A uva Carignan tem uma provável origem espanhola, onde pode ser chamada de Cariñena (em Aragón) ou Mazuelo (Rioja), apesar de ser a uva tinta mais plantada da França com cerca de 100 mil hectares (já teve quase o dobro, quase 212 mil hectares até 1968, mas muitos vinhedos foram arrancados). Tanto na França como na Espanha é mais utilizada em cortes do que na elaboraç ão de vinhos varietais.

DISTRIBUIÇÃO

Largamente distribuída na quente região francesa do Languedoc-Roussillon, esta uva pode ser plantada em planícies onde dá altíssima produção (200 hectolitros por hectare) com baixa qualidade ou nas encostas, quando mostra melhor seu bom potencial (35 hectolitros por hectare em AOPs Fitou e Faugères). Nos terroirs de referência, no sul da França, dá baixos rendimentos e sempre em declives. Acabou sendo abandonada nas planícies do sul da França.

No Velho Mundo ainda é plantada na Itália, chamada de Carignano, presente na Lombardia e sobretudo na ilha da Sardenha e também em Portugal (Ribatejo) e na Grécia. Recentemente provei um ótimo Carignan do produtor Paul Mas, do Languedoc, onde estes vinhos mostram ótima relação preço-qualidade.

No Novo Mundo pode se encontrada na Argentina, Califórnia e sobretudo no Chile, país que mostra bons varietais, como da vinícola Odfjell, ou cortes em que ela predomina, como por exemplo em alguns vinhos da vinícola Morandé.

O QUE ESCONDE UMA GARRAFA DE CARIGNAN?

Esta uva tem um amadurecimento tardio, gosta de regiões ensolaradas e tem a pele bem espessa. Seus vinhos são:

Bem carregados em cor pela forte presença de antocianos de sua pele grossa

Aromas de frutas escuras, ameixas, pimenta, algumas vezes tabaco e um descritor no mínimo curioso, que é o aroma de tinta (lembra nanquim), que pode estar presente em vinhos com forte extração de fenóis das cascas (macerações longas)

Teor alcoólico relativamente alto, boa acidez, uma carga tânica moderada a intensa, eventualmente podem deixar um certo amargor final e são razoavelmente ou fortemente encorpados

Dos diversos vinhos que provei, não notei diferença significativa nos perfis tando europeus como sul-americanos. São todos ricos concentrados, frutados, alcoólicos e possuem potencial de envelhecimento.

Harmonização pede pratos encorpados, típicos do sul da França tais como cassoulet, linguiças de porco, cordeiro etc.

Santé!

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