Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), entidade responsável pela promoção dos Vinhos do Alentejo no mercado português e em mercados-alvo internacionais, convidou um pequeno grupo de jornalistas brasileiros para conhecimento de vinícolas no Alentejo (programa “Um Alentejo Diferente”), sob a condução de Maria Amélia Vaz da Silva, num roteiro diversificado e exclusivo, que implicou na visita de vinícolas e degustações de vinhos dessa importante região produtora de vinhos de Portugal, no período de 21 a 25 de janeiro de 2014. A seguir nossas impressões sobre a Roquevale. O grupo foi recebido por Joana Roque do Vale, enóloga da vinícola.

Roquevale Reserva 2005

Ao longo de quase vinte anos, a Roquevale desenvolveu uma gama completa de vinhos elaborados principalmente das castas do Alentejo pela enóloga Joana Roque do Vale. A Sociedade Agrícola Herdade da Madeira Ltda. foi criada em  1983, na sequência da existência de uma sociedade irregular, familiar, a trabalhar no concelho de Redondo desde 1970. Passou a denominar-se Roquevale.

A atividade agrícola da Roquevale foi, durante alguns anos, diversificada. De destacar, além da cultura da vinha, a cerealicultura e a pecuária (ovinos). Nos finais da década de 80, houve a opção de abandonar todas as outras atividades, tendo a empresa passado a dedicar-se apenas à vitivinicultura.

Em 1989 foi construída uma adega no Monte Branco.

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Ambiente/paisagem em que se integra:

Situada no sopé da Serra d’Ossa, a Roquevale faz parte da região vitivinícola de Redondo, atualmente, uma das oito sub-regiões da Denominação de Origem Controlada (D.O.C.) Alentejo. Apesar de possuir vinhos brancos de qualidade, ainda são os tintos que fazem desta zona vitivinícola uma das de maior prestígio em Portugal.

Características especiais da vinha:

As duas herdades propriedade da empresa são o Monte Branco, com solos de origem granítica, fundamentalmente dirigido à produção de uvas brancas e a Herdade da Madeira Nova de Cima, com solos vermelhos de xisto, vocacionada para a produção de uvas tintas. A área total de vinha ronda os 185 hectares, 80 % de uvas tintas e o restante de castas de uva branca.

Na adega, além de pequenos investimentos, pontuais e consecutivos, os grandes projetos de expansão ocorreram em 1991/1992, em 1996/1997 e em 2002/2003.

A Roquevale ficou assim dotada das estruturas imprescindíveis à sua atividade, ao nível da produção, controlo de qualidade, engarrafamento, armazenagem, estágio de vinhos e defesa do meio ambiente.

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Arquitetura:

Numa ampla e bonita cave inaugurada no ano 2003, os vinhos de maior qualidade estagiam em barricas de carvalho francês e americano e também se efetua o estágio do vinho em garrafa, indispensável à obtenção de vinhos de grande nível. Fonte: ViniPortugal

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A seguir a descrição e avaliação dos vinhos degustados, sob orientação de Joana Roque do Vale, esclarecendo que:

a) No Brasil os vinhos são importados por Adega Alentejana.

b) Os vinhos da Safra 2013 não foram pontuados porque não estão prontos.

Redondo Branco 2013 – preço médio no Brasil – R$ 25 – Variedades: Roupeiro, Rabo de Ovelha, Arinto e Fernão Pires – Palha esverdeado. Aromas florais secundados por notas cítricas. Na boca predomínio da acidez sobre os demais elementos.

Terra de Xisto Rosé  2013 – preço médio no Brasil – R$ 20 – Variedades: Aragonez, Castelão e Touriga Franca – Cereja intenso. Aberto nos aromas com notas florais e frutadas. Corpo bom, acidez elevada, perfil gastronômico.

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Terra de Xisto Tinto  2013 – preço médio no Brasil – R$ 20 – Variedades: Aragonês, Trincadeira, Castelão e Moreto – Violáceo intenso. Nariz  levemente herbáceo. Boca tânica (regular-bom). Presença discreta de fruta. Alta acidez.

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Tinto da Talha 2011  – preço médio no Brasil – R$ 32 – Álcool: 13,5% – Variedades: Trincadeira, Castelão e Aragonês – Violáceo intenso com alguma profundidade. Aberto nos aromas com discretas notas balsâmicas, chocolate sobre discreto toque herbáceo. Na boca taninos firmes, alta acidez, álcool generoso, tudo entrelaçado formando um conjunto potente e concentrado. Termina com média persistência, sem amargor. Avaliação: 86/100 pts.

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Tinto da Talha Grande Escolha 2009 – preço médio no Brasil: R$ 55 – Variedades: Touriga Nacional e Alicante Bouschet – Vinho cuja passagem por carvalho restringe-se apenas à fermentação maloláctica. Três semanas de carvalho novo. Análise organoléptica: Vermelho-rubi intenso na transição para granada. Aromas intensos com sugestões de frutas negras, especiarias e chocolate. Na boca sua entrada revelou um vinho gostoso, de taninos presentes de qualidade muito boa promovendo uma sensação crocante no paladar. Álcool generoso, acidez média/alta, boa concentração de sabor num final longo e marcante. Avaliação: 87-88/100 pts.

Roquevale Grande Reserva 2006 – Amadurecido em barrica durante 24 meses – preço médio no Brasil: R$ 72 – Variedade: Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Trincadeira – Violáceo na transição para granada. Notas de caramelo e chocolate nos aromas sobre discreto vegetal. Na boca exibiu taninos macios, quase aveludados. Tudo em sintonia: fruta, madeira, álcool, taninos e acidez. Vinho de nítido acento alentejano: forte e equilibrado. Avaliação: 88/100 pts.

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Roquevale Reserva 2009 – Álcool: 13,5% – Variedades: Alfrocheiro, Aragonês e Alicante Bouschet – Vermelho-rubi intenso. Fechado nos aromas. Tânico (boa qualidade – deve amaciar com o tempo), acidez elevada, álcool integrado, boa expansão no paladar. A fruta ainda está encoberta pela madeira, mas como na maioria dos tintos dessa região, o tempo joga a favor deste vinho. Avaliação: 88/100  pts.+

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Roquevale Grande Escolha 2009 – Variedades: Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Tinta Caiada 2009 – preço: R$ 120 – Amadurecido 24 meses em barrica francesa. Análise organoléptica: quase retinto na cor profunda e intensa. Complexo nos aromas com frutas negras, especiarias e algum mentol. Boca no mesmo diapasão, rica, concentrada, suportada por taninos potentes de fina textura. Notas de chocolate num perfil que faz lembrar um delicioso bombom de chocolate com cereja. Quente, mastigável, tem longa vinda pela frente, quando ganhará harmônia, porque elegância já tem. Avaliação: 89/100  pts.+

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Crédito da imagem de abertura: Jacinto Nobre

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One thought on ““Um Alentejo Diferente” – Roquevale”

  1. Havia experimentado o Terras de Xisto à época da escolha de vinhos para casamento. Embora tenha gostado dele, acabei optando por um espumante nacional. Todavia, ele me agradou bastante e, por isso, fiquei mt curioso com a vinícola. Tanto que pedi a um distribuidor para trazer-me o Reserva. E, como foi surpreendente, de forma positiva, pois se trata de um vinho bem alentejano, com corpo médio, bastante agradável. Delicioso mesmo. Sem falar que a garrafa é mt bonita e para aqueles que presentei com ela primeiramente se surpreenderam pela beleza dela; e, depois, qd tomaram, me confirmaram aquela impressão que tive.
    Um excelente vinho

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