Celso La Pastina e Adolfo Hurtado
Celso La Pastina e Adolfo Hurtado

Na terça-feira passada, dia 5 de agosto de 2014, a importadora La Pastina comandada por Celso La Pastina, promoveu o lançamento do vinho tinto chileno Silencio, resultado de uma seleção de nove melhores barricas de Cabernet Sauvignon, de uvas colhidas da região do Alto Maipo, próximo à Cordilheira dos AndesSilencio estará disponível para os consumidores brasileiros a partir de agosto ao custo de R$ 780. Esteve presente além de Celso, o Enólogo Adolfo Hurtado, na atualidade um dos mais respeitados profissionais chilenos que teceu considerações não somente sobre o vinho lançado, mas também sobre outros vinhos degustados na oportunidade.

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Logo no início, foi servido um espumante elaborado pelo método Charmat, denominado “Cono Sur Brut Sparkling Chardonnay”. Elaborado com uvas de Bío Bío, é composto basicamente de Chardonnay (90%) e Pinot Noir (10%). Fermentação “sur lie” durante cinco meses. Na flûte, um espumante de cor palha, fechado nos aromas mas equilibrado no paladar com toques cítricos, bom frescor e ausência de amargor. O enólogo afirmou que será lançado em 2015 o primeiro espumante pelo método tradicional com uvas do Vale de Casablanca.

Sobre o Silencio Cabernet Sauvignon 2010

Informa a Viña Cono Sur que “Durante vários anos trabalhou-se na busca dos melhores vinhedos e terroirs do Vale do Maipo, conhecendo-os, ganhando experiência na vinificação e compreendendo a literalidade da expressão de suas variedades para dar início a este ambicioso projeto com a variedade que provavelmente representa o Chile, a Cabernet Sauvignon. As características essenciais dos vinhedos foram idade e equilíbrio, baixo rendimento natural, solos aluviais e coluviais únicos do Vale do Maipo Alto e clima mediterrâneo com grande amplitude térmica do dia e da noite. A colheita 2010 foi a que veio dar vida a este vinho. Realizou-se uma cuidadosa seleção manual de “bayas y racimos” (bagas e cachos), vinificando somente os melhores de cada lote. Após a fermentação delicada e controlada, o vinho passou dois anos de guarda em barricas de carvalho francês novas. Depois deste período, a equipe enológica da Cono Sur que trabalhou neste projeto realizou uma degustação às cegas para seleção das melhores barricas dos distintos lotes vinificados. O resultado do que os enólogos conseguiram mesclar foi um vinho rubi intenso que no nariz se caracteriza por deliciosos aromas de frutas negras, violetas e cassis que se expressam com grande personalidade. A tudo isso se completa uma elegante e sutil nota de madeira, tabaco e cinzas. Na boca seu grande equilíbrio, concentração, taninos suaves e grande final. Um vinho vivo, complexo e de grande elegância que se impõe. Por fim, o resultado é um tinto que nos deixa em “silencio”. Daí seu nome. É no silêncio que podemos captar o melhor desta experiência. O silêncio é a expressão máxima do assombro e da admiração por um vinho único”.

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Algumas informações sobre a Cono Sur

