O Esvaziando a Adega deste mês teve por tema vinhos da extinta importadora Best Wine, especializada em vinhos do Novo Mundo, que fez muito sucesso no final da década de 1990 até 2005. Seu último endereço conhecido foi no Butantã, na Rua Augusto Perrone n° 254, São Paulo, aonde foram adquiridos os vinhos dessa degustação. Estiveram presentes os Confrades José Luiz, Lucas, Clóvis, Romeu e quem escreve. O leitor deste blog Rubão Maturana participou da degustação e fez observações pertinentes.  A seguir a lista dos vinhos degustados na ordem decrescente de classificação:

2) In Situ Reserva Chardonnay 2005 – álcool: 13,5% – região: Aconcagua – típico Chardonnay chileno, com uma boa carga de madeira, mas ainda fresco com notas de frutas tropicais maduras (abacaxi principalmente), pêssego e uma pontinha de maçã verde. Apesar de contar com 7 anos, sentiu pouco o peso do anos. Avaliação: 85/100 pts.

1) Diemersdal Chardonnay 2003 – álcool: 13% – região: Durbanville – a cor não denunciou o peso de seus nove anos, porque era menos intensa do que o vinho anterior. Nos aromas toques florais sobre um fundo cítrico e mineral. Boca no mesmo diapasão com  acidez delicada a fazer sua parte. Fresco, macio, com alguns toques amanteigados confirmando sua passagem por barrica. Um vinho gostoso, longevo e, principalmente,  de grande tipicidade. Avaliação: 88/100 pts.

Desclassificado: In Situ Reserva Sauvignon Blanc 2005 – álcool: 13,5% – região: Aconcagua – a rolha de plástico saiu com facilidade e o vinho já estava em declínio.

Rutherglen Shiraz 2004 – o campeão da degustação foi um vinho australiano

TINTOS

6) Andrew Peace Mighty Murray Durif 2004 – álcool: 14% – South Eastern Australia – e-mail: andrewpeace@apwines.com – vermelho rubi com halo granada. Muito alcoólico no nariz a lembrar um vinho fortificado – Porto. Na boca é quente, macio, tânico, média persistência  e de final adocicado. Avaliação: 84/100 pts.

5) Viu Manent San Carlos Gran Reserva Cabernet Sauvignon 2001 – álcool: 13,5% – Vale de Colchágua –  vermelho turvo com halo granada. Perfil aromático unidimensional com um toque de café torrado. Boca franca, simples, equilibrada, sem fruta. Final curto. Avaliação: 85/100 pts.

4) Eral Bravo Malbec 2004 – álcool: 14,5% – região: Mendoza/Luján de Cuyo – um dos vinhos de cor mais evoluída do painel, granada brilhante. Nos aromas muito chocolate sobre leve herbáceo. Boca alcoólica, macia, um pitada de fruta preta (ameixa), acidez mediana e final limpo, persistente e redondo. Avaliação: 86/100 pts.

3) In Situ Winemakers Selection Merlot 2004 – álcool: 13,5% – Vale de Aconcágua vermelho rubi com reflexo granada. Pouco intenso mas de aromas complexos com frutas negras e mentol. Na boca exibiu taninos macios e tudo no lugar certo. Boa tipicidade. Final redondo. Avaliação: 87/100 pts.

2) Viu Manent San Carlos Gran Reserva Malbec 2002 – álcool: 14% – Vale de Colchágua – bastante evoluído na cor, este Malbec chileno exibiu aromas mentolados sobre uma convidativa nota de chocolate. Na boca taninos ainda presentes de qualidade muito boa, fruta e madeira integradas, notas de chocolate num final longo, persistente e redondo. Avaliação: 88/100 pts.

1) Rutherglen Estates Shiraz 2004 – álcool: 14,5% – Victoria – R$ 58  – O campeão da degustação foi o vinho que exibiu cor menos evoluída: vermelho rubi com reflexo violáceo e discreto halo granada em formação nas bordas. Nos aromas frutas negras, especiarias  sobre um fundo no qual o mentol se destacou.  Na boca a sua entrada revelou um vinho de taninos potentes sem agredir o paladar, álcool elevado sem incomodar, sabor concentrado, profundo e de final seco, com uma ponta de austeridade. Um belo vinho que infelizmente não pode mais ser encontrado no mercado. Um Shiraz de notável tipicidade, potência e equilíbrio gustativo,  que em 2004 já era dotado de tampa de rosca, o que certamente contribuiu para sua conservação, eis que ainda se mostrou fresco, com possibilidade de evoluir na garrafa por mais algum tempo. Avaliação: 88,5/100 pts.

