Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), entidade responsável pela promoção dos Vinhos do Alentejo no mercado português e em mercados-alvo internacionais,  convidou um pequeno grupo de jornalistas brasileiros para conhecimento de vinícolas no Alentejo (programa “Um Alentejo Diferente”), sob a condução de Maria Amélia Vaz da Silva, num roteiro diversificado e exclusivo, que implicou na visita de vinícolas e degustações de vinhos dessa importante região produtora de vinhos de Portugal, no período de 21 a 25 de janeiro do corrente ano. A seguir nossas impressões sobre a Adega Cooperativa de Redondo, salientando que os jornalistas foram recebidos pelo enólogo Pedro Hipólito, no dia 22 de janeiro do corrente.

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A Adega Cooperativa de Redondo foi criada em 1.956 por onze sócios. Atualmente 15 sócios respondem por cerca de 20% da produção e 40 sócios pelo restante, cerca de 80% da produção. O enólogo da Cooperativa é o respeitado Pedro Hipólito, que já conta com 14 vindimas. Atualmente são 2.100 hectares de vinhedos, de onde saem as uvas para produção de vinhos que se destacam na relação preço-qualidade importados no Brasil por Barrinhas, de Cláudio Moreira. As castas alentejanas totalizam 80% dos tintos e 20% das brancas. Na ala das tintas a Trincadeira responde por 30% da produção, seguida da Aragonez e da Castelão, trazida da Península de Setúbal no começo dos anos 1980, sendo que o primeiro vinho fino foi produzido em 1990. A casta branca Fernão Pires (Arinto),  da Península de Setúbal, teve sucesso na região assim como a Maria Gomes, da Bairrada. A Castelão ajudou no desenvolvimento da região. A Alicante Bouschet é uma variedade tintureira que corresponde a 8% dos vinhedos. Touriga Nacional, Syrah, Roupeiro, (é a branca Siria) e Alfrocheiro.

"Balões" de 300.000 litros revestidos époxi mantém a temperatura do vinho constante. Também são utilizadas barricas de 1.000 litros, 700 litros e 300 litros, que só são utilizadas durante quatro anos.
“Balões” de 300.000 litros revestidos époxi mantém a temperatura do vinho constante. Também são utilizadas barricas de 1.000 litros, 700 litros e 300 litros, que só são utilizadas durante quatro anos.

Sobre a Sub-região do Redondo

A Serra da Ossa, uma das maiores serras do Alentejo, eleva-se a cerca de 600 metros de altitude, dominando e delimitando a sub-região do Redondo, protegendo a vinha a Norte e Nascente, proporcionando Invernos frios e secos compensados por Verões quentes e ensolarados. Os solos, apesar de heterogêneos, privilegiam os afloramentos graníticos e xistosos, dispostos em encostas suaves com predominância na exposição Sul. É uma das regiões mais consistentes graças à proteção que a Serra da Ossa proporciona.

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Mais informações sobre a Adega Cooperativa de Redondo

A Adega do Redondo é uma das grandes responsáveis pelo fenômeno de popularidade dos vinhos do Alentejo. São 15 milhões de garrafas vendidas todos os anos. Graças a marcas de venda massificada,como a Porta da Ravessa ou Real Lavrador, num fenômeno comercial iniciado na década de 1980, a cooperativa afirma-se um dos campeões de vendas. Fundada em 1956, beneficia das qualidades particulares da sub-região do Redondo. A presença da Serra D’Ossa, a Norte e a nascente, é determinante na qualidade das uvas, permitindo a ocorrência de maturações equilibradas, resultando em vinhos brancos citrinos, muito frescos e aromáticos, bem como vinhos tintos extremamente agradáveis e suaves para serem consumidos novos.

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A seguir a relação dos vinhos degustados na cidade de Redondo, restaurante “Celeiro do Pinto”, com a presença do enólogo Pedro Hipólito :

Os vinhos da Adega Cooperativa de Redondo são fáceis de beber, não são caros e bem distribuidos em Portugal e no Brasil (Barrinhas)
Os vinhos da Adega Cooperativa de Redondo são fáceis de beber, não são caros e bem distribuidos em Portugal e no Brasil (Barrinhas)

Porta da Ravessa branco DOC Alentejo 2013 – Álcool: 12,5% – Variedades: Fernão Pires, Arinto, Roupeiro – Palha esverdeado. Aromas florais (a lembrar Moscatel) e cítricos. Na boca sua entrada revelou um vinho macio, cítrico, acídulo (longe de ser cortante), de média persistência, final limpo.