Vinícola criada em 1993 com o objetivo de produzir vinhos premium, expressivos e inovadores que transmitem o espírito do Novo Mundo. Seu nome se refere à origem geográfica, vinhos do Cone Sul da América, cujo extremo ocidental são o Chile e seus privilegiados vales vitivinícolas. O logotipo sugere a silhueta da América do Sul e o lema “sem árvores genealógicas, sem garrafas empoeiradas, apenas vinho de qualidade” é o que inspira a qualidade, inovação, estilo e criatividade. Além destes pilares, a vinha é caracterizada por um trabalho sempre ligado ao empenho e respeito ao meio ambiente, sendo uma das principais bodegas em questões de sustentabilidade. Sua sede está localizada em Chimbarongo, no Vale de Colchágua. A linha Bicicleta, inspirada no espírito jovem e inovador da vinícola e que expressa, em cada rótulo, a preocupação com o manejo sustentável dos vinhedos – parte de sua filosofia. O nome é uma homenagem aos colaboradores da vinícola, que todos os dias pedalam até os vinhedos para dar vida aos rótulos Cono Sur. No início, contou com assessoria de Jacques Prieur (Borgonha) na elaboração de vinhos de Pinot Noir e depois Chardonnay. Jacques até hoje elabora o Pinot Noir Ocio em parceria com Adolfo Hurtado. Atualmente a vinícola explora diferentes tipos de solos nas diversas regiões que possui vinhedos. P. ex.: solos de barro vermelho e areia branca é o tipo do solo existente na parte mais fria do solo de Casablanca. Cerca de 20% de toda produção é orgânica e está devidamente certificada. O manejo dos vinhedos é integrado; nada é feito preventivamente como na agricultura tradicional. Somente se for necessário. Corredores biológicos com o objetivo de atrair insetos para o interior dos vinhedos  e exterminá-los através do cultivo de seus inimigos naturais bem como as bactérias que atacam as uvas, poupando a utilização de defensivos agrícolas. A lombricultura (criação de minhocas) que fornece o humus que é um fertilizante natural. Ou seja apenas métodos naturais são utilizados e isso tudo repercute positivamente na qualidade dos vinhos, que sempre se destacam em concursos realizados no Chile e no Exterior. Produz atualmente 5 milhões de garrafas-ano e também se destaca no cultivo das variedades brancas Gewürztraminer, Viognier, Riesling e principalmente Sauvignon Blanc e Chardonnay. Embora integrante do conglomerado Concha y Toro, é uma empresa totalmente independente em produção e vendas.

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Cono Sur 20 Barrels Chardonnay  2012 – Álcool: 13,5% – Região: Vale de Casablanca/El Centinela Estate – preço: R$ 130,00 – cor palha na transição para dourado brilhante. Este vinho é produzido com uvas oriundas na parte mais fria do vale de Casablanca e fermentou e amadureceu em barrica (francesa Tonnellerie François Frères) durante cinco-seis semanas com battônage, seguida de amadurecimento. As barricas são lavadas com água e sal de acordo procedimento característico do Domaine Jacques Prieur (Mersault/Borgonha), que tem o condão de suavizar a aspereza inicial e o sabor da madeira. O sal é corrosivo e suaviza a primeira capa de madeira da barrica que transmite muito sabor, além do desejável ao vinho. Análise organoléptica: o 20 Barrels estava aberto nos aromas com sugestões de maçã verde, pêra sobre uma ponta de abacaxi fresco com razoável sustentação na taça. Na boca é um vinho de acidez firme, de caráter amanteigado com evidentes notas de frutas tropicais maduras com destaque para abacaxi, marmelo sobre um leve toque de favo de mel. Refrescante, untuoso, denso, seu final é longo e marcante, com retrogosto salino, cuja explicação de Adolfo Hurtado recaiu sobre a neblina úmida que incide sobre os vinhedos situados no oeste do Vale de Casablanca. Em face de suas particularidades e principalmente por seu gosto levemente salino, foi um dos vinhos mais comentados (e elogiados) da degustação. Avaliação: 89-90/100 pts.

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Cono Sur 20 Barrels Pinot Noir 2011 – Álcool: 14% – Região: Vale de Casablanca/El Triangulo Estate – preço: R$ 135,00 – Vinho produzido com uvas oriundas na parte mais fria do vale de Casablanca e amadureceu em barricas francesas (Taransaud e Cadus) na integralidade durante catorze meses. A fermentação se dá em cubas abertas de aço inoxidável. Análise organoléptica: aberto nos aromas com notas de cerejas e amoras sobre uma ponta de licor de cassis. Na boca, sua entrada provocou um leve aquecimento (álcool generoso) não o suficiente para desequilibrar o conjunto. Os taninos são macios e de textura firme. Uma curiosidade mencionada por Adolfo Hurtado é que o “segredo” para uma maior extração de fruta é a realização de maceração carbônica com gelo seco. O resultado é um tinto de acidez pulsante que promove uma gostosa sensação de boca fresca. Avaliação: 89-90/100 pts.

