A importadora Decanter convidou um seleto grupo de jornalistas para jantar-degustação com espumantes italianos Ferrari, com a presença de Adolar Hermann, Cézar França e do sommelier Guilherme Corrêa, no último dia 11 de dezembro. O local escolhido foi o Restaurante Huto, sito à Av. Jandira, 677, São Paulo – SP. Guilherme, como é da sua característica, fez uma explanação ampla e profunda sobre o produtor, teceu importantes considerações sobre o terroir, história do produtor e sua importância no contexto italiano e mundial e, finalmente, conduziu a degustação harmonizada fazendo comentários sobre os espumantes e pratos escolhidos para essa finalidade. Tudo com a habitual clareza e sólida fundamentação que caracteriza as exposições desse profissional. O serviço do vinho foi executado com precisão pelo Sommelier Leandro, da Decanter.
Oito linhas para Ferrari
Ferrari é o maior nome da Itália na produção de espumantes pelo método Clássico. Um século de história, sempre presente nas principais celebrações no seu país e no exterior, inclusive no Oscar e Prêmio Nobel. Fundada por Giulio Ferrari em 1902 com a convicção que o seu Trentino natal reunia as condições para se criar um espumante tão grandioso quanto o Champagne. A família Lunelli, referência na região no mercado de vinhos, assumiu em 1952 a empresa e a conduz brilhantemente até os dias de hoje, já em sua terceira geração. A Ferrari é um verdadeiro mito na Itália, tal como a famosa scuderia automobilística homônima.
Terroir
Clima tipicamente mediterrâneo no Valle dei Laghi, subcontinental no Val d’Adige e alpino no Val di Cembra. De maneira geral os verões são frescos e os invernos rígidos, com fortes excursões térmicas entre as estações e entre o dia e a noite. Temperatura média anual de 11ºC. As precipitações, nunca excessivas, distribuem-se uniformemente ao longo do ano e em forma de neve no inverno. As barreiras das montanhas ao norte protegem dos ventos gélidos, enquanto que os vales ao sul permitem a chegada do föhn, um vento meridional morno e seco. Foram degustados os seguintes espumantes:
Ferrari Maximum Brut Trento DOC – Variedade: Chardonnay – álcool: 12,5% – região: Trentinto – vinhedos em Val d’Adige, Val di Cembra e Valle dei Laghi (300-700 metros de altitude) com exposição sudeste e sudoeste. Tempo de autólise – trinta e seis meses. Importador: Decanter – Preço: R$ 223,10 por R$ 176,00 – coloração palha com reflexo dourado, perlage fino, intenso e duradouro. Borbulhas de tamanho diminuto. Complexa, tostada e madura, principalmente muito delicada. Além de sua personalidade, impressiona por sua cremosidade, harmonia e longuíssima persistência. É um espumante italiano que impressiona por sua notável consistência, regularidade e sofisticação. Avaliação: 92/100 pts.+
Ferrari Maximum Rosé Trento DOC – álcool: 12% – Variedades: Pinot Noir (60%) e Chardonnay – importador: Decanter (tel. 011 3074 – 5454) – preço: R$ 242,60 por R$ 194,10 – Vinificada em Rosé – Salmão na transição para laranja límpido e brilhante. Borbulhas pequenas em profusão. Ótimo perlage. Complexos aromas de frutas vermelhas com enfase em morangos e cerejas sobre um fundo de leveduras (autólise 36 meses). Depois de algum tempo leve tostado. Na boca se destaca por seu intenso frescor, cremosidade, concentração de sabor com muita delicadeza e intensidade frutal. De final prolongado, é do tipo que não fica por muito tempo na taça. Avaliação: 92/100 pts.
