Sobre o Sul do Vale do Rhône

Enquanto os vinhedos mais ao Norte se localizam numa faixa estreita ao longo do rio Rhône (Ródano), os do Rhône Sud espraiam-se por uma vasta área. mais de 76.000 ha e 6.000 produtores fazem desta região vinícola a segunda maior da França depois de Bordeaux. Em seu coração está a famosa Châteauneuf-du-pape e outros crus mais conhecidos. Seria difícil fazer vinhos bons no ensolarado Sul do Vale do Rhône não fosse o Mistral, vento que sopra do Norte através do vale e da cadeia de montanhas das Dentelles de Montmirail, do nome Ventoux e do monte do Luberon, que funcionam como refrigeradores gigantes.

Um pouco da história dos vinhos do Vale do Rhône

Estamos diante de uma das vinhas mais antigas do mundo. A partir do século IV A.C, a videira é cultivada em Marselha. No primeiro século, os romanos desenvolveram vinícolas importantes, bem como oficinas para a fabricação de ânforas para exportar o vinho produzido na região. Com o colapso do Império Romano, a igreja assume: a partir do século XIV, a sede do papado se instalou em Avignon, onde havia grandes vinhedos nos seus arredores.  João XXII, segundo dos sete papas de Avignon, construiu uma residência de verão em Châteauneuf-du-Pape. Bento XII, o terceiro papa construiu o Palais des Papes.

Vallée du Rhône - crédito da imagem: fr.wikipedia.org
Vallée du Rhône – crédito da imagem: fr.wikipedia.org

A longa tradição de exportação e o berço da qualidade:
Mais tarde, no final do século XVII e durante 200 anos, o Porto de Roquemaure (Gard) torna-se um importante centro de transporte fluvial.  A AOP foi criada em 1.650 com o surgimento dos primeiros regulamentos oficiais cuja a finalidade era de garantir a origem e a qualidade dos vinhos do Rhône, sendo apontada pela crítica com “berço de qualidade”. Em 1933, as regras da AOC são criadas nas especificações indicadas por enólogos de Châteauneuf-du-Pape. O Baron Le Roy Boiseaumarié, proprietário de um vinhedo em Châteauneuf-du-Pape tornou-se presidente do Instituto de 1947-1967. Desde então, as denominações de origem são aplicáveis aos vinhos e muitos produtos, tanto na França como na Europa. Assim, podemos dizer que o nome europeu DOP se origina através do desejo de enólogos do Vale do Rhône preocupados em assegurar a qualidade dos vinhos ali produzidos.

Avaliação de Robert Parker

Wine Advocate #203
Oct 2012
Robert Parker 86 Drink: 2012 – 2018 $35 (35)

“Os tintos de 2010 parecem ter um pouco mais de intensidade e substância, mas também são surpreendentemente tintos para o futuro próximo. O ano de 2010 oferece vinhos sólidos como deve ser o Chateauneuf-du-Pape, marcado pelo frescor, dotado de elegantes sugestões de frutos silvestres misturados com notas de folha de tabaco, cedro, bolo de frutas de Natal, especiarias e pimenta, resultando num tinto de bom acabamento, suave e de médio corpo. Beba-o ao longo dos próximos 5-6 anos “.

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Degustação – 

Vinho do mês de julho de 2014 

 Chateauneuf-du-pape Domaine Gérard Jacumin

Domaine L’Or de Line AOC Chateauneuf-du-pape 2010 – Álcool: 14% – Importador: Obra Prima – Variedades: Grenache, Mourvèdre, Syrah e dependendo do ano, são adicionadas cerca de 5-10% de variedades brancas – Preço: entre R$ 200 a R$ 220 – Também são utilizadas alternadamente duas técnicas de extração suaves para concentrar o melhor da safra. Após, metade do vinho amadurece oito meses em barris de carvalho e a outra metade em “cuvée”. Análise organoléptica: vermelho-rubi com reflexo violáceo brilhante. Aromas complexos eis que a fruta desponta logo no início com  cerejas e amoras emolduradas por discretas notas terrosas e tostadas. Na boca taninos finos, flexíveis, o sabor não é demasiado concentrado, forte, com sutis notas de café torrado e baunilha que em nenhum momento se sobrepõe à fruta, a fim de caracterizar um vinho muito típico da denominação. Sabores picantes que se misturam com reminiscências de frutas negras, coadjuvadas pelo álcool generoso e pela acidez gastronômica garantidora do frescor completam o conjunto deste excelente tinto. Este autêntico Chateauneuf é poderoso, elegante, com uma bela intensidade, taninos suaves e um final longo. Pode ser bebido agora ou daqui três/cinco anos, eis que suas notas de frutas vermelhas são facilmente preservadas por muitos anos se corretamente conservado. Avaliação: 90/100 pts.+

Gerard Jacumin
Gérard Jacumin

 

Notas do enólogo sobre o exemplar da safra 2010: 

Para fazer um vinho elegante e poderoso, foram escolhidas 3-4 variedades, o que depende da safra. Em primeiro lugar vem a Grenache, que dá vinhos potentes. A variedade está plantada em dois tipos de solo: pedregoso selecionado se o ano é bastante úmido e frio ou arenoso com argila se o ano é quente e seco. Isso permite ter sempre uma boa base aromática evitando a armadilha de um vinho alcoólico demais. Nesta seleção de Grenache e Mourvèdre, ambas  adicionam taninos para promover sua longevidade e a Syrah participa com aromas poderosos de frutas vermelhas. Finalmente, dependendo do ano, são adicionados de 5-10% de variedades brancas para trazer frescura se o ano foi seco.

 

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