Na última quinta-feira, dia 06.12.2012, Adolar Hermann e Edson Hermann promoveram a degustação de vinhos brasileiros das Vinícolas Hermann e Quinta da Neve seguida de almoço. O evento foi organizado e destinado aos profissionais do setor. Um dos principais enólogos portugueses da atualidade, Anselmo Mendes se fez presente.

 

A seguir a descrição e avaliação dos vinhos degustados:

Quinta da Neve Sauvignon Blanc 2011 – região: São Joaquim/Lomba Seca/SC – álcool: 13,5% – preço: R$ 32 – palha claro brilhante. Aromas intensos a lembrar um bom SB da Nova Zelândia com toques de maracujá sobre um fundo cítrico. Boca que subscreve o olfato e se destaca por seu frescor e equilíbrio. Acento mineral, um toque selvagem sem prejudicar o conjunto. Final limpo e persistente. A tipicidade é um de seus destaques. Avaliação: 88/100 pts.+

Quinta da Neve Chardonnay 2011 – região: São Joaquim/Lomba Seca/SC – álcool: 13% – preço: R$ 32 – palha na transição para dourado brilhante. Aromas pouco intensos a lembrar com notas de frutas de polpa branca (maçã verde), toques amanteigados sobre um fundo cítrico. Boca que subscreve o olfato e se destaca pela delicadeza de sua madeira (6 meses em barricas francesas de diversas idades) judiciosamente utilizada. Acento mineral, um toque de fruta madura e final macio e redondo. A tipicidade também é boa. Avaliação: 87/100 pts.+

Quinta da Neve Pinot Noir 2010 – região: São Joaquim/Lomba Seca/SC – álcool: 12,5% – preço: R$ 63 – vermelho rubi esmaecido. Aromas tostados sobre uma nota terrosa. Uma ponta de ameixas. Boca fresca, taninos presentes de boa qualidade, razoável acidez a formar um conjunto equilibrado no qual o álcool e a madeira não incomodam. Acento mineral, um toque de frutas negras num conjunto fresco e especiado. Avaliação: 87/100 pts.+

Quinta da Neve Cabernet Sauvignon 2009 – região: São Joaquim/Lomba Seca/SC – álcool: 13,2% – preço: R$ 39 – vermelho rubi intenso. Aromas vegetais que cedem espaço para frutas negras. Na boca a força de seus taninos logo se impõem ao lado da acidez intensa aportada pela Sangiovese. O conjunto é fresco, o álcool não aparece assim como a madeira. Mas o final é um pouco rústico, parecendo reivindicar mais algum tempo na garrafa para afinamento total do conjunto.  Avaliação: 86/100 pts.+

Quinta da Neve Cabernet Sauvignon (50%), Sangiovese (25%) e Merlot  (25%)  2010 – região: São Joaquim/Lomba Seca/SC – álcool: 13,5% – preço: R$ 39 – vermelho rubi intenso. Paleta de aromas diversificados com notas terrosas, licor de cassis sobre frutas negras. Boca potente, taninos macios, uma ponta de álcool, frutado evidente, madeira sem incomodar e final intenso, prolongado. Boa tipicidade, sem arestas ou qualquer aspereza. Avaliação: 86/100 pts.+

Cave Hermann Bossa n° 1 – Brut – Charmat – álcool: 11,5% – variedade: Chardonnay – Método Charmat – região: Bento Gonçalves – preço: R$ 25,20 – palha claro com reflexo esverdeado. Perlage  adequada com borbulhas em profusão. Aromas florais com toques minerais com boa sustentação na taça. Na boca é vivaz, alegre, festivo, fluído com um toque de fruta de polpa branca no paladar. Final macio, limpo. Avaliação: 87/100 pts.

Cave Hermann Lírica Brut – Champenoise – álcool: 12% – uvas: Chardonnay (75%) e Gouveio (25%) – região: Serra do Sudeste – Pinheiro Machado (RS) – preço: R$ 48 – palha intenso com reflexo esverdeado. Aromas complexos com uma ponta de leveduras se destacando. Boca no mesmo diapasão, fresca, fluída e expansiva. Seco, de boa concentração, é um espumante para ser levado a sério porque vale o preço! Avaliação: 88/100 pts.

