Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), entidade responsável pela promoção dos Vinhos do Alentejo no mercado português e em mercados-alvo internacionais,  convidou um pequeno grupo de jornalistas brasileiros para conhecimento de vinícolas no Alentejo (programa “Um Alentejo Diferente”), sob a condução de Maria Amélia Vaz da Silva, num roteiro diversificado e exclusivo, que implicou na visita de vinícolas e degustações de vinhos dessa importante região produtora de vinhos de Portugal, no período de 21 a 25 de janeiro do corrente ano.

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Sobre a Quinta do Zambujeiro

Estabelecida em Borba, ao Norte da Serra d´Óssa, em Monte dos Zambujeiros, Rio de Moinhos,  está a Quinta do Zambujeiro, com 30 hectares de vinhas, com idades entre os três e os 30 anos. Adquirida em 1998 pelo suíço Emil Strickler. Em 2004, ele concebeu a marca Monte do Castanheiro que faz parte da sua “gama de entrada”. Na Quinta do Zambujeiro são cultivadas as seguintes variedades: Trincadeira, Aragonês, Periquita, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Tinta Caiada, Cabernet Sauvignon e Petit Verdot, plantadas em solos xistosos, sendo que há vinhedos de mais de 45 anos de idade. Sua produção total não pode ser considerada grande: 100 mil garrafas/ano. De um total de 40 hectares, 12 são explorados com vinhedos. As uvas são transportadas em pequenas caixas, selecionadas manualmente e acondicionadas em câmara fria. A fermentação se dá em balseiros de carvalho francês. Os seus melhores tintos passam até 18 meses em barricas de carvalho francês e de seis a 24 meses em garrafa. Tem por Enólogo-residente Luiz Lourinho.

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Sobre a Sub-região de Borba

Borba é a segunda maior sub-região do Alentejo, estendendo-se entre o eixo que une Estremoz a Terrugem, alargando-se a Orada, Vila Viçosa, Rio de Moinhos e Alandroal, terras pontuadas por depósitos colossais de mármore que marcam de forma indelével a viticultura e o caráter dos vinhos da sub-região. As manchas alargadas de solos de xisto vermelho, distribuídas de forma heterogênea pelas terras pobres e austeras de Borba, são a principal alternativa ao mármore. Borba possui um microclima especial que lhe assegura índices de pluviosidade levemente superiores à média alentejana, proporcionando vinhos especialmente frescos e elegantes.

Andrea, da Quinta do Zambujeiro
Andrea, da Quinta do Zambujeiro
A seguir os vinhos degustados na sede da Quinta do Zambujeiro, na presença de Andrea Anselmo, Sales Manager que teceu explicações sobre cada vinho degustado: Monte do Castanheiro, Terra do Zambujeiro e Zambujeiro (O vinho Monte do Castanheiro Branco não foi degustado), a seguir descritos e avaliados. No Brasil, podem ser adquiridos no importador Casa Flora:
Monte do Castanheiro 2011 –  álcool: 14,5% – Variedades: Alicante Bouschet (30%), Aragonez (30%), Trincadeira (25%) e Tinta Caiada (15%) – vinho amadurecido um ano em barrica de carvalho francês de terceiro e quarto usos. Preço médio em Portugal: $ 9 – 10 Euros – no Brasil: R$ 93 (safra 2009) – Análise organoléptica: Violáceo intenso de média profundidade. Aberto nos aromas com notas de frutas negras sobre um fundo balsâmico. Boca no mesmo diapasão, tânica (boa qualidade), álcool generoso, acidez intensa e razoável presença de fruta que não está encoberta pela madeira. Enfim, vinho de nítido perfil alentejano, bem feito, que expressa com fidelidade o terroir local. Avaliação: 89/100 pts.+
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Terra do Zambujeiro 2009 – álcool: 15,5% – Variedades: Aragonez (45%), Tinta Caiada (15%), Alicante Bouschet (15%), Trincadeira (10%), Touriga Nacional (10%) e Cabernet Sauvignon (5%), passou dois anos em barrica e dois anos de afinamento na garrafa antes de sua liberação ao mercado.  Preço médio em Portugal: $ 25 Euros –  no Brasil: R$ 241 (safra 2008) – Violáceo intenso profundo. No nariz uma verdadeira paleta de aromas com framboesa, ameixa e cerejas sobre notas balsâmicas com uma pitada de coco. Na boca sua entrada revelou um vinho jovem, quente, de taninos acetinados, muito boa concentração de sabor com notas crocantes decorrentes do uso correto da barrica. Vincado na fruta que se expressa livremente, com profundidade que chega a lembrar passificação. O final é longo, persistente e marcante. Não custa barato, mas esbanja tipicidade, qualidade e elegância. Avaliação: 90/100 pts.+
Zambujeiro 2009 – Álcool: 15,5% – Variedades: Touriga Nacional (47%), Alicante Bouschet (47%), Petit Verdot (4%) e Tinta Caiada (2%) – Amadurecido em barrica de carvalho francês novo durante 24 meses, obteve 96/100 pts. Robert Parker Violáceo intenso, profundo, quase negro na cor como a já denunciar um vinho de grande extrato. Paleta de aromas diversificados e apetecíveis com as típicas notas florais (violetas) aportadas pela onipresente e bem adaptada Touriga Nacional ao terroir local. Frutado copioso com geleia de frutas negras (figo e ameixa principalmente) em destaque. Sugestões de chocolate, licor de cassis e tostados encerram o perfil deste verdadeiro gigante Alentejano. Tudo isso confirmado no paladar, denso, grande, profundo, desmesurado, enorme, quase exagerado. Seus taninos são de grande amplitude e profundidade, proporcionando volume de boca e sua acidez dá a medida do intenso frescor deste vinho quente e aveludado. O álcool provoca leve aquecimento do paladar sem incomodar. Notas cárnicas marcam o sabor complexo e salivante. A fruta também dá o ar da sua graça sem estar encoberta pela madeira fina (cedro). O fim-de-boca também é persistente, aveludado e ao mesmo tempo rugoso. Um verdadeiro “Ex-Libris” do Alentejo que conjuga com maestria os estilos tradicional e moderno. Longa vida na garrafa pela frente. Custa caro mesmo para os padrões portugueses, imagine em terra brasilisAvaliação: 92-93/100 pts.++
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