Ocio, um Pinot Noir apto ao envelhecimento
Ocio, um Pinot Noir apto ao envelhecimento

Cono Sur Ocio Pinot Noir 2012 – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Casablanca – preço: R$ 299 – Vinho resultado da seleção das melhores barricas de Casablanca (75%) e San Antonio (25%), cuja primeira safra foi lançada em 2003 (safra 2002). O vinho é amadurecido durante 14 meses em barrica de carvalho francês novo e a sua elaboração segue os preceitos da agricultura orgânica, mas não carrega essa certificação. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo. No nariz apresentou aromas de frutas vermelhas (muita cereja), baunilha sobre uma leve nota tostada. Na boca praticamente subscreveu os aromas exibindo taninos macios, elegantes e refinados. Álcool na medida. Madeira presente sem se sobrepor à fruta. Acento mineral. Acidez mediana. Intenso, concentrado, macio e suculento, promete evoluir na garrafa nos próximos anos. Talvez essa seja uma de suas virtudes: um Pinot Noir do Novo Mundo que pode ser guardado por até dez anos, eis que exibiu muita concentração de sabor que lhe confere um nítido viés potente, sem sacrificar a elegância esperada da variedade. Avaliação: 90/100 pts.

Descobrir o máximo potencial do Cabernet Sauvignon do vale do Maipo. Este foi o novo desafio da Cono Sur ao lançar o novo Silencio Cabernet Sauvignon 2010
Descobrir o máximo potencial do Cabernet Sauvignon do vale do Maipo. Este foi o novo desafio da Cono Sur ao lançar o novo Silencio Cabernet Sauvignon 2010, seu novo “top-of-the-range blend”

 

Cono Sur Silencio Cabernet Sauvignon 2010 – Álcool: 13,5% – Variedades: Cabernet Sauvignon (98%) e Carménère (2%) – Região: Vale do Maipo/Pirque – elaborado com uvas dos melhores talhões de vinhedos antigos de Cabernet Sauvignon que serão escolhidos a cada safra (em 2010 = Puente Alto, Pirque, Pirque Viejo e El Recurso. A Carménère vem de Peumo e também amadureceu dois anos em barrica nova), as uvas foram maceradas por três semanas e após a vinificação, o vinho amadureceu durante 24 meses em barricas novas de carvalho francês. Após, realizou-se uma seleção das melhores barricas e apenas 2.500 garrafas foram produzidas, cerca de 240 garrafas destinadas ao Brasil, um dos principais mercados da Cono Sur. O blend final foi decidido por um grupo de enólogos liderados Adolfo Hurtado. Trata-se de um vinho orgânico que não tem certificação, por isso que não ostenta essa denominação no rótulo. Recebeu 93/100 pts. de Luis Gutierrez da Wine Advocate de Robert Parker em junho de 2014Análise organoléptica: cor violácea intensa, profunda com reflexo púrpura. Aromas típicos da Cabernet Sauvignon no Chile com notas balsâmicas, licor de cassis, ameixas, madeira nova, baunilha sobre mentol. No paladar sua entrada revelou um tinto sério, maduro e concentrado, com taninos aveludados, acidez correta, álcool integrado e uma imensa concentração de sabor, sem perder de vista o equilíbrio, frescura e elegância que são características dos excelentes Cabernets chilenos, no qual este tinto se encaixa perfeitamente, eis que seu estilo tem nítida feição bordalesa. Agora só resta-nos ter paciência para acompanhar sua evolução na garrafa nos próximos dez-vinte anos. Ou bebê-lo agora, porque seu estilo permite isso. Cresceu à mesa, notadamente como acompanhamento de carré e costeleta de cordeiro. Um verdadeiro “Ex-Libris” chileno. Avaliação: 90-91/100 pts.+

 

Cono Sur Late Harvest “Cosecha Noble” Riesling  2012 – preço: R$ 39,50 – Álcool: 12% – Elaborado com cepas do distante Vale de Bío Bío, com 70% de uvas botrytizadas, amadurecido 12 meses em tanques de aço inoxidável. Análise organoléptica: amarelo na transição para dourado brilhante, intenso. Aberto e forte nos aromas com notas de geléia de laranja, damasco, frutas cristalizadas sobre um fundo de mel. Na boca é um vinho untuoso, fresco, concentrado, com destaque para sua mineralidade que não encobre a fruta cítrica. Delicado, tem na tipicidade e na relação preço-qualidade algumas de suas inúmeras virtudes. Cresceu acompanhando torta de maçã e sorvete de baunilha. Avaliação: 89/100 pts.

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