O nível de excelência dos vinhos Arboleda

A importadora Expand em maio de 2014 apresentou para jornalistas e formadores de opinião, novas safras dos vinhos chilenos Arboleda com a presença de Macarena Rodríguez T. – Brand Manager Arboleda (foto da abertura), Rafaela Figueiredo – gerente de produto, Otávio Piva Albuquerque e Otávio Piva Filho, proprietários da importadora.

A seguir a relação dos vinhos degustados:

Arboleda Sauvignon Blanc 2013 – Álcool:13%

Arboleda Chardonnay 2012 – Álcool: 13,5%

Arboleda Pinot Noir 2012 – Álcool: 13,5%

Arboleda Carménère 2011 – Álcool: 14%

Arboleda Cabernet Sauvignon 2010 – Álcool: 14%

 

Sobre a Viña Arboleda

A Arboleda nasceu em 1999 projeto pessoal de Eduardo Chadwick e produz anualmente entre 40.000 e 42.000 caixas de vinhos. A grande novidade da degustação é que os vinhos brancos e o novo Pinot Noir agora são elaborados com uvas de vinhedos próprios localizados na região costeira de Aconcágua ou “Aconcágua Costa”, perto do oceano Pacífico, na localidade denominada “Chilhué” onde  a corrente de Humboldt e o degelo Antarctico influenciam marcadamente o clima. Nesta região a maior parte do solo é constituída por “rocca pizzarra”, xisto e argila. O xisto por exemplo, é uma rocha metamórfica que se quebra desuniformemente aportando, portanto, caráter mineral aos vinhos elaborados com as uvas ali cultivadas. O calor é moderado e a amplitude térmica é de 10°C. As uvas amadurecem lentamente, porque os dias de verão são ligeiramente temperados, com neblina na parte da manhã e chuvas nos meses de inverno. As videiras foram plantadas em morros de diferentes declives e exposições solares, de maneira que uma mesma variedade entrega diferentes tipicidades, o que outorga peculiar tipicidade aos vinhos Arboleda. Algumas variedades tintas vêm de “Las Vertientes”, que fica a 50 km do Pacífico, região denominada “Entre Cordilleras” onde são cultivadas Petit Verdot, Grenache, Mourvèdre entre outras utilizadas em pequenas porcentagens na elaboração dos vinhos. O solo é franco-argiloso com limo, argila e pedras coluviais proporcionando boa drenagem. O clima é mediterrâneo –  verões temperados, secos e frescos pelas brisas marítimas que ingressam nos vales nas tardes; invernos frios com presença de chuvas e uma grande variedade de solos – desde “piedmont” de origem aluvional com altas porcentagens de rochas até “piedmont” de  texturas franco-argilosas.

 

Arboleda Sauvignon Blanc 2013 – álcool: 14% – região: Vale de Aconcágua Costa/Chilhué – importador: Expand – preço: R$ 120,00 – palha claro quase translúcido. Aromas intensos, exuberantes, complexos e de alta intensidade com o típico traço mineral costeiro  (vinhedo somente a 12 km do mar) dos Sauvignons chilenos. Sugestões de frutas tropicais como maracujá e cítricos sobre um fundo vegetal característico da casta no Novo Mundo. Na boca repete o nariz e destaca-se por seu frescor mineral. Denso, termina sem o amargor vegetal apresentado por alguns exemplares dessa casta no Chile. Segundo Macarena, são utilizadas leveduras selecionadas para destacar seus compostos aromáticos em condições de temperaturas frias. Também houve battônage para lhe conferir volume de boca e complexidade. Suporta mais dois/três anos na garrafa sem perda do frescor desde que bem conservado. Tem na tipicidade e no frescor seus pontos altos, mas por ser branco poderia custar um pouco menos. Avaliação: 89/100 pts.+

Arboleda Chardonnay 2012 – região: Vale de Aconcágua Costa/Chilhué – preço no Brasil: R$ 120,00 – amarelo palha intenso, brilhante. Aromas intensos, delicados e complexos com notas amanteigadas, baunilha sobre fruta tropical madura (abacaxi, pêssego e manga). Na boca repete o nariz e além da paleta de sabores, destaca-se por sua delicadeza e corpo. Rico, muito macio e frutado, tem na tipicidade, no uso judicioso da madeira  e no frescor seus pontos altos. Está mais fresco e balanceado do que o exemplar da safra anterior provado no ano passado. Bate com folga alguns Chablis que reinam no nosso mercado. Avaliação: 90/100 pts.+

 

“Arboleda es una viña boutique que elabora sus vinos con uvas de viñedos própios ubicados en la Región de Aconcagua. Las uvas son cultivadas con apasionada dedicación a cada detalle, dando origen a vinos con gran carácter y distintiva elegancia” – Informação existente no contrarrótulo de um dos vinhos

 

