A seguir os principais trechos da Matéria de Mariana Versolato publicada dia 24.12 na Folha de S. Paulo. Mariana é Editora-Assistente da coluna   “Ciência+Sáude”

Brinde à Saúde – Em estudo, vinhos foram classificados segundo suas próprias benéficas – 666 garrafas de vinho da América Latina foram analisadas: 333 da safra de 2009 e 333 da safra de 2010

Quatro fatores foram avaliados:

1. Atividade antioxidante – (capacidade de varrer radicais livres).

2. Concentração de substâncias fenólicas – (compostos com ação antioxidante e anti-inflamatória).

3. Concentração de antocianinas – (substâncias arroxeadas do grupo dos flavonóides). 

4. Cor – (quanto mais escuros, mais funcionais).

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” Que vinho faz bem para o coração muita gente sabe. Mas como escolher qual garrafa levar para casa considerando apenas os benefícios da bebida?

Cientistas da USP dão pistas nessa direção. Em estudo publicado no periódico “Australian Journal of Grape and Wine Research”, a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP Inar Castro e colegas fazem um ranking de vinhos da América do Sul com base na sua funcionalidade.

Editoria de Arte/Folhapress

Foram analisadas 666 garrafas de vinhos da Argentina, do Brasil, Chile e Uruguai que custam menos de US$ 50. Metade era 2009 e a outra, com as mesmas marcas, de 2010 –o objetivo era ver se a safra poderia influenciar os resultados, o que não ocorreu.

Os primeiros colocados do ranking foram o Tannat e o Malbec argentinos, praticamente empatados. Depois vêm, nessa ordem, as uvas Syrah, Carménère, Cabernet Sauvignon e Merlot. As pesquisadoras não divulgam as marcas analisadas.

Também é possível olhar para os resultados de acordo com o país. Entre os vinhos de alta funcionalidade, a maioria eram argentinos, seguidos pelos chilenos, brasileiros e uruguaios.

A uva campeã não é exatamente uma surpresa. A tannat, como o nome indica, é rica em taninos. “E quanto mais tanino e quanto maior o sabor adstringente, mais potente o efeito para a saúde. Por isso o chá-verde, que é amargo, é rico em antioxidantes”, afirma a nutricionista e bioquímica Lucyanna Kalluf.

Para chegar a essa conclusão, as pesquisadoras da USP avaliaram a atividade antioxidante (capacidade de “varrer” os radicais livres que causam oxidação celular), concentração de substâncias fenólicas (compostos como o resveratrol que têm ação antioxidante e anti-inflamatória) e a quantidade de antocianinas (pigmento roxo da família dos flavonoides).

“Com base nesses parâmetros, criamos um modelo matemático. Posso pegar qualquer vinho e dizer se ele é de baixa ou alta funcionalidade”, diz Castro.

A pesquisadora afirma, porém, que o trabalho tem limitações. “Nosso modelo tem valor preditivo de 96%, então ainda temos 4% de erro.”

Kalluf lembra que o trabalho não conseguiu ver uma relação direta entre a quantidade de antocianinas e a capacidade funcional, algo que outros estudos já mostraram.

Já o médico gastroenterologista e diretor da Associação Brasileira de Sommeliers (regional São Paulo), a pesquisa usou uma amostra genérica e restrita de vinhos. Ele, porém, elogia a “sacada” de criar esse ranking.

“Hoje, com essa geração saúde que pensa nas vantagens de cada ingrediente, uma lista como essa é útil.”

Protásio Lemos da Luz, diretor da Unidade Clínica de Arterosclerose do Incor (Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da USP), afirma que os benefícios do vinho estão relacionados à proteção do sistema cardiovascular. “A bebida tem efeito vasodilatador, impede a formação de trombos que podem levar ao infarto e aumenta os níveis de HDL, o colesterol ‘bom’.”

Mas, em geral, quem bebe vinho não busca apenas o benefício que a bebida traz à saúde. “Tem de tomar vinho primeiro porque gosta. Se puder unir a funcionalidade e o sabor, juntamos o melhor dos dois mundos”, diz o médico.

Mas, afirma ele, do ponto de vista prático, a diferença entre os benefícios de um e de outro na pesquisa é muito pequena. Portanto, faz mais sentido escolher aquele que agrada mais o paladar”.

Matéria completa na Folha de S. Paulo de 24.12.2013

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