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Confraria Vinho & Boa Cia. se reuniu na noite de 26.02.2014 para degustar tintos elaborados com a mais importante variedade portuguesa: Touriga Nacional. Estiveram presentes os confrades: Cecília, Núbia, Rosely, Paulo, Bibe, Flávio, Paulo Guerra, Roberto e Paula. Ausentes justificadamente Ricardo e Mônica. A coordenação do mês coube a Bibe, que elegeu o tema e o restaurante, o confiável Trindade da Rua Amauri – Jd. Europa, São Paulo. 

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Aspectos da Touriga Nacional

É a cepa mais famosa das variedades autóctones de Portugal. Mas não se trata da preferida dos viticultores, pois tem cultivo difícil, é muito sensível às condições climáticas durante o florescimento e registra variação de rendimento de safra para safra. Mas quando ela é boa, é de fato muito boa e dá vinhos com floral maravilhoso, aromas de violetas e notas frutadas de amora-negra e cereja. Ela tem características diferentes conforme a região em que nasce. No Douro, onde forma grande parte dos novos plantios, gera vinhos potentes e densos, com mais notas de amora-negra do que cereja, quase sempre devido ao clima quente e aos solos de xisto. No Dão, onde os solos são de granito e o clima é mais frio, os vinhos tem mais frescor e elegância, com notas de cereja e flores marcantes. No Alentejo, quente, os vinhos de Touriga Nacional são mais potentes, escuros e aromáticos. Há quem afirme que a Touriga Nacional, por todas suas qualidades, funciona melhor como componente num corte. Quase certamente, esse é o caso do Douro, e pode ser válido também para o Dão. Mas é forte o apelo comercial para que sejam feitos vinhos de uma só variedade. Por isso, é provável que haja mais variedades de Touriga Nacional nos próximos anos. Fonte: O Grande Livro dos Vinhos – Editora Publifolha – 1a. edição – agosto de 2012

 

A  seguir a relação os vinhos degustados:

Quinta do Crasto Touriga Nacional DOC Douro 2005  – álcool: 14,5% – preço: R$ 250 – Jeriel

Quinta do Valado Touriga Nacional DOC Douro 2008 – álcool: 14,5% – preço: R$ 215 – Flávio

Grainha Reserva Touriga Nacional 2010 DOC Douro – álcool: 14% – preço: R$ 190 – Roberto

Só Touriga Nacional 2001 Vinho Regional Península de Setúbal – álcool: 13% – preço: R$ 110 – Paulo 

Quinta dos Carvalhais 2004 DOC Dão – álcool: 14% – preço: R$ 195 – Paulo Guerra 

Na lanterninha o Quinta do Vallado 2008
Na lanterninha o Quinta do Vallado 2008

Agora o ranking, descrição e avaliação dos tintos degustados “às cegas”:

5° lugar – Quinta do Valado Touriga Nacional DOC Douro 2008 – álcool: 14,5% – preço: R$ 215 – quase retinto, exibiu toda complexidade olfativa da variedade, mas decepcionou um pouco por conta da dureza de seus taninos. Quem sabe mais algum tempo na garrafa para resolver isso? Avaliação: 88/100 pts.+

O Só Touriga Nacional 2001 exibiu uma excelente evolução na garrafa
O Só Touriga Nacional 2001 exibiu uma excelente evolução na garrafa

4° lugar – Só Touriga Nacional 2001 Vinho Regional Península de Setúbal – álcool: 13% – preço: R$ 110 – o tinto mais velhinho da peleja mostrou vigor aos treze anos de garrafa. Sua cor tinha um leve halo granada, aromas complexos (um dos melhores do painel) com notas de evolução – couro, sous-bois e leve mentol. Boca macia sem acusar o peso dos anos. Está no auge e assim deve permanecer por mais algum tempo. Acidez salivante, álcool integrado e tipicidade de sobra. Avaliação: 89/100 pts.

O Grainha foi levado pelo Roberto e ficou na terceira colocação
O Grainha foi levado pelo Roberto e ficou na terceira colocação

3° lugar – Grainha Reserva Touriga Nacional 2010 DOC Douro – álcool: 14% – preço: R$ 190 – Violáceo intenso de grande profundidade. Boca tânica (ótima qualidade), perfeito entrelaçamento da fruta com a madeira e dos elementos álcool e acidez resultando num tinto de grande amplitude e expansão no paladar. Aqui também a única coisa que sobra é tipicidade e fruta. Ligeira adstringência que tende a se dissipar na garrafa com o passar dos anos. Avaliação: 90/100 pts.++

O Quinta do Crasto só ficou na segunda colocação após o desempate. Obteve três primeiros lugares contra quatro do vinho campeão da noite.
O Quinta do Crasto só ficou na segunda colocação após o desempate. Obteve três primeiros lugares contra quatro do vinho campeão da noite.

2° lugar – Quinta do Crasto Touriga Nacional DOC Douro 2005 – álcool: 14,5% – preço: R$ 250 – o vice-campeão da peleja obteve um honroso segundo lugar  após o desempate. Explico. Este vinho obteve 3 votos para a segunda colocação contra 4 votos do outro tinto (Quinta dos Carvalhais), eis que houve empate na primeira colocação, assim o critério de desempate foi do vinho que obteve melhor posicionamento geral com mais votos positivos dos confrades. Análise organoléptica: retinto na cor, exibiu os típicos aromas florais (violetas) da variedade secundado por notas de especiarias (cravo), baunilha e tabaco. Na boca taninos aveludados num vinho equilibrado, amplo, profundo. Deliciosamente frutado, seu fim-de-boca é quase interminável. Avaliação: 91/100 pts.++

Quinta dos Carvalhais Touriga Nacional 2004 - o destaque da noite
Quinta dos Carvalhais Touriga Nacional 2004 – o destaque da noite

1° lugar – Quinta dos Carvalhais 2004 DOC Dão – álcool: 14% – preço: R$ 195 –  o campeão da degustação é da região do Dão, local apontado como berço da Touriga Nacional em Portugal. Análise organoléptica: retinto na cor com discretíssimo halo de evolução nas bordas. Nos aromas o floral típico da variedade (violetas) envolto por notas tostadas, licor de cassis e framboesa sobre ligeiro toque defumado. Na boca taninos texturados configuram um perfil elegante e ao mesmo tempo volumoso. Macio, fresco, estruturado, nem parece ter dez anos. Aliás, aguenta mais dez anos sem muito esforço, basta conservá-lo bem. Seu final é longo, empolgante e sem nenhuma adstringência. Um perfeito representante da variedade. Avaliação: 91-2/100 pts.++

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Conclusão

A degustação demonstrou aquilo que este escriba já imaginava: a Touriga Nacional realmente é a principal casta portuguesa porque não precisa de outras castas para melhorá-la, mas curiosamente no Douro dá excelentes tintos em parceria com outras variedades durienses. Um vinho da Península de Setúbal agradou especialmente este escriba: o “Só Touriga Nacional”. Da safra 2001, este tinto se revelou bem acabado e apto ao envelhecimento na garrafa. Sua paleta de aromas revelou o potencial da variedade. No paladar um vinho vigoroso, fresco e muito gostoso.  Mas o duro embate na primeira colocação (Crasto x Quinta dos Carvalhais; Douro x Dão) demonstrou o quão a sério a Touriga Nacional é levada pelos principais vinhateiros das diversas regiões lusitanas onde é cultivada. Basta ser bem vinificada para dar bons tintos e foi isso que pudemos constatar no rico painel proporcionado pelo confrades da Vinho & Boa Cia. Touriga Nacional, a grande casta portuguesa. Com certeza!

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