Neste post a descrição e avaliação dos vinhos Miolo degustados  em 17 de janeiro  último por quem escreve e pelos blogueiros de São Paulo com a presença de Márcio Marson, da Miolo.

Degustação –

O sinal + ao lado da nota significa que o vinho tem condições de envelhecer por 5/10 anos.

Espumante GB Cuvée Prestige 2008 “Bueno” – álcool: 12,5% – região: São Gabriel, Garibaldi, RS – uvas: Pinot Noir e Chardonnay em partes iguais – preço estimado: R$ 60/70 – Palha claro brilhante. Perlage fraca com pouca persistência. No olfato despontam aromas típicos. Destaque para “pão fresco”, leveduras e um toque de frutas como maçã verde e pêra. O perfil é de um bom espumante porque seu frescor é digno de menção. Na boca confirma os aromas com predomínio das frutas maduras sinalizadas no olfato. No fim-de-boca apresenta um amargor que lembra casca de fruta cítrica (lima). Esse amargor poderia ser menos perceptível, porque não existe no Brut Millésime, por exemplo. Mesmo assim sua tipicidade é uma de suas maiores virtudes, porém, poderia custar um pouco menos. Avaliação: 85/100 pts.

Merlot Terroir 2008: na degustação destacou-se por conta de sua fidelidade à cepa estampada no rótulo: um Merlot de verdade, no nível dos melhores representantes do Novo Mundo, quiçá do Velho Continente!

Cuvée Giuseppe Chardonnay 2008 – álcool: 13% – região: Vale dos Vinhedos, Garibaldi – preço estimado: R$ 45 – vinho amadurecido em barricas novas de carvalho francês durante oito meses. Palha claro com reflexo esverdeado. No nariz se destaca por seu caráter “amanteigado” entremeando notas florais e frutadas sobre um fundo de baunilha. Na boca confirma as sensações olfativas com boa expressão de frutas como pêra e abacaxi. Leve acento de madeira que não chega a incomodar. Sua persistência é média e deixa um discretíssimo amargor cítrico no fim de boca. O estilo é intermediário entre Novo e Velho Mundo. Melhor do que alguns argentinos e chilenos impregnados de madeira, por exemplo. Avaliação: 87/100 pts.

Lote 43 2004: um vinho elegante e de estilo bordalês.

RAR Collezione Pinot Noir 2009 – álcool: 13,5% – região: Campos de Cima da Serra, Muitos Capões, RS – preço aproximado: R$ 70 – vermelho-rubi sem muita concentração. Cor  bem típica da Pinot Noir que normalmente exibe baixo teor de cor. Aromas abertos com groselha em evidência, especiarias (canela), sobre um fundo de madeira nobre (cedro). Na boca é um vinho leve, de taninos quase imperceptíveis, com menos fruta do que o anunciado pelo nariz e com a madeira aparecendo um pouco (amadureceu em barricas francesas). Ainda assim sua boa acidez o habilita para a mesa. Notas de cereja e groselha completam o conjunto, cujo estilo se distancia da Borgonha  mas ao menos o aproxima de seus similares argentinos e chilenos. Em termos de qualidade, fica num nível intermediário entre  os vinhos desses países. Enfim, um bom Pinot, de preço um pouco acima do esperado.  Avaliação: 86/100 pts.

Miolo Sesmarias 2008: blend de seis uvas, um vinho denso com possibilidade de evoluir na garrafa ao longo dos próximos anos.

 

Gran Lovara 2006 – álcool: 14% – uvas:  Merlot (60%), Cabernet Sauvignon (25%) e Tannat (15%) – região: Serra Gaúcha – preço estimado: R$ 50 – vermelho-rubi intenso e profundo. No nariz notas terrosas, frutas negras (amora e framboesa), sobre um fundo herbáceo. Na boca é um vinho que “tem pegada” porque é forte, estruturado, quase rústico sem ser grosseiro. Taninos presentes com discreto amargor. Alguma sobra de álcool. Madeira perceptível sem ofuscar a fruta. Os elementos deste vinhos estão em integração. Final secante. Para quem escreve, o exemplar da safra 1999 é inesquecível. Certamente um dos melhores vinhos nacionais já provados! O 2005 segue pela mesma senda. Já este daqui está um pouco abaixo, não o suficiente para empanar a sua boa imagem de vinho confiável por preço quase ideal. Avaliação: 86/100 pts. +

