Sobre o Château Ksara

O Château Ksara é uma vinícola estabelecida  no Vale do Bekaa, no Líbano. Fundado  em 1857 pelos membros locais da comunidade cristã (jesuítas), o Château Ksara desenvolveu o primeiro vinho seco no Líbano. Atualmente é vinho mais popular do Líbano, mas devido à grande imigração de libaneses no mundo todo, pode ser encontrado e adquirido em muitos países diferentes, inclusive no Brasil, eis que brevemente um grande importador anunciará sua incorporação no portfólio. O Château Ksara Reserve du Couvent é elaborado com três castas francesas, a saber: Cabernet Sauvignon, Syrah e Cabernet Franc. Metade do mosto amadurece durante 12 meses em barrica de carvalho consoante ficha técnica disponibilizada no portal do produtor.

A Vertical

Realizada com a presença do Diretor de Marketing da Interfood, Bruno Airaghi, atual importador do Château Ksara, do Sommelier Max Cohn e de Ana Carolina, Gerente Nacional Dose/Restaurantes, no restaurante Arábia sob a supervisão dos Maîtres Carlos e Francisco, a vertical do Château Ksara Reserve du Couvent “Le Vin du Liban” contemplou as safras 2003, 2004, 2005 e 2009. Antes, porém, foi aberta uma garrafa do Château Ksara Reserve du Couvent “Le Vin du Liban”  Blanc de Blancs 2004, que ostentava um selo com os seguintes dizeres: “Concours Mondial Bruxelles Medaille d’Or 2005”, e no contrarrótulo sua composição: Chardonnay (40%), finesse e elegancé, Sauvignon Blanc (40%), arômes noisettes/fruits exótiques et Sémillon, rondeur, le gras, et la longueur”. O resultado de tudo isso foi um vinho que apresentou uma linda cor amarelo com reflexo dourado a denunciar sua evolução. Aromas abertos, intensos e sobretudo complexos com muita fruta tropical (damasco, carambola, mineral, tostado sobre um gostoso fundo amanteigado e floral. Toda essa paleta de aromas foi subscrita no paladar untuoso, elegante, intenso e profundo. Uma das maiores virtudes desse branco libanês que foi facilmente  notada por todos foi o frescor, sustentado por sua ótima acidez, sem denunciar, em nenhum momento, se tratar de um vinho de uma safra colhida 8 anos atrás: 2004. Álcool integrado (13%). Este Blanc de Blancs, elaborado exclusivamente com uvas de origem francesa, enganaria o melhor dos degustadores se fosse provado às cegas. Por fim, segue sua Nota: 91/100 pts.

Château Ksara Reserve du Couvent: a vertical demonstrou se tratar de um vinho bem elaborado, de boa tipicidade, fresco e longevo.

A seguir a descrição e avaliação dos vinhos:

Château Ksara Reserve du Couvent “Le Vin du Liban” 2009 – importador: Interfood – preço: R$ 59,90 –  vermelho rubi intenso de média concentração. Aberto nos aromas com fruta vermelha bastante evidente, compota, pimentão e discreta ponta de baunilha sobre um fundo levemente herbáceo. Na boca é um vinho jovem, de taninos de qualidade muito boa, corpo sustentado pela madeira e fruta integrados, acidez mediana e álcool sem exagero.  Vinho equilibrado, fácil de beber que por sua  estrutura vai evoluir na garrafa. Avaliação: 87/100 pts.+

Château Ksara Reserve du Couvent “Le Vin du Liban” 2005 – vermelho rubi intenso, profundo quase retinto. Aromas pouco intensos com predomínio de tons balsâmicos, cânfora e eucalipto. Fruta escassa. Na boca  exibiu taninos um pouco duros, madeira quase que ocultando a fruta, que só apareceu depois de algum tempoo na taça. Encorpado, poderoso, denso, seu estilo foi o que mais destoou dos demais. Final longo e seco. Não dá sinais de que mais algum tempo na garrafa irá mudar esse quadro. Foi bem à mesa. Avaliação: 86/100 pts. 

