Amigos leitores, vou à partir desta linha, me atrever a escrever sobre um dos meus pontos fracos (no mau sentido): os vinhos do Chile! A questão é que tenho um enorme paradoxo interno, todavia resolvido pela coerência. Explicação: ao mesmo tempo que aprecio o país como um produtor que busca mais a expressão do terroir do que a dos vinhos de escala industrial, por outro lado não tenho grande apreço pelos vinhos da “linha média” (que desde o início estabeleci como parâmetro das tipicidades que descrevo). Já os “grandes”, serão sempre grandes! Em tempo: NÃO estou generalizando!

O VALE DE PABLO

Admitindo a “culpa” de me guiar por uma preferência pessoal, amante confesso de vinhos elegantes e não potentes, falo sobre Casablanca, a meio caminho entre Santiago e Valparaíso, santuário de clima fresco propício ao cultivo das castas que preferem ou toleram bem o frio.

O enólogo Pablo Morandé descobriu nestas terras um grande potencial inexplorado, há exatos 30 anos. Ele viu na influência marítima, sob brisas costeiras, um terreno ideal para o plantio de Chardonnay, Sauvignon e Pinot Noir, com temperaturas médias variando de 14 a 25ºC. O clima favorece um período de crescimento vegetativo mais longo, permitindo um melhor controle sobre o equilíbrio entre açúcar e acidez.

Os solos, predominantemente argilo-arenosos, exigem cuidado nas escolhas, mas o resultado geral surpreende positivamente, entretanto (na minha experiência) sendo muito suscetível às variações de safras, tal como qualquer verdadeiro “vinho de terroir”!

AS CASTAS

Como exposto acima, há várias delas e além das citadas há variedades tintas como a Syrah, que se expressa bem. Como são várias uvas, não dá para qualificar senão genericamente os atributos de cada garrafa, mas não é impossível.

O QUE ESCONDE UMA GARRAFA DE UM VALE DE CASABLANCA?

Visualmente “obedecem” às tipicidades das castas, significando que não parecem jamais hiperconcentrados (defeito comum no Novo Mundo).

Nos aromas a expressão varietal tende a ser “cristalina”, sem se perder em excessos de madeira (quando utilizada) ou em fruta sobremadura. Nos piores anos, a fruta pode ficar nitidamente “escondida”.

Paladar que privilegia o frescor, calcado em boa acidez, o álcool pode ser de teor até elevado porém só será desequilibrado em safras de menor qualidade. Também em função disso, os taninos podem variar do rústico ao “redondo”.

Bem, naturalmente não falarei sobre as dicas de harmonização pela heterogeneidade das castas, cada qual com suas “regras”, mas o balanço final tende a ser positivo, ou seja, você terá ora mais, ora menos intensamente, aquilo que espera.

Salud!

Texto de André Logaldi

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