas suas duas principais versões: Merlot e Cabernet Sauvignon. No Merlot a grande surpresa foi o excelente 2002 (que para quem escreve não foi novidade porque este vinho já havia confirmado sua supremacia numa degustação coordenada na SBAV em 07.02.2006), que provavelmente encontrou o seu auge e deverá ficar assim por mais um ou dois anos. Tudo indica que o segundo lugar, 2005, atingirá com mais alguns anos o mesmo nível de qualidade.O 2004 também tem longa vida pela frente e o 2003 decepcionou porque o nível de qualidade apresentado não possibilita nenhuma inferência sobre sua evolução. Será problema dessa garrafa? Será que ela faz parte da estatística mencionada por Hugh Johnson no seu celébre Guia de Vinhos, que estabelece que: “uma garrafa, numa caixa de doze, não estará necessariamente bouchonée, mas apenas misteriosamente abaixo do nível”.

Resumo – Cabernet Sauvignon

Sem fugir do espírito da frase supracitada, a lógica das safras chilenas ímpares foi confirmada: o 2003 é um vinho cujo auge se aproxima porque exibiu excelente tipicidade e pleno equilíbrio gustativo. Na mesma linha segue o 2005. O 2006, degustado por duas vezes é uma incógnita, porém, um juízo mais seguro poderá ser obtido degustando-o mais uma vez e tudo indica que isso ocorrerá brevemente, porque uma nova vertical desses vinhos será realizada com as seguintes safras:

Merlot – 2003, 2005 e 2007.

Cabernet Sauvignon – 1998, 1999, 2001, 2002, 2003, 2004, 2005, 2006 e 2007.

Syrah – 2004, 2005 e 2006.

Chardonnay 1997, 2003, 2005 e 2007.

Entra da Viña Concha y Toro, no Vale do Maipo, ainda na região urbana de Santiago
Entrada da Viña Concha y Toro, no Vale do Maipo, ainda na região urbana de Santiago

Por fim, a conclusão final é que o Marques de Casa Concha nas duas principais versões é um vinho consistente, que se destaca por sua tipicidade e que, se não custa barato, ainda assim vale cada centavo. A única observação que faço das safras degustadas é que até 2006 a máxima “quanto mais velho melhor” tem plena aplicabilidade. Contudo, como já tivemos a oportunidade de degustar os exemplares de 2007 (CS e Merlot) “in loco” (na vinícola), posso afirmar que houve mudança no estilo, mas não para pior: a madeira está menos aparente e a fruta mais evidente. A safra 2007 também é apontada pela VCT como “safra histórica para tintos premium”. Essas garrafas serão incluídas na próxima vertical, eis que gentilmente me foram cedidas por Agnaldo Fidelis, Gerente Comercial da Concha y Toro do Brasil. As demais fazem parte de meu acervo e foram adquiridas na medida que iam sendo lançadas no mercado.

Saúde!

Vista parcial do Bistrot existente na Vinícola Concha y Toro: possibilidade de harmonização de vinhos com os pratos indicados no cardápio
Vista parcial do Bistrot existente na Vinícola Concha y Toro: possibilidade de harmonização de vinhos com os pratos indicados no cardápio
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3 thoughts on “Esvaziando a Adega 18a. edição com blogueiros: verticais de Marques da Casa Concha Merlot e Cabernet Sauvignon”

    1. Gustavo,

      Não se preocupe porque na próxima vc vai. Provavelmente será de outras safras do Marques de Casa Concha, inclusive do Chardonnay. Mais para frente farei de outro chileno que também aprecio bastante: Cousiño Macul Antiguas Reservas Cabernet Sauvignon e Merlot.

      Enoabraço

      Jeriel

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