Château Ksara Reserve du Couvent “Le Vin du Liban” 2004 – vermelho rubi intenso, profundo sem halo de envelhecimento. Aromas abertos de média intensidade com notas balsâmicas,  frutas negras e vermelhas (cereja e morango), defumado e leve ponta de mentol. Na boca exibiu taninos pulsantes de qualidade muito boa os quais encontram anteparo na boa acidez  e no álcool integrado.  Concentrado, um vinho macio, sem arestas e que por sua estrutura ainda podei evoluir na garrafa. Avaliação: 89/100 pts.+

Château Ksara Reserve du Couvent “Le Vin du Liban” 2003 – álcool: 13% – vermelho rubi intenso, profundo com discreto halo granada em formação. Aromas abertos de média intensidade com notas de frutas negras, tabaco, defumado e leve ponta de madeira. Na boca exibiu taninos pulsantes, de qualidade muito boa os quais encontram anteparo na acidez salivante e no álcool integrado.  Concentrado, um vinho macio, sem arestas e que por sua sólidad estrutura ainda vai evoluir na garrafa. Eleito o melhor da noite. Avaliação: 90/100 pts.+


Conclusão

Se existe uma palavra que tem o poder de resumir a opinião daqueles que tiveram a oportunidade de degustar do Château Ksara Reserve du Couvent essa palavra é surpresa. Sim, surpresa porque todos ficaram surpresos com o frescor, maciez, taninos amigáveis, quantidade ideal de fruta e de madeira dos vinhos. A opção pela elegância é clara. A escola francesa é claramente invocada na elaboração desses vinhos. Como sabemos, o Líbano possui fortes laços culturais herdados do período no qual os franceses dominaram o país, logo após a queda do Império Otomano depois da 1a. Guerra Mundial.  A seguir, segue transcrição da wikipedia que nos dá algumas noções do Líbano: “Antes da Guerra Civil Libanesa (1975/1990), país vivia um período de relativa calma e prosperidade, impulsionada pelo turismo, agricultura e serviços bancários. Por causa de seu poder financeiro e diversidade, o Líbano era conhecido em seu auge como o “Suíça do Oriente”. O país atraiu um grande número de turistas, tanto que a capital Beirute era referida como “Paris do Oriente Médio”. No final da guerra, houve grandes esforços para reanimar a economia e reconstruir a infra-estrutura do país”. Após esse esclarecimento, impõe-se a análise dos vinhos, que se revelaram de qualidade acima do esperado. Apenas uma safra (2005) se distanciou da elegância dos exemplares 2003, 2004 e 2009 (Maxi Four).  As safras 2006, 2007 e 2008, salvo esclarecimento do importador anterior, não estiveram disponíveis para venda no Brasil. Por fim, cabe esclarecer que a degustação vertical teve dois destaques: safra 2003 e o Blanc de Blancs 2004 levado apenas como curiosidade. Quanto ao primeiro, ficou evidenciado que esse vinho tem capacidade de envelhecer porque evolui muito bem na garrafa durante vários anos. Basta conservá-lo adequadamente. O 2009 mostrou estilo um pouco mais leve do que os demais, mas sua faixa de preço lhe confere relação preço-qualidade que não pode ser deixada de lado (R$ 59,90). Já o delicioso “Blanc de Blancs” Château Ksara Reserve du Couvent “Le Vin du Liban” 2004, garrafa alsaciana, é um vinho que não será importado, uma pena, porque o brasileiro de uma vez por todas tem que abandonar esse preconceito pueril contra os vinhos brancos. O “Blanc de Blancs” foi a outra surpresa da noite, que por muito pouco não tirou o brilho dos tintos, os quais comprovaram que o Líbano tem tradição na elaboração de vinhos.  E também cabe salientar que a Interfood acertou na escolha desse produtor para complementação de seu portfólio, porque são vinhos de preços acessíveis que harmonizam perfeitamente com a gastronomia libanesa e árabe em geral.

Ana, Bruno, Max e Jeriel

 

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