Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), entidade responsável pela promoção dos Vinhos do Alentejo no mercado português e em mercados-alvo internacionais, dirigida por Dora Simões convidou um pequeno grupo de jornalistas brasileiros para conhecimento de vinícolas no Alentejo (programa “Um Alentejo Diferente”), sob a condução de Maria Amélia Vaz da Silva, num roteiro diversificado e exclusivo, que implicou na visita de vinícolas e degustações de vinhos dessa importante região produtora de vinhos de Portugal, no período de 21 a 25 de janeiro do corrente ano. A seguir nossas impressões sobre a vinícola Glória Reynolds, visitada na manhã de 23 de janeiro de 2014, o grupo foi recebido em Arronches – Monte da Figueira de Cima 7.340, pelo Enólogo Nelson Martins e depois por Julian Cuellar Reynolds, proprietário da vinícola.

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A seguir a relação dos vinhos brancos degustados:

Carlos Reynolds Branco 2012 – Álcool: 13,5% – Variedades: Antão Vaz e Arinto – Preço em Portugal: $ 4 Euros – Palha brilhante. Aromas florais e frutados. Boca macia, acidez controlada, álcool integrado. Boa fruta. Aqui temos um blend de duas variedades portuguesas, a Arinto que vem de Marvão, na Serra de São Mamede  e a Antão Vaz proveniente da propriedade mais antiga denominada Figueira de Cima (vinhas velhas). O resultado é um vinho harmônico, consensual, limpo e redondo, marcado por sugestões de frutas tropicais. Avaliação: 87/100 pts.

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Julian Reynolds Branco 2012 – Álcool: 13,5% – Variedade: Arinto – Marvão/Serra de São Mamede cultivada em solo de xisto e argila – Preço em Portugal: $ 7 Euros – Palha intenso brilhante. Aromas complexos com discretas notas florais secundadas por toques de frutas tropicais como marmelo, abacaxi e pêssego. Na boca sua entrada revelou leve dulçor, bom equilíbrio entre fruta e acidez, alguma untuosidade e suculência. Vinho persistente, fresco, delicado e macio, sem amargor. Avaliação: 88/100 pts.

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Gloria Reynolds Branco 2012 – Álcool: 13% – Variedade: Antão Vaz – Preço em Portugal: $ 12 Euros – Vinho fermentado em barrica de carvalho francês durante 10 meses com battônage – Trata-se de monovarietal elaborado com Arinto de um talhão de apenas um hectare localizado em Marvão na Serra de São Mamede (120 km da vinícola). Análise organoléptica: palha claro brilhante. Paleta complexa de aromas: desde pinceladas minerais, passando por fruta tropical com ênfase em lima e banana até leves toques de mel no fim-de-boca. Um branco sofisticado, de grande expressão aromática e gustativa. Estruturado, mineral, longo, persistente, sem arestas. Avaliação: 89-90/100 pts.

Julian Reynolds, proprietário da vinícola
Julian Reynolds, proprietário da vinícola

TINTOS

Carlos Reynolds 2010 – Álcool: 12,5% – Variedades: Alicante Bouschet, Trincadeira e Syrah – amadurecido em barrica de carvalho francês por oito meses e afinado na garrafa por mais doze meses – Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso. Aromas de geleia de frutas negras, canela sobre leve tostado. Na boca exibiu taninos volumosos, ligeiramente adocicados, madeira bem colocada, acidez intensa sem incomodar, álcool generoso, enfim, um vinho potente, rugoso, equilibrado, marcado pela tipicidade. Avaliação: 87/100 pts.

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Julian Reynolds Reserva 2008 – Álcool: 14,5% – Variedades: Alicante Bouschet, Trincadeira e Touriga Nacional – intenso com alguma profundidade na cor, frutas negras dominam os aromas ao lado de pitadas de pimenta negra e noz moscada. No paladar um vinho de taninos intensos, marcantes e texturados. O álcool e a acidez elevada marcam bem este tinto, sucesso de vendas no Brasil justamente porque carrega em si o DNA dos vinhos alentejanos: nervo, pegada e muita personalidade. Um tinto gostoso, bem elaborado, prazeroso. Avaliação: 88/100 pts.