Matiz Alvarinho 2011 – álcool: 13,2% – região: Pinheiro Machado (RS) – preço: entre R$ 60/65 – palha claro brilhante. Aromas florais, notas de cidreira, erva doce, rosas, jasmim num perfil próximo da Gewürztraminer. Na boca a sua entrada revela um vinho de acidez delicada, solidamente estruturado, acento mineral e de boa concentração de sabor, lembrando seu similar lusitano. Tudo indica apresentará boa evolução na garrafa. Avaliação: 88-89/100 pts.+ 

 

Matiz Touriga Nacional 2011 – álcool: 12,7% – região: Pinheiro Machado (RS) – uvas: Touriga Nacional (75%) e Cabernet Sauvignon (25%) – preço: R$ 48 – vermelho rubi intenso com alguma profundidade. Pouco expressivo nos aromas exibindo apenas um toque herbáceo. Na boca a sua entrada revela um vinho tânico (boa qualidade), redondo, com toques que lembram frutas cítricas, acento mineral e de média  concentração de sabor. Seu final é macio, mas falta-lhe um pouco de “pegada”. Avaliação: 86/100 pts.+

 

Matiz Plural 2011 – variedades: Aragonês (40%), Cabernet Sauvignon (26,5%), Syrah (17%), Touriga Nacional (11,5%) e Cabernet Franc (5%) – álcool: 13% – região: Pinheiro Machado (RS) – preço: R$ 48 – vermelho rubi intenso, profundo, brilhante. Multidimensional nos aromas com notas de  especiarias, geleia de frutas vermelhas, leve terroso sobre uma note de ameixas em calda. Na boca a sua entrada revela um vinho, de taninos aveludados secundados pela boa acidez, álcool e madeira integrados. De boa concentração de sabor, é largo no meio de boca e termina persistente, subscrevendo as sensações olfativas iniciais. Avaliação: 88/100 pts.+

Matiz Cabernet Sauvignon 2011 – variedade: Cabernet Sauvignon (87,5%) e Syrah (12,5%) – álcool: 13% – região: Pinheiro Machado (RS) – preço: R$ 48 – vermelho rubi intenso. Perfil aromático que remete aos cânones da casta com especiarias, frutas vermelhas e negras e uma pontinha de licor de cassis. melhor na boca com taninos macios, algo crocante, boa sintonia entre fruta, álcool, madeira e acidez. Concentrado, é um vinho de final complexo e instigante. Avaliação: 88/100 pts.+

Conclusão –

Vinhos bem feitos, sem os excessos tão comuns no Novo Mundo que ensejam uma saraivada de críticas (corretas em sua maioria) tais como álcool em excesso, madeira por sobre a fruta, concentração excessiva, preços injustos, enfim, o perfil dos vinhos é bem diferente da maioria dos vinhos que temos a oportunidade de degustar. E o melhor: produzidos no Brasil com a consultoria de um dos melhores enólogos portugueses da atualidade: Anselmo Mendes e sua equipe. Por outro lado, impende observar que a importadora Decanter dá um exemplo de que é possível além de importar vinhos, produzi-los aqui. Se uma das premissas do acordo que enterrou as famigeradas salvaguardas foi a inclusão de vinhos nacionais no portfólio das importadoras, a Decanter além de haver cumprido sua parte foi além e passou a produzir vinhos. Já conhecíamos  o bom Pinot Noir Quinta da Neve. Mas não imaginávamos que o portfólio de vinhos fosse tão grande! Depois disso tudo, surge a pergunta: para quê Salvaguardas? A Decanter fez a lição de casa. Outros importadores já incorporaram vinhos nacionais no seu portfólio. Em alguns supermercados já se nota uma maior quantidade de vinhos nacionais. Pelo visto, o fantasma das Salvaguardas está afastado.

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3 thoughts on “Importadora Decanter apresentou seus vinhos brasileiros. Depois disso surge a questão: para que salvaguardas?”

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