Ferrari Perlé Brut 2005 Trento DOC – álcool: 12,5% – Variedade: Chardonnay – preço: R$ 265,60 por 212,50 – importador: Decanter – produzida no Trentino, uvas originárias dos vinhedos em Trento, Val d’Adige (clima subcontinental) e Val di Cembra (clima alpino), onde os verões são frescos e os invernos rígidos, com destacada amplitude térmica entre o dia e a noite. Tempo de autólise – setenta e dois meses. Análise organoléptica: exibiu na flûte coloração palha com reflexo dourado brilhante, perlage finíssimo, mousse duradouro, bolha fina. O ataque olfativo inicial é intenso, multifacetado, com toque de baunilha, amendôas, frutas secas e brioches perfazendo um conjunto sofisticado. Além de sua personalidade, impressiona por sua cremosidade, equilíbrio, crocância e longuíssima persistência que aliada a sua mineralidade, encerram um conjunto frutado (cítrica), cheio de vida. Não custa barato, mas sua precificação na mesma faixa de preço de alguns champagnes “brut sans année” faz deste luxuoso e consitente efervescente italiano uma opção segura. Avaliação: 93/100 pts.+
Ferrari Perlé Nero Brut 2004 Trento DOC – álcool: 12,5% – Variedade: Pinot Noir – preço: R$ 431,80 por 345,45 – importador: Decanter – produzida no Trentino, uvas originárias dos vinhedos em Trento, Val d’Adige (clima subcontinental) e Val di Cembra (clima alpino). Tempo de autólise – setenta e dois meses. Verdadeiro Blanc de Noir, conforme salientou o Sommelier Guilherme Corrêa. Análise organoléptica: exibiu na flûte coloração palha quase translúcido, brilhante, perlage fino, intenso e persistente. Notas de marzipã, brioches, amêndoas sobre um fundo cítrico completa o conjunto. Na boca é um borbulhante volumoso, complexo, fresco, texturado e sobretudo maduro, esbanjando sofisticação. Além de sua personalidade, impressiona por sua cremosidade, expansão, harmonia, elegância e longuíssima persistência. Avaliação: 94/100 pts.+
Giulio Ferrari Riserva del Fondatore Trento DOC 2001 – álcool: 12% – Variedade: Chardonnay – preço: R$ 714,90 por R$ 571,95 – importador: Decanter – produzida no Trentino, numa região de clima subcontinental, onde os verões são frescos e os invernos rígidos, com destacada amplitude térmica entre o dia e a noite. Autólise de cento e vinte meses. É o espumante mais premiado de toda Itália. Seu vinhedo está incrustado praticamente nos Alpes, a 550 metros sobre o nível do mar em solo arenoso. Não é produzida todos anos. No seu lugar produz-se a Ferrari Perle. Análise organoléptica: exibiu na flûte coloração palha de média intensidade sem denotar o peso dos anos, com muito brilho, perlage finíssimo, intenso e de longa duração. Multidimensional, multifacetada, aveludada, cremosa com notas cítricas em profusão acariciando o paladar. Além de seu sabor rico, sublime, impressiona por sua rica efervescência, balanço, caráter vibrante e interminável persistência. Avaliação: 95/100 pts.+
Ferrari Maximum Demi-Sec Trento DOC – Variedades: Chardonnay – região: Trentinto – vinhedos em Val d’Adige, Val di Cembra e Valle dei Laghi (300-700 metros de altitude) com exposição sudeste e sudoeste. Tempo de autólise: trinta meses. Preço: de R$ 208,80 por R$ 167,05 – exibiu na flûte coloração palha claro, brilhante, perlage fino, delicado, intenso e duradouro. Complexas notas de frutas confeitadas sobre uma ponta de mel. Na boca sua entrada revelou bom equilíbrio entre açúcar, álcool e acidez, com a doçura a se destacar ao lado de seu frescor, harmonia e boa persistência. Estruturada e de boa cremosidade, deixa notas adocicadas nada enjoativas no persistente fim de boca. Avaliação: 90/100 pts.+
Considerações feitas por Guilherme Corrêa (AIWS – Best Brazilian Sommelier 2006 and 2009 – ABS/ASI e Finalist Best Sommelier of the Americas 2009 – APAS/ASI) sobre o produtor Ferrari: o sommelier da importadora Decanter destacou que o espumante Ferrari normalmente possui perlage espetacular, aromas complexos com sugestões de leveduras, pão fresco, equilíbrio entre acidez, fruta, frescor e doçura, final longo, persistente marcado por notas minerais. A vinícola foi fundada no distante ano de 1902, mas em 1956 produzia apenas 10.000 garrafas quando foi adquirida pela família Lunelli. Na época a Ferrari já era apontada como “sonho de consumo” dos italianos. Giulio Ferrari foi estudar em champagne e desde então passou a produzir o espumante mais famoso da Itália. O terroir se assemelha em alguns aspectos ao da região de Champagne, uma vez que a temperatura média é da ordem de 11°C contra 10,5°C da região francesa. O solo no Trentino se caracteriza pela presença de calcáreo que é fundamental para dar elegância, finesse e mineralidade aos espumantes ali produzidos. Outra característica importante é o tempo de autólise dos espumantes Ferrari: enquanto que a maioria dos champagnes “brut sans année” tem 24 meses de autólise, o tempo mínimo do espumante Ferrari é bem maior: 36 meses sobre as leveduras. É isso que dá os toques de croissants, frutas secas, leveduras aos espumantes dessa marca. Guilherme também destacou que Ferrari não tem nada haver com Franciacorta, cujas casas produtoras são pequenas e estão a uma altitude menor, cerca de 200 metros de altitude. A produção anual da Ferrari beira 4,5 milhões de garrafas por ano e por isso, ao mesmo tempo que é respeitada pelas principais casas de champagne, também é temida!
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Caro Jeriel, mais uma vez você se superou na cobertura do evento, tanto do ponto de vista técnico, impecável, como na habilidade de transmitir a emoção que imperou nesta grande noite!!! Desejo que continue assim iluminado e apaixonado pelo vinho e pelas palavras…
Guilherme,
Obrigado. Acredito que daqui algum tempo você irá assinar: Guilherme Corrêa M. W.
abraço
Jeriel