 

Merlot Terroir 2008 – álcool: 14% – região: Vale dos Vinhedos – preço: em torno de R$ 90 – vermelho-rubi intenso com reflexo violáceo. Exibiu no nariz as tradicionais notas frutadas da casta com predomínio de ameixas, cerejas sobre um fundo de chocolate com boa sustentação desses aromas na taça. Na boca a sua entrada revela um vinho de taninos muito macios contrabalançados por álcool e  surpreendente acidez de viés gastronômico. Longo e persistente, é um vinho que esbanja tipicidade. Muito elogiado, foi unanimidade na degustação. De fato a safra 2008 foi ótima na região. Um vinho que ainda vai ganhar como o envelhecimento na garrafa nos próximos anos. Hipoteticamente, se for colocado ao lado de Merlots de todas as procedências tem condições de brilhar. Avaliação: 90/100 pts.+

Miolo Lote 43 2004 – álcool: 13,5% – uvas: Cabernet Sauvignon e Merlot em partes iguais. região: Vale dos Vinhedos – preço: entre R$ 80 – 100 – vermelho-rubi de média intensidade com halo de evolução nas bordas.  No nariz se destaca por conta de sua elegância aromática. Não é dos mais intensos mas exibe boa complexidade com notas animais (couro), frutas secas, tabaco sobre um fundo mentolado. Na boca taninos finos, corpo médio assim como média é a sua concentração de sabor. Fruta e madeira integradas. Sem sobra de álcool. Redondo, terminou um pouco curto e no retrogosto uma notinha de chocolate. Maduro, está bem próximo de seu auge. Avaliação: 88,5/100 pts.

Miolo Sesmarias 2008 – álcool: 14% – uvas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Petit Verdot, Tannat, Tempranillo e Touriga Nacional – região: Campanha Gaúcha – preço R$ 250 – o portal da Miolo informa que: “Sesmarias é o primeiro vinho elaborado no Brasil com fermentação integral em barrica nova de carvalho, tanto a fermentação alcoólica quanto a fermentação malolática acontecem na madeira e em contato com as cascas. A sua elaboração é realizada nos mínimos detalhes, e o acompanhamento é minucioso, resultando em um vinho elegante. As uvas são cuidadosamente desengaçadas não sofrendo esmagamento, a remontagem é feita com o rolamento da própria barrica, e o vinho não sofre qualquer tratamento de colagem ou filtração” – Análise organoléptica: sem dúvida, o Sesmarias foi o vinho mais esperado da degustação e não decepcionou, a não ser por um aspecto que será mencionado no fim desta avaliação. O Sesmarias apresentou cor rubi violácea intensa, profunda quase retinta. No nariz sua paleta aromática vai da fruta em compota às tradicionais notas de barrica num perfil eminentemente convidativo que lembra os vinhos da Península Ibérica.  Na boca apresentou taninos rugosos, fortes e bastante perceptíveis sem agredir o palato. Salivante, profundo e intenso, é um vinho que termina aveludado e persistente prometendo uma ótima evolução na garrafa nos próximos anos. Márcio Marson, Diretor On-Trade da Miolo, assegura que grande parte da produção já foi vendida, mesmo custando duzentos e setenta reais a garrafa,  preço elevado para o padrão nacional. A qualidade deste vinho é indiscutível, mas poderia ter preço mais acessível. A nossa torcida é para que nas próximas edições seu preço diminua, essa é a única observação que fazemos sobre o vinho ícone da Miolo, Sesmarias 2008. Avaliação: 89/100 pts.+

 

Ao final da degustação, os blogueiros pediram algumas pizzas cujos valores foram divididos entre os presentes. O espumante Miolo Rosé foi servido e se tivesse sido avaliado, teria se destacado na equação preço-qualidade.

 

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