Arboleda Pinot Noir 2012 – álcool: 14% – região: Vale de Aconcágua Costa/Chilhué – importador: Expand – preço: R$ 150,00 – Elaborado com videiras plantadas em 2005 a partir dos clones 9, 16, 115 e 777,  apenas 700 caixas produzidas na primeira safra. Na safra 2011 atual 1.000 caixas. Vinho amadurecido em barricas de carvalho francês 13% novas, 22% fermentado com leveduras nativas. Análise organoléptica: cor característica da variedade, vermelho-rubi de média intensidade com reflexo na transição para granada. Aromas intensos e complexos sem o toque da tradicional compota chilena sentida nos exemplares anteriores. Aqui a fruta assumiu o papel de protagonista logo no primeiro momento. Algumas notas de álcool posteriormente confirmadas no paladar não foram suficientes para desequilibrar o conjunto, que se destacou por seguir os cânones da variedade com notas de morango, cereja, ligeiro terroso sobre um fundo defumado. Na boca confirmou as sensações olfativas e se destacou por seu frescor e maciez dos taninos, traço mineral e a madeira judiciosamente utilizada completa o conjunto deste que se firma como um dos melhores Pinots chilenos da atualidade. Se não custa barato, ao menos justificou seu preço que normalmente  é sempre superior a de outras variedades. Aliás, Otávio Piva, com a presença de espírito que o caracteriza, narrou que levou para Eduardo Chadwick um Bourgogne Pinot Noir campeão de vendas no mercado brasileiro para pleitear a diminuição do preço deste Pinot que coincidentemente custa no Brasil o mesmo que o similar francês. O que Otávio pretendia era que o Pinot Arboleda custasse o mesmo que os outros tintos Arboleda (cerca de R$ 120). Resultado: o vinho francês não serviu para a comparação porque não tinha relação preço-qualidade (custava R$ 150) e também porque não exibiu o desempenho do congênere chileno. Certamente, trata-se de um tinto que agrada bebedores de rótulos, não bebedores de vinhos…Avaliação: 90-91/100 pts.+

 

 

Arboleda Carménère 2011 – álcool: 14% – região: Vale de Colchágua – importador: Expand – preço: R$ 120,00 – púrpura intenso como que já adiantando sua boa extração. Nos aromas uma completa mudança do perfil aromático, eis que a madeira já não vem mais na frente da fruta. Notas de amora, bala toffee, leve vegetal, secundado por notas de madeira (lembra cedro) num perfil típico, convidativo e de boa qualidade. Na boca, verificamos a plena subscrição das sensações olfativas com taninos de fina textura, macios, redondos e que revelam que as uvas foram colhidas no seu ponto ótimo de maturação conforme revelou a Macarena Rodríguez, que numa atitude simpática para com os presentes esforçou-se para falar português. A concentração de sabor também privilegia a fruta e revela que o grupo Errazuriz atualmente está na linha de frente na produção de Carménères típicos, frutados, suculentos sem as abominadas notas herbáceas que caracterizam alguns vinhos dessa variedade. O final é intenso, marcado por notas de frutas frescas. Acreditamos que mais algum tempo na garrafa aprimorará suas virtudes que já não são poucas. Um dos vinhos mais elogiados na degustação. Avaliação: 90/100 pts.+

 

 

Arboleda Cabernet Sauvignon 2011 – álcool: 14% – Variedades: Cabernet Sauvignon (95%) e Cabernet Franc (5%) – região: Vale de Aconcágua/Las Vertientes – importador: Expand – preço: R$ 120,00 – púrpura intenso como que já adiantando sua boa extração. Nos aromas a madeira vem na frente secundada por sugestões de  ameixa sobre uma discreta nota herbácea da casta que nem chega a macular o conjunto aromático de boa qualidade, mas que peca pela falta de intensidade. Na boca verificamos a plena subscrição das sensações olfativas com taninos exibindo alguma adstringência, um pouquinho acima da média,  leve sobra de madeira (doze meses em barrica de carvalho 31% novas) sobrepujando a fruta tão facilmente notada na maior parte dos Cabernets chilenos.  Discreta sobra de álcool. Expansivo no meio de boca, de final intenso, seco, marcado por notas tostadas. Acreditamos que mais algum tempo na garrafa concorrerá para a integração do conjunto. Avaliação: 87-88/100 pts.+

Conclusão

Uma degustação cheia de novidades. Os brancos anteriormente de Casablanca e Leyda agora são elaborados com uvas próprias de vinhedos localizados em Aconcágua Costa. E, comparativamente com safras anteriores provadas no ano passado os vinhos exibiram mais frescor, mais fruta e menos madeira. Já o lançamento da segunda edição do Pinot Noir se constituiu num fato alentador: um Pinot de estilo e sabores chilenos que não negligencia os cânones desta desafiante casta, cuja melhora qualitativa justificou o aumento de sua nota. Consistente, já ocupa a galeria dos melhores representantes da variedade no Chile, ressaltando que alguns congêneres custam até o dobro entregando a mesma ou menos qualidade. Bom para o principal destinatário que é o consumidor. Last but not least, fez falta na degustação o premiado Syrah, agora também com uvas de Aconcágua: Las Vertientes (Aconcagua Medio) e Chilhué (Aconcagua Costa).  Enfim, a vinícola Arboleda atingiu um nível de qualidade difícil de alcançar ao investir firmemente no cultivo de variedades brancas e tintas no Vale de Aconcágua, onde passou a reinar soberanamente (basta verificar o Guia Descorchados 2014). E, pela homogeneidade do portfólio, essa tendência tende a se reforçar. Sorte do consumidor, eis que dificilmente se decepcionará ao abastecer sua adega com esses vinhos!