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Gloria Reynolds Art & Tradition 2005 – Álcool: 13,5% – Variedades: Alicante Bouschet, Trincadeira e Syrah – Preço em Portugal: $ 25 Euros – elaborado com uvas de vinhedos com 30-35 anos, somente em safras consideradas especiais como a de 2005. Análise organoléptica: na taça exibiu cor violácea intensa, profunda, com discretíssimo halo granada em formação. Nos aromas muita complexidade com fruta negras, tabaco, chocolate sobre uma nota defumada. Na boca a plena subscrição dos aromas. Um vinho gostoso, de notas crocantes, taninos aveludados, álcool e acidez integrados, com toda fruta aportada pela Syrah. Harmonioso, sem dúvida estamos diante de um dos grandes tintos do Alentejo, com longa vida na garrafa pela frente. Avaliação: 90-91/100 pts.+ 

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Julian Reynolds Grande Reserva 2006 – Álcool: 13,5% – Variedades: Alicante Bouschet, Trincadeira (40%) e Syrah (20%) – Apenas 10.000 garrafas produzidas; vinho que só é elaborado, consoante explicação dada pelo enólogo, quando o Glória Reynolds não é feito. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso com halo púrpura. Aromas complexos e sofisticados com notas lácteas e de especiarias num primeiro plano. Depois frutas negras, fumo-de-corda sobre madeira fina (cedro). Na boca sua entrada revelou um vinho de taninos presentes de fina textura, ligeiramente adocicados. Madeira presente sem sobrepor-se à fruta. Amplo, denso, profundo, crocante, persistente, termina a prometer grande evolução. Avaliação: 91/100 pts.+ 

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Robert R. Reynolds Fortified Wine Harvested in 2005 – Álcool: 19% – Variedade: Alicante Bouschet – Vinho Licoroso – Amadurecido dois anos em barricas usadas de carvalho francês – Granada brilhante com alguma profundidade. Aromas dominados por especiarias doces (canela principalmente), vermute sobre geléia de ameixa. Concentrado e denso no paladar, com razoável equilíbrio entre doçura e frescor. Quente, fluído, termina curto, sem amargor. Avaliação: 87/100 pts.

Considerações

Em 1901 o primeiro vinho tinto engarrafado no Alentejo foi uma iniciativa de Thomas J. Reynolds.  Julian Reynolds comprou a Herdade da Figueira de Cima em 1980. Hoje, quem está no comando da vinícola é a sétima geração, representada pelo jovem Carlos Reynolds de 28 anos de idade. Glória Reynolds, que comandou a herdade até sua morte, faleceu, aos 98 anos, em 2011. De acordo com o Enólogo Nelson Martins, a família foi a introdutora da Alicante Bouschet no Alentejo, casta base de seus melhores vinhos. A propriedade tem área total de 200 hectares com criações de ovinos, suínos (porco preto) e bovinos (gado alentejano). Possui 40 hectares de vinhedos. Também produz azeites de elevada qualidade, da marca “Figueira de Cima”. Variedades cultivadas – brancas: Arinto e um talhão de 1 hectare de Antão Vaz na propriedade denominada Figueira de Cima. Tintas: Alicante Bouschet, Aragonês, Trincadeira, Syrah, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional e Alfrocheiro. Os vinhos todos anos são diferentes dentro da mesma ideia, dentro do mesmo perfil. As uvas são fermentadas em balseiros de carvalho francês “Seguin Moureau”. São vinhos nos quais a tostadura da madeira não se sobrepõe à fruta; as barricas são usadas para dois, três vinhos. Na propriedade também são cultivadas oliveiras que produz um ótimo azeite da variedade Galega (100%). Há Azinheiras (que produz a bolota que serve de alimento para o porco preto/pata negra) e Sobreiros (rolha). O clima na região é muito árido, seco, duro. No Alto Alentejo essa situação já não se verifica, porque o clima é mais suave. Os rótulos dos vinhos da Família Reynolds são autenticamente alentejanos: a faixa azul representa o rodapé das casas, o rótulo branco o cal das casas caiadas para amenizar o calor e as cores azul e vermelha das cápsulas, são as cores da região. A “coroa” é a mesma utilizada para ferrar animais. No Brasil, os vinhos são importados e distribuídos por www.wine.com.br

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2 thoughts on ““Um Alentejo Diferente” – Gloria Reynolds”

  1. Estimado,
    Com todo o respeito. Todos os alentejanos que você comenta são colocados como “um alentejo diferente”. Eu não entendo, pois muitos que vi em seu blogue são alentejanos deveras tradicionais. Por que a palavra “diferente”?
    Saudações,
    Carlos Roberto Dias

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