Originária da França tem diversas denominações: a mais conhecida depois de Malbec é “Côt” (Bordeaux). Em Cahors se chama “Auxerrois”. No Medóc “Malbeck” e no resto da França “Cahors”. Perdurou na França até o advento da “Phylloxera Vastratrix”, praga que dizimou a maior parte dos vinhedos europeus à partir da segunda metade do século XIX. Curiosamente, nessa mesma época a Argentina recebia a imigração italiana e espanhola e com a chegada de estradas de ferro e das primeiras variedades de uvas francesas, o cultivo da videira passou a se dar em duas regiões próximas da Cordilheira dos Andes: Mendoza e San Juan, que hoje respondem por mais de  80% da produção do vinho argentino. Na Província de Mendoza que a Malbec adquire sua máxima expressão: Vale de Uco e zona alta do Rio Mendoza. Os vinhos mais encorpados e longevos são de Agrelo e Vistalba (Luján de Cuyo, sede da Denominação de Origem Controlada que promove essa cepa). O impulso definitivo na vinicultura Argentina ocorreu na década 1990, convertendo-se a Malbec na varietal de eleição, como é a Shiraz na Austrália, Tannat no Uruguai Cabernet Sauvignon no Chile. Atualmente,  a Argentina é o 5° produtor mundial e seus vinhos recebem notas elevadíssimas da crítica internacional.

Toda essa reputação está calcada na Malbec, variedade tinta mais plantada no país, introduzida no século XIX com videiras bordalesas pré-filoxéricas importadas pelo Chile, visto que no século XVIII essa casta era largamente plantada na França, como sobredito. Todavia, a Malbec platina é diferente da francesa de Cahors (Sudoeste da França), eis que a Sul-americana tem cachos muito menores, densos e frutos de menor tamanho. Na França seus vinhos são tradicionais, com personalidade própria mas pouco atraentes por conta da dureza de seu estilo. Os primeiros viticultores escolheram plantas que deram resultado e desde então se adaptaram perfeitamente ao terroir local, eis que estudos concluíram que essa casta cultivada em altitudes elevadas atinge plena maturação. Esses resultados positivos inseriram a Malbec definitivamente no contexto dos grandes vinhos.

 

Lagarde Malbec DOC 2011 – um vinho equilibrado, um dos poucos DOCs da Argentina

 

Dr. Malbec

Levada para Mendoza em 1855 pelo francês Michel Pouget, carinhosamente apelidado de “Dr. Malbec”, é uma cepa versátil que pode ser misturada a outras uvas e amadurece bem sob o sol e aridez do clima platino. Seus vinhos são ricos e exuberantes, com aromas de violetas e sabor de frutas negras e marmelada. Seus varietais são responsáveis por inserir a Argentina no contexto dos grandes produtores, porém, é uma cepa que atinge qualidade verdadeira quando misturada com outras uvas bordalesas, notadamente Cabernet Sauvignon (potencial de guarda), Merlot (maciez), Bonarda (fluidez) e Tempranillo (elegância). Nossa primeira experiência com essa uva remonta ao distante ano 2001, quando provamos  o aveludado e longevo Balbi Vineyard Malbec Barrel Reserve 1998, que pôde ser degustado novamente em 29.08.2009, quando confirmou sua fama de vinho elegante, longevo, exibindo complexos aromas de couro, caça confirmados na boca construindo um estilo que remete o degustador diretamente a um grande vinho de Bordeaux de tão típico que era!

O Black Label Malbec amadureceu 15 meses em barricas novas de carvalho francês. Sem dúvida, estamos diante de um tinto representativo do que melhor se produz na Província de San Juan
O Las Moras Black Label Malbec amadureceu 15 meses em barricas novas de carvalho francês. Sem dúvida, estamos diante de um tinto representativo do que melhor se produz na Província de San Juan. Parabéns ao enólogo Eduardo Casademont!

 

Degustação

Las Moras Black Label 2011 – álcool: 14,5% – região: San Juan/Cuyo – importador: Cálix/Decanter –preço: R$ 67,00 – vermelho-rubi intenso, violáceo, profundo, com nítido reflexo púrpura nas bordas. Aromas abertos com toques florais típicos da casta (violetas), baunilha, toffe,  ameixa sobre um fundo que recorda chocolate amargo. Na boca a sua entrada revela um vinho de taninos firmes e ligeiramente adocicados provavelmente por contribuição do álcool generoso, madeira presente permitindo a expressão da fruta madura (ameixa e figo principalmente), sólida estrutura, acidez mediana e final com uma nota de chocolate. Enfim, um vinho fresco e balanceado, com destaque para a maciez de seus taninos. Um tinto bem feito, concentrado e de tipicidade destacada. Avaliação: 88-9/100 pts.+

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