Erath, um Pinot do Oregon sem arestas.
Erath, um Pinot do Oregon cujo nome faz trocadilho com as palavras “Earth” (Terra) e “Heart” (Coração). Erath: “Grapes from the Earth, wines from the Heart” .

Recentemente, a importadora Winebrands ofereceu almoço exclusivo com Pablo Porretti, Diretor de Exportações do grupo Ste. Michelle Wine Estates, dos EUA. Foram apresentados vinhos dos diferentes terroirs da Costa Oeste dos EUA, representados por vinhos das vinícolas do grupo SMWE das regiões da Califórnia, Oregon e Washington. Pela Winebrands, a Sommeliére Mariana Morgado coordenou a degustação. A seguir informações das regiões produtoras e relação dos vinhos degustados:

A viticultura de Washington é às vezes prejudicada pelo frio capaz de matar as videiras. Mas há o lado positivo: a filoxera não suporta essa temperatura nem o solo arenoso comum na bacia do Columbia: o estado está livre dessa praga, e suas vinhas não precisam ser enxertadas nas raízes das espécies resistentes. Muitos acreditam que, por isso, as vinhas e uvas são mais saudáveis e geram varietais de características mais puras, como as dos vinhos franceses do século XIX, antes que a filoxera devastasse os vinhedos.

Espumante Michelle Brut Méthode Champenoise  N/V – Álcool: 11,5% – Variedades: Chardonnay (80%), Pinot Noir (10%) e Pinot Gris (10%) – Região: Columbia Valley/Washington – preço na origem: aproximadamente US$ 15 – com 12,8 g/l de açúcar residual –

Espumante Michelle Brut Rosé Méthode Champenoise N/V – Álcool: 11,5% – Variedades: Pinot Noir (93%) e Pinot Meunier (7%) – Região: Columbia Valley/Washington – preço na origem: aproximadamente US$ 15 – com 10,8 g/l de açúcar residual –

Chateau Ste. Michelle Riesling 2012 – Álcool: 12% – Região: Columbia Valley/Washington – Preço: R$ 99 – com 17 g/l está classificado como “branco meio doce”-

Desde o início, as vinícolas do Oregon são sobretudo pequenas instalações familiares de 1,5 – 8 ha em que os frutos são colhidos à mão. A viti e a vinicultura sempre seguiram as práticas tradicionais da Borgonha e, assim como lá, com o tempo os produtores se adaptaram a variações extremas de uma safra para outra: o melhor tratamento dos vinhedos, a seleção de bons clones de cepas, safras menores e influência de vinhas com 20 a 35 anos regularizam as diferenças anuais e aumentam o nível de concentração e complexidade. Único num mundo que favorece os vinhos muito manipulados, sempre maduros e previsivelmente  homogêneos do clima quente do Novo Mundo, o Oregon não se rende.

Erath Oregon Pinot Noir 2012 – Álcool: 13,5% – Região: Dundee Hills/Oregon – Preço: R$ 173 – 

A simples menção do nome Napa Valley já instiga pensamentos grandiosos como a sua localização, na populosa e rica Califórnia! Não por acaso, muitos sonhos se tornaram realidade por lá, rememorando as palavras do historiador Fredrick Jackson Turner: “Aqui (na Califórnia) a sociedade americana pode sonhar bem como trabalhar”.

É uma trademark de peso, traduz-se por seu apelo turístico e pelos seus vinhos, Chardonnays (às vezes controversos) e tintos de Cabernet Sauvignon renomados.

O Vale do rio Napa efetivamente evoca Cabernet Sauvignon, mas na verdade o que lhe confere “substância” são pequenas sub-regiões cujas aptidões vitivinícolas recaem sobre vinhos de personalidades particulares. Destaques: Stags Leap  Wine Cellars, Oakville e Rutherford, para citar algumas dentre as mais distintas e de fato, vocacionadas para excelentes Cabernets (cada qual com sua própria AVA – American Viticultural Area, correspondente ao sistema de denominação europeu, embora com critérios diferentes de reconhecimento).

PAISAGEM AGRÍCOLA

Inserido entre duas cadeias de montanhas (embora haja poucos terroirs “de altitude”): Mayacamas de um lado (oeste em direção ao Pacífico), Vaca Range do lado oposto, o “chão do vale” é constituído de forma geral de muita argila, com algo de pedras e areia.

