Tenho prazer em escrever sobre o Languedoc porque se trata não só de falar sobre o que gosto, mas de promover a idéia de exterminar ranços e preconceitos de quem não estuda vinhos e proclama aos consumidores mensagens ultrapassadas tais como “vinho norte-americano é carregado em madeira” ou “o Languedoc não sabe fazer vinhos” (Michel Rolland é um desses que prestaram desserviços deste naipe). Vamos ao que interessa!

A região e seu Terroir

Languedoc-Roussillon é uma vasta e ensolarada área meridional da França, um enorme anfiteatro voltado para o mar e cercado de montanhas por todos os lados (Montagne Noire, Maciço de Corbières, Pirineus).

Dispõe de uma diversidade de solos e micro-climas (em função do relevo) e notadamente sua “marca registrada” (dos melhores locais de plantio) seriam os xistos (tal como no Douro). A paisagem se completa com a influência do Mediterrâneo, sua vegetação típica com toda a sua expressão aromática, que recai sobre os vinhos! Detalharei enfaticamente o Languedoc!

Castas

Uma grande região, com estilos variáveis. Como resumi-los? Basicamente estes tintos se dividem em cortes clássicos desta porção francesa, como o “GSM” (Grenache, Syrah e Mourvèdre) aliados à Carignan, todas estas são as vedetes da região. Já provei um Pinot Noir surpreendente também!

Meus maiores destaques, que recomendo, são os vinhos de sub-regiões que valem a pena buscar com atenção nos rótulos: La Clape, Pic-St-Loup, que fazerm parte da AOP Coteaux du Languedoc e pleiteiam apelação própria (com ligeira dominância da Syrah), Minervois (Grenache, Syrah e Carignan), Fitou e Faugères (ligeira dominância de Carignan). A modernidade na vinificação é uma realidade incontestável. O Roussillon é famoso por seus “Vin Doux Naturel” (já abordados por mim neste blog também).

O que esperar de uma garrafa de Languedoc?

Vinhos ricos em cor, porém não como resultado de extração excessiva.

Aromas expressivos de frutas maduras (vermelhas e negras), notas de ameixas, eventualmente figos (pela grande insolação) e traços vegetais típicos (ervas frescas), alguns podem ostentar mineralidade.

Paladar intenso e concentrado, ricamente frutado, algumas vezes tânicos e têm acidez suficiente sobretudo para serem sempre lembrados às refeições.

Vinhos excelentes para a mesa, não devemos nos esquecer disto! São de boa relação custo-prazer e podem ser excelentes companheiros para pratos de médio a bom corpo, mais elaborados, com molhos robustos, além de caças, assados e uma boa pizza de lingüiça de javali ao alecrim (velha conhecida em São Paulo). E enfim, obviamente com pratos típicos como o Cassoulet!

Santé!

Crédito da imagem: www.map-of-france.co.uk

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2 thoughts on “Vinho & Tipicidade (15): tintos do Languedoc”

  1. Parabéns pela ousadia, tem muito brasileiro que se nutre do preconceito e perde em aprender e saborear bons vinhos, em vez de se abrir e conhecer história, arte, gastronomia e vinhos.

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