Na taça o espetacular Margan Family Winegrowers Hunter Valley Botrytis Semillón 2005 – com apenas 10,5% de álcool mostrou uma impressionante concentração de sabor

Margan Family Winegrowers Hunter Valley Botrytis Semillón 2005álcool: 10,5% – linda cor topázio brilhante. No olfato exibiu uma profusão de aromas  com garapa, damasco, amendôas, fruta confitada e geléia de laranja sobre notas florais e de mel com ampla sustentação na taça. Na boca subscreveu todas as sensações olfativas com muita maciez e uma impressionante concentração de sabor, com destaque para o equilibrio entre doçura, álcool  e acidez, que resulta num vinho fresco, profundo e sobretudo prazeroso. É impressionante como uma pequena quantidade se expande no paladar. Tivesse um pouco mais de intensidade aromática e persistência, estaria perto da perfeição. Avaliação: 93/100 pts.+ 

Este delicioso Chardonnay fez as pazes com o tempo, porque estava tão fresco e frutado que não parecia ser da já distante safra 2003…

 Conclusão

A degustação, às cegas, foi surpreendente. Os vinhos foram conservados na adega sem climatização, mas todos estavam em bom estado de conservação. Apenas o Sauvignon Blanc 2005 não estava bom, mas apresentou perda de elasticidade de sua rolha sintética, que saiu sem nenhum esforço. O vinho estava oxidado. Os demais todos bons, destaque para os chilenos San Carlos (Viu Manent, atualmente importados por Hannover)  e para o melhor vinho da degustação, um Shiraz australiano dotado de screw cap da distante safra de 2004.  O grande vinho foi o espetacular  Margan Valley Botrytis Semillón 2005, que impressionou por seu corpo e concentração de sabor. Tudo isso com apenas 10,5% de álcool! O portfólio dessa pequena importadora era de qualidade elevada. Especializada em vinhos do Novo Mundo, a Best Wine  foi uma importadora exemplar, que se destacava nos eventos que participava. Relacionava-se muito bem com a mídia, associações e formadores de opinião (infelizmente muitas importadoras não dão importância para isso). Era um verdadeiro modelo, porque seu portfólio reunia produtores da Austrália, África do Sul, Argentina, Chile, Uruguai e distribuía até alguns rótulos de Portugal, mas seu forte mesmo era o “vanguardismo novomundista”.  Seus vinhos australianos e sul-africanos de baixo custo eram encontrados com facilidade nas grandes redes supermercadistas; já os vinhos premium eram comercializados somente na importadora. Infelizmente encerrou suas atividades. Mas essa degustação serviu como prova da qualidade dos vinhos que a saudosa Best Wine importava e comercializava. Uma pena!

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4 thoughts on “Esvaziando a Adega Especial – vinhos da importadora Best Wine”

  1. Boa tarde Jeriel …
    Bateu uma enorme saudade, trabalhei anos na Best Wine.
    Sempre atendi você e seus confrades como se fosse na sala da minha residência, assim formando um relacionamento bem bacana.
    Realmente abriu bons vinhos.
    Agora estou na Hannover Vinhos que me recebeu muito bem.
    Como dizia o Dr Sergio Leite, ficou apenas uma vaga lembrança.
    Obrigada pelo Post
    sandra.sp@hannovervinhos.com.br

  2. Olå Jeriel,
    Parabéns pelo post.
    GanHamos uma cx de espumante vindos da Best Wine que naomencontro mais e foi adorável!
    Era o Sul africano Tribal, da garrafa preta – perfeito para tomar com os amigos!
    Será q ainda dá p conseguir com eles como vc fez com esses da degustação?
    Ou se vc souber como conseguir me avisa, pois não tenho encontrado!
    Obrigada

    1. Paula,

      Confesso que realmente fiquei espantado com a quantidade de acessos por conta desse despretensioso post. Os vinhos dessa degustação foram comprados em 2008, quando as coisas começaram a “desandar” na saudosa Best Wine. O espumante Tribal realmente era gostoso, creio que você consiga encontrar alguma coisa na Casa Lisboa, que fica na Praça Silvio Romero. Dá uma ligada para conferir. Segue o telefone: Praça Sílvio Romero, 126 – Mooca / Tatuapé – São Paulo (0xx)11 2097-4888.

      atenciosamente

      Jeriel

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