Há alguns meses, degustei duas séries de “mini-verticais” das Bodegas Noemia, na ABS-SP. Os vinhos eram “A Lisa” e “J. Alberto” cada um com três safras, de 2007, 2008 e 2009. Atualmente as safras disponíveis para compra na importadora Vinci são de 2008 para cada um dos vinhos acima e o 2007 do “Noemia”, também comentado aqui nesse post.

Comentarei as garrafas que estão disponíveis e apenas citarei que estes vinhos tem seguido uma certa lógica cronológica ainda que dentro de uma amplitude bem novomundista. Explicando melhor: as safras de 2007 estão com aromas e paladar bem evoluídos, enquanto a de 2008 está no seu melhor no que tange ao equilíbrio entre a jovialidade e a maturidade e finalmente, a safra 2009 está com cor, aroma e sabor ainda muito jovens.

Do ponto de vista de “prontidão”, da relação “desarrolhamento-prazer”, os dois vinhos de entrada da vinícola estão bem melhores quando comparados ao Noemia e são boas lembranças para a época de festividades, que vivemos.

Todos sabemos ou os amigos que estão começando já ouviram falar da “janela de consumo”, período ótimo de consumação de um vinho com certo potencial de guarda em adega, até que atinja sua melhor evolução e deixe para trás os seus elementos constitutivos que parecem agressivos ao paladar na juventude, tais como acidez e massa tânica.

Uma questão um tanto recorrente onde os vinhos novomundistas e europeus se confrontam às vezes, é o quanto dura esta janela! Os vinhos do Novo Mundo, mais exuberantes na “infância”, parecem decair de modo mais vertiginoso, ao contrário dos caldos do Velho Mundo, cujo tempo de auge costuma se prolongar por anos criando um patamar, um “platô”. Antes que alguém comente as exceções, trata-se de uma “tendência” e não de regras absolutas. Em ambos os lados do Oceano Atlântico, há vinhos que atingem seu ápice e ali permanecem por alguns poucos anos ou por várias décadas.

Assim, cada estilo se presta a um tipo de perfil consumidor: aos ávidos por sacar as rolhas, Novo Mundo pode ser uma probabilidade mais certeira da satisfação e aos que tenham a paciência de esperar por uma ou mais décadas, o Velho Mundo ainda é uma “barbada”.

Enfim, para os que crêem que os tintos do Novo Mundo vão “do roxo ao tijolo” em poucos anos, acho que é um grande momento para degustar estes vinhos da vinícola-boutique Noemia, grande estrela da Patagônia (merecidamente). Com exceção do vinho ultra-premium, “Noemia”, os outros dois, embora deliciosos, não são vinhos para se guardar por mais de 5 anos, para usufruirmos de seu potencial máximo. Podem durar 10 anos ou mais, mas não com a mesma desenvoltura!

Sem afirmar nenhuma outra “tendência”, percebo que algumas notas de aromas redutivos, parecem mais comuns também nos vinhos do Novo Mundo quando comparados aos europeus. Apenas algo a se pensar e pesquisar com atenção.

 

A LISA 2008 (R$ 83,65)

Rubi, halo violáceo, levemente opaco, lágrimas numerosas, finas e rápidas.

Aromas intensos de mirtilos, ervas secas, especiarias, couro, cedro e resinas.

Seco, boa acidez, álcool equilibrado, bom corpo, boa presença tânica, média a boa qualidade, aromas de frutas ao licor e tabaco, persistência média a boa.

90% Malbec e 10% Merlot – Álcool: 14% – Nota: 88/100 pts.

J. ALBERTO 2008 (R$ 116,44)

Rubi violáceo denso e concentrado, brilhante, lágrimas numerosas, finas e rápidas.

Aromas intensos de frutas negras, alcatrão, algumas notas redutivas que se dissiparam durante a prova, notas balsâmicas, cacau, ervas secas.

Seco, ótima acidez, álcool integrado, bom corpo, taninos bem presentes, de ótima qualidade, macio, aromas de frutas negras, balsâmicos, persistência boa.

95% Malbec e 5% Merlot – Álcool: 14,5% – Nota: 89/100 pts.

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NOEMIA 2007 (R$ 283,07)

Rubi violáceo, concentrado, brilhante, lágrimas numerosas, finas e rápidas.

Aromas de boa intensidade, a frutas vermelhas e negras, balsâmicos, baunilha, floral, chocolate e avelãs.

Seco, boa acidez, álcool bem integrado, corpo médio, muitos taninos de muito boa qualidade, aromas de frutas vermelhas, persistência média a boa.

100% Malbec – Álcool: 14% – Nota: 89/100 pts.+

Texto, descrição e avaliação dos vinhos por André Logaldi.

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