Porta da Ravessa  DOC Alentejo 2013 – Álcool: 12,5% – Variedades: Trincadeira, Aragonez, Castelão e Alicante Bouschet – Violáceo intenso. Aromas florais e lácticos sobre fruta preta. Na boca sua entrada revelou um vinho macio, de taninos redondos, fácil de beber, fresco e com boa quantidade de fruta. Termina sem arestas.

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Latitude Tinto DOC Alentejo 2013 – Álcool: 13,5% – Variedades: Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet – Violáceo intenso de média profundidade. Com ligeira passagem por madeira, revelou toques tostados, taninos de boa qualidade, álcool integrado e acidez na medida certa, ligeiramente mais frutado do que o exemplar anterior. Final limpo.

O Enólogo Pedro Hipólito elabora vinhos em grande quantidade sem perder de vista a qualidade.
O Enólogo Pedro Hipólito  já participou de 14 vindimas e elabora vinhos em grande quantidade sem perder de vista a qualidade.

Reserva ACR 2010 – Álcool: 14% – Variedades: Trincadeira, Aragonez e Alicante Bouschet – Escurão na cor quase retinta, profunda. Complexo nos aromas com notas de ameixas, tostado sobre uma ponta defumada. Na boca sua entrada revelou um vinho de taninos presentes de qualidade acima da média, acidez correta, álcool integrado, fruta e madeira integradas resultando num vinho denso, carnudo, de ótima tipicidade. Avaliação: 88-89/100 pts.+

AR Triplo Tinto 2009 Vinho Regional Alentejano – Álcool: 13,5% – Variedades: Touriga Nacional, Syrah e Cabernet SauvignonPreço médio em Portugal: $ 8 Euros – Vinho amadurecido em barricas novas francesas por 15 meses. As variedades utilizadas na elaboração deste vinho são plantadas em solos xistosos existentes ao Sul da Serra D’Ossa, localização que sabidamente produz caldos mais frescos e equilibrados. Análise organoléptica: Retinto, profundo, muito intenso na cor de matiz violáceo. Aberto e opulento nos aromas com fruta confitadas,  tabaco, licor de cacau sobre notas balsâmicas. Boca tânica (ótima qualidade), madeira bem casada com a fruta (framboesa), álcool generoso sem incomodar, grande expansão no paladar, enfim, um vinho gostoso, crocante, de nítido acento alentejano muito bem feito, que exprime o caráter dos tintos da região com fidelidade decorrente da dedicação e seriedade do Enólogo Pedro Hipólito. Avaliação: 90-91/100 pts.+

Conclusão

A Adega Cooperativa de Redondo impressiona logo à primeira vista: seu tamanho gigantesco e imponente impede que essa vinícola passe despercebida para quem estiver na região. A visita às suas dependências impressionou positivamente, mas o que realmente despertou atenção dos visitantes e em especial deste escriba foi a destacada qualidade dos vinhos ali produzidos. Desde os vinhos da linha Real Lavrador 2013, a cooperativa demonstra preocupação com a qualidade, eis que o vinho (branco) se mostrou franco, honesto, sem maiores pretensões além de servir como acompanhamento de uma refeição do dia a dia. Foi muito bem à mesa com pratos típicos da cozinha Alentejana, eis que se destacou por sua acidez o que o habilitou a servir de acompanhamento de uma vitela.  Outro destaque levado pelo Enólogo Pedro Hipólito foi o excelente AR Triplo 2009, em fase rotulagem, que em breve deverá estar no Brasil. Sem medo de errar e sem desmerecer ninguém, até aqui o melhor tinto degustado.  Para encerrar, a Adega Cooperativa de Redondo põe em cheque a afirmação de quantidade não implica em qualidade, eis que desde o nível de entrada (vinhos que no Brasil são comercializados abaixo dos R$ 25), já se verifica o mínimo de qualidade que o consumidor espera.  Essa qualidade acompanha todas as linhas de vinhos sendo esse o motivo pelo qual seus produtos tem aceitação plena em Portugal e no Exterior. Destaco, outrossim, a firme condução do enólogo-residente Pedro Hipólito, seguramente um dos melhores do Alentejo, quiçá de Portugal.

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