Marca Mailly em um dos vinhedos da casa

Castas, Variedades e o conceito Grand Cru

Na região de champagne só existem 3 uvas permitidas para a produção do Champagne. Duas são uvas tintas, a Pinot Noir e a Pinot Meunier, e uma branca a Chardonnay. A grande maioria dos espumantes produzidos nessa região é elaborada com o blenddessas 3 uvas. O grande volume de produção dessa região é dos Champagnes denominados Brut, que são quase sempre elaborados com essas uvas. Esses vinhos não têm safra definidas, pois são elaborados por uma seleção de 3 ou mais safras normalmente.

 

 

Vista da Cave Mailly Champagne

Para a felicidade de muitos enófilos é possível encontrar cada vez mais opções de grandes Champagnes desde as mencionadas Brut, passando pelos Brut Rosé, os extraordinários Champagnes Blanc des Blancs (branco de brancas) elaborados com 100% da uva Chardonnay e também alguns Blanc de Noirs (branco de negras) produzidos a partir de 100% Pinot Noir e Pinot Meunier. Por último, os Millésimes, que somente são produzidos em safras excepcionais.

Nessa categoria temos do ponto de vista mercadológico duas grandes categorias, os Vintages ou Millésimes propriamente ditos e, na maioria das grandes casas produtoras, os Luxury ou Prestige Cuvées, que nada mais são os melhores vinhos produzidos por uma determinada casa (O flagship wine do produtor).

Como exemplo vale mencionar o famoso Champagne Dom Perignon, que é o mais importante da casa Moët & Chandon. Algumas casas ainda produzem as categorias Extra Brut, Extra Sec, Brut Nature e Demi Sec, dentre outros, sendo essa último um champagne doce.

 

Rótulo do Champagne Mailly Grand Cru Brut Réserve

O conceito de Grand Cru nasceu no inicio do século passado na região de Champagne. Na ocasião foi criado o Échelle des Crus, que classificou as Vilas (Villages) que produziam uvas para elaboração do Champagne. As Vilas que recebiam o melhor “rating” tinham preços mais altos.

Na ocasião somente 12 Grand Cru foram classificados e um deles era a Village de Mailly. Em 1985 mais 5 Vilas receberam a Classificação Grand Cru. Para se ter uma idéia essas 17 Vilas classificadas como Grand Crurepresentam menos de 9% de todo o território de uvas classificadas para produzir Champagne.

 

 

Vinhedos da Maison Mailly em Champagne

A Maison Mailly e seus espetaculares Grand Cru

Os registros históricos comprovam que são plantadas uvas na Vila de Mailly desde o seculo XIII. Na idade média os vinhos produzidos com a fruta de Mailly sempre foram apreciados pela Igreja e pela Nobreza. A casa foi fundada logo após a grande depressão de 1929 por um grupo de viticultores da Vila de Mailly. A base da criação da corporação foi “a la Tetê par la main” (juntos podemos fazer acontecer). O Vilarejo de Mailly fica localizado a pouco mais de 15 quilômetros a sudeste de Reims, a capital da Região de Champagne.

 

O Carro Chefe da Casa, o Brut Réserve Grand Cru

Os Champagnes Mailly são todos Grand Cru e curiosamente não levam em seu blend a casta Pinot Meunier, e sim a Chardonnay e a Pinot Noir que reinam no Village de Mailly. Chegaram ao Brasil dois anos atrás e na ocasião já “marcaram” de imediato pela excelência dos produtos, mas coincidência ou não, ou talvez por safras melhores, fizeram essas jóias estarem cada vez mais reconhecidas.

Para elaborar essa coluna tivemos a honra e mais ainda o prazer de provar cinco dos Champagne disponíveis no Brasil e o que impressiona é que em cada categoria podem ser classificados de excelentes para extraordinários. A sequência do tasting foi: Brut Réserve, Brut Rosé, L’Intemporelle Brut 2005, L’Intemporelle Rosé 2005 e Cuvée Les Échansons 1999.

O entry level da casa o Brut Réserve é um show de Champagne. Para um não safrado, está bem acima da média. A cor é um amarelo sedutor com reflexos dourados. Perlage fina, veloz e abundante. Aromas clássicos de pão e fermento complementados por leves e elegantes toques cítricos seguidos de um final tostado delicioso.

