Na viagem que fizemos para Portugal no período de 17 a 22 de novembro, a primeira vinícola que visitamos foi a moderna Quinta da Lixa, no dia 18. Lá, fomos efusivamente recebidos por Iono Santos que nos apresentou a vinícola e ofereceu degustação completa do portfólio.

Sobre a Quinta da Lixa

A Família Meireles sempre cultivou uvas para elaboração de Vinhos Verdes. Presente em diversas área do mundo empresarial, está família que já era  proprietária de vinhedos localizados em redor da pequena Vila da Lixa, decide em 1986 criar uma pequena empresa que se viria a tornar naquela que é hoje a Quinta da Lixa – Sociedade Agrícola Ltda.  O vinho produzido era inicialmente vendido a granel mas rapidamente se percebeu que a sua qualidade e aceitação eram tais que o engarrafamento na propriedade era imperativo. devido ao aumento da produção, torna-se necessário a construção de novas instalações que viessem a substituir a primitiva adega onde já não era possível a manutenção do padrão de qualidade que caracterizava os vinhos da empresa. Assim em 1994 inicia-se a construção das atuais instalações. Surge então na Quinta da Lixa um moderno centro de vinificação com uma área coberta de cerca de 6.000 metros quadrados, uma capacidade instalada de 4 milhões de litros, escritórios, laboratórios, sala de provas e um local de venda direta ao público. Em 1999 a Quinta da Lixa compra uma nova propriedade, a Quinta de Sanguinhedo com 30 ha dos quais 20 vieram a ser ocupados com vinha. Atualmente a empresa tem um total de 52 ha assim distribuídos: Quinta da Lixa, Quinta de Sanguinhedo, Quinta de Tarrio, Quinta da Corredoura,  Quinta de Coveiros e Quinta das Maias. Com novas vinhas, no século XXI, a empresa aposta fortemente na diversificação de seus vinhos, colocando no mercado vários vinhos varietais e espumantes de Vinho Verde. A seguir a descrição dos vinhos degustados:

Espumante Quinta da Lixa não safrado – uvas: Arinto e Avesso em partes iguais – álcool: 12% – palha claro brilhante. Boa perlage. Simples, direto nos aromas. Na boca é fresco, curto e apresentou leve amargor que não compromete sua qualidade.

Quinta da Lixa Vinho Verde 2011 – uvas: Loureiro, Trajadura e Alvarinho – álcool: 14,5% – palha claro brilhante, quase translúcido. Boca leve, fresca, mineral com um sutil amargor que deve desaparecer à mesa.

Terras do Minho Touriga Nacional  Vinho Verde Rosé 2011 – álcool: 10,5% – salmão brilhante. Frutado nos aromas. Na boca exibiu boa estrutura, uma ponta de taninos, frutado  e ausência de amargor. Médio frescor, acento mineral, boa persistência.

Terras do Minho Vinho Verde  2011 – uvas: Loureiro, Trajadura e Arinto – álcool: 10,5% – palha claro. Frutado nos aromas com um toque defumado. Na boca exibiu acidez marcante, leve agulha lhe conferindo tipicidade. Macio, limpa a boca e termina sem amargor.

Alvarinho – Trajadura Vinho Verde 2011 – álcool: 12,5% – elaborado com uvas das regiões de Monção e Melgaço, exibiu aromas de frutas brancas com destaque para pêra e frutas de caroço (manga, alperce, maracujá). Boca rica, fresca com um leve toque de damasco. A alta acidez equilibra o açúcar residual. Como nos demais vinhos, final fresco e limpo, sem amargor.

Anjos de Portugal Vinho Verde 2011 – uvas: Arinto (40%),  Trajadura (30%) e Loureiro (30%) – álcool: 9,5% – Palha claro. Aromas simples e diretos. Boca magra, persistência curta, leve mineral e final limpo.

Alvarinho Pouco Comum Vinho Regional Minho 2011 – álcool: 12,5%preço: 4,70 Euros – Palha levemente carregado. Aromas complexos com notas de frutas de polpa branca sobre um fundo cítrico. Boca que subscreve os aromas, acidez viscosa, delicada, toques tostados, estrutura que habilita-o para a mesa.  Algum açúcar residual natural. Final fresco. Apenas 15% do mosto passou por fermentação maloláctica. Fácil de beber, perfil moderno.

Anjos de Portugal Vinho Verde Rosé 2011 – uvas: Espadeiro e Touriga Nacional – álcool: 9,5% – Salmão brilhante um pouco esmaecido. Aromas simples e diretos com uma nota cítrica a predominar.  Boca fresca, equilibrada, vivaz a confirmar os toques cítricas sobre um fundo mineral. Final limpo.

Quinta da Lixa Vinho Verde tinto 2011 – uva: Vinhão – álcool: 11% – cor típica da casta, intensa, profunda com reflexo púrpura. Aromas pouco intensos mas ostentando alguma complexidade com notas vegetais, resinosas sobre um fundo balsâmico. Na boca a sua acidez é vibrante e não “cobre” os taninos, apenas marca-os. O sabor é  peculiar com uma boa dose de mineralidade aportada pelo terroir local. Tem fruta. Final de média persistência, picante. Aqui a dica vem de Iono Santos: arroz de sarrabulho (enchidos de sangue), carnes gordas, lampréia a bordalesa (molho com sangue), arroz de cabidela, bacalhau com broa, bacalhau com migas de poejos e hortelã.

Iono Santos, do Departamento de Marketing da Quinta da Lixa, está à procura de  importador de seus vinhos para o Brasil. São caldos bem elaborados que  já foram representados pela importadora D’Olivino, atualmente inativa.

 

 

Em Portugal, o consumo de vinho é tão elevado que verificamos a existência de “geladeiras adesivadas” com vinhos Quinta da Lixa, p. ex. Isso seria ótimo se acontecesse aqui no Brasil.
Alvarinho “pouco comum”. Um vinho de perfil internacional, fácil de beber e de elevada qualidade. Uma especialidade desse produtor.

 

Loja existente nas dependências da Quinta da Lixa

 

A Quinta da Lixa não produz somente vinhos: queijos também recebem sua marca e a vinícola está aberta aos visitantes.

 

Conclusão

Como supramencionado, a Quinta da Lixa foi a primeira vinícola a ser visitada por indicação da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes – doravante denominada apenas CVRVV. E, de fato, essa vinícola que já esteve representada no Brasil pela importadora D’Olivino, que encerrou suas atividades ainda no primeiro semestre de 2012, justificou sua fama. Todos os vinhos degustados agradaram, eis que o perfil é moderno sem perder a identidade da região. Na degustação, três vinhos chamaram nossa atenção, quais sejam: O rosé de Touriga Nacional, O Alvarinho “Pouco Comum” e finalmente o tinto da variedade Vinhão. O primeiro porque é um rosé encorpado, fresco e gastronômico. O Alvarinho porque se trata de um vinho de perfil internacional, porque exibiu mais complexidade e doçura. E, finalmente o intrigante Vinho Verde tinto “Vinhão” . Um vinho potente, ácido e sobretudo musculoso, que reivindica um prato substancioso. Bem elaborado, não sei se é uma variedade que contaria com ampla aceitação no Brasil, mas inegavelmente é o tipo de vinho que faz sucesso na região, principalmente na harmonização com os pratos da gastronomia local. Por fim, esclarecemos que a Quinta da Lixa está à procura de importador de seus bons vinhos para o Brasil. Saliento que todos agradaram, sem exceção. São balanceados, frutados e minerais. Refletem o terroir local. Merecem estar no Brasil. No que depender de nós estarão!

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