A produção obtida nas vinhas é vinificada num local histórico e sagrado, a Adega da Cartuxa, situada na Quinta de Valbom em Évora. A adega está instalada num edifício que pertenceu à Companhia de Jesus em 1580 e que na época era a sua casa de repouso. Com a expulsão dos jesuítas de Portugal pelo Marquês de Pombal, este edifício foi integrado aos Bens Nacionais em 1755. No ano seguinte, já funcionava no local um importante lagar de vinho que absorvia a produção vinícola da região. Em 1869 o edifício foi vendido em haste pública e adquirido por José Maria Eugênio de Almeida, avô do Eng. Vasco Maria Eugênio de Almeida.
Próximo à Adega da Cartuxa, fica o bonito Mosteiro da Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli, fundado em 1587 e que retomou em 1960 a atividade religiosa contemplativa, depois de vultosas obras de restauro empreendidas pelo Conde de Villalva. No silêncio das caves deste Mosteiro, vários vinhos da Fundação fazem o seu estágio em garrafa.
Sempre com a preocupação do enquadramento arquitetônico num edifício muito rico em história, a Adega da Cartuxa passou por várias reformas e ampliações nos últimos anos. Hoje é uma das mais modernas e bem equipadas do Alentejo. Toda cercada por vinhas e com uma charmosa loja de vinhos, a Adega da Cartuxa é visita obrigatória para todos os que se dirigem a Évora.
Degustação –
Cartuxa Reserva 2007 – Variedades: Aragonez, Alicante Bouschet e Alfrocheiro – Preço médio R$ 230 – 250 (safra 2009) – um dos Alentejanos mais conhecidos no Brasil, amadurecido 15 meses em barrica de carvalho novo francês acrescidos de mais 12 meses na garrafa antes de sua liberação ao mercado. Análise organoléptica: bonita e sedutora cor violácea na transição para granada límpido e brilhante, no olfato apresentou aromas complexos e apetecíveis num perfil aromático no qual a Alfrocheiro dá o tom com sua típicas notas de groselha, cereja. Especiarias, tabaco e leve nota de couro também integram o conjunto. Na boca, além da subscrição total dos aromas, é um vinho “clássico que se modernizou” segundo o respeitadíssimo crítico português Rui Falcão. Taninos aveludados, acidez viva, fruta copiosa, muita vida pela frente num final elegante e sedoso. Fresco, tânico (excelente qualidade), equilibrado. Um vinho cuja presença nas melhores adegas é indispensável. De fato, estamos diante de um dos tintos que representam o Alentejo. Um verdadeiro “Ex-Libris”. Avaliação 91/100 pts.+