 

O delicioso Brut Rosé Grand Cru da Casa Mailly

Gustativamente é cremoso e de intensidade média para superior. Um Champagne de estilo encorpado e presente, com um final prolongado e muito agradável. Mais recomendado para ir à mesa do que ser servido como simples aperitivo. Sua composição é 75% Pinot Noir com 25% Chardonnay .

O Brut Rosé já arrasa de imediato pela linda cor. Um rosado de extrema sensualidade. Na taça fica ainda mais lindo com o perlage, revelando lindos reflexos brilhantes. Os aromas são provocantes com a fruta vermelha e os leves toques cítricos em plena harmonia. Em boca é eletrizante e muito rico. Retrogosto rico e delicioso. Esse Rosé é predominante Pinot Noir (90%) com o restante de Chardonnay.

 

O grande L’Intemporelle 2005

Após um delicioso começo chegava a mesa a dupla dos champagnes atemporais, ou seja, o Brut e o Rosé L’Intemporelle da excelente safra de 2005. Esse luxury cuvée da casa foi batizado com muita inspiração, pois devem ser mesmo apreciados sem levar em conta o tempo, são de fato atemporais.

O L’Intemporelle Brut 2005tem uma garrafa linda e translúcida, que já revela uma linda cor amarelo dourado. Elaborado com 60% de Pinot Noir e 40% de Chardonnay apresenta aromas de pêra, mel, seguidos de nuances florais, tons levemente cítricos e um final mineral delicioso. Está mais para um vinho de entrada do que para uma refeição. Muito delicado. Delicioso na boca, com muito frescor e vivacidade. Ficou fabuloso ao lado de um delicado sashimi de salmão. Está delicioso hoje, mas estará evoluindo por mais 5/8 anos.

 

A Jóia L’Intemporelle Rosé

Logo a seguir chegava a mesa o L’Intemporelle Rosé 2005 com uma cor rosa, levemente menos impactante que sua “irmã” Brut Rosé. Uma coloração rosa mais sutil. A delicadeza das micro borbulhas marcam logo nos primeiros minutos na taça. Desprende aromas encantadores de frutas vermelhas com amêndoas ao fundo.

Sente-se ainda o brioche e toques de pêssego. Gustativamente é espetacular esbanjando equilíbrio entre a acidez e a fruta. Seu final de boca longo revelando grande elegância e persistência. Simplesmente espetacular. Imaginem o privilégio, pois provar um Champagne atemporal é bom, imaginem dois, sendo que o segundo foi esse nobre Rosé.

O fechamento de nosso tasting não poderia ter sido mais feliz e rico, pois mais um luxury cuvée Mailly chegava à mesa. O Cuvée Les Échansons da primorosa safra 1999. Esse cuvée é o top de linha da casa superando a L’Intemporelle, principalmente pela sua profundidade. Composto por 75% de Pinot Noir (vinhas velhas com mais de 70 anos) e 25% de Chardonnay. Linda perlage com micro borbulhas velozes.

 

Requintado Packaging do Espetacular Prestige Cuvée Les Échansons 1999

Peras, maçãs, tons cítricos, boa presença mineral e um final de frutas secas como amêndoas. Na boca, é muito cremoso com fruta marcante e deliciosa acidez, com toques elegantes de mel. Conjunto impressionantemente elegante, repleto de finesse e muito profundo. Seu final de boca é muito longo, persistente e com uma deliciosa marca mineral. Um grande Champagne. Tremenda é sua estrutura que pode ser degustado nos próximos 10 anos. Um Champagne colecionável que foi degustado também ano passado e notadamente esse ano a mais em garrafa lhe fez bem, pois está ainda melhor.

Esse Champagne entra na lista dos TOP 6 Champagne “recém lançados” nos últimos dois anos e degustados em 2011. Nessa lista estão os inesquecíveis Dom Perignon 2002, Cuvée William Deutz 1999, Amour de Deutz 1999, Cuvée Winston Churchill 1999 da Pol Roger e do Dom Ruinart Brut Rosé 1996.

Os Champagne Mailly são importados para o Brasil com exclusividade pela Ana Imports (www.anaimports.com.br)

Texto de Luiz Gastão Bolonhez publicado originariamente no portal ppow.com.br 

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