Mas, na Califórnia o clima é quase tudo!

Clima moderadamente quente, com boa variação entre dia e noite e uma secura que costuma exigir irrigação (as áreas onde ela não é necessária dão vinhos absolutamente distintos). Sobretudo em Stags Leap, a influência de brisas frescas de San Pablo Bay se fazem notar gustativamente, tornando os vinhos mais macios, menos “musculosos” do que os de Oakville e Rutherford.

As vinhas são um pouco mais dispersas do que os vinhedos europeus, pois aqui o paradigma de Bordeaux de grande densidade de plantas por hectare não mostrou bons resultados! Curiosamente os vinhedos mais densos deram vinhos com traços vegetais acentuados!

Villa Mt. Eden “Antigue Vines” Zinfandel 2008 – Álcool: 14,5% – Região: Amador County/Napa Valley – Preço: R$ 134 –

Stag’s Leap Wine Cellars “Hands of Time” 2011 – Álcool: 13% – Variedades: Cabernet Sauvignon (59%), Merlot (37%) e Petit Verdot (4%) – Região: Napa Valley – Preço: R$ 278 – 

Graças ao impulso de imigrantes alemães e italianos no século XIX, vinhas, uvas,  e vinho fazem parte da história de Washington há tempos. A indústria vinícola atual é dominada por dois gigantes com sede em Seattle: a Stimson Lane e a Corus Brands somam 70% da produção. Historicamente, a abordagem industrial de Washington lembra a agricultura maciça comum na Australásia: grandes vinícolas cresceram em áreas populosas ao redor de Seattle e eram abastecidas com uvas do Leste seco e ensolarado do outro lado das montanhas, o que tornava a produção eficiente e permitia a mistura de diferentes sub-regiões e microclimas. As vinícolas começaram  com grandes volumes de vinhos cotidianos a bons preços  e qualidade, depois adicionaram rótulos médios, reserva e premium por valores mais altos. Originalmente dominavam as cepas brancas, mas hoje as tintas são 57% da produção. Nos últimos 30 anos a vinicultura de Washington ganhou reconhecimento pelos varietais consistentes, com sabor repleto de caráter, textura suave e estrutura bem acabada, em geral relativamente caros.

H3 – Horse Heaven Hills Cabernet Sauvignon 2011 – Álcool: 14,5% – Variedades: Cabernet Sauvignon (88%), Cabernet Franc (7%), Syrah (3%) e Malbec (2%) – Região: Horse Heaven Hills/Columbia Valley/Washington – Preço: R$ 120 –

H3 – Horse Heaven Hills Red Blend “Les Chevaux”2011 – Álcool: 14% – Variedades: Merlot, Syrah e Cabernet Sauvignon (88%) – Região: Horse Heaven Hills/Columbia Valley/Washington – Preço: R$ 120 –

Fontes – Adega Veja Vinhos – volume 12 – Estados Unidos e texto de André Logaldi publicado neste blog em 30.10.2012. – “Napa Valley”.

A seguir a descrição e avaliação de todos vinhos degustados:

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Espumante Michelle Brut Méthode Champenoise  N/V – Álcool: 11,5% – Variedades: Chardonnay (80%), Pinot Noir (10%) e Pinot Gris (10%) – Região: Columbia Valley/Washington – preço na origem: aproximadamente US$ 15 – 12,8 g/l de açúcar residual – Palha claro brilhante, perlage médio com razoável formação de bolhas com certa delicadeza. Frutado e ligeiramente floral. Boca macia com razoável efervescência, corpo médio, bom frescor e ausência de amargor ao final. Espumante de perfil festivo, cuja doçura encontra contraponto na acidez. Avaliação: 87-88/100 pts.

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Espumante Michelle Brut Rosé Méthode Champenoise N/V – Álcool: 11,5% – Variedades: Pinot Noir (93%) e Pinot Meunier (7%) – Região: Columbia Valley/Washington – preço na origem: aproximadamente US$ 15 – 10,8 g/l de açúcar residual – Salmonado,  brilhante, translúcido na cor sedutoria, com bolhas finas em profusão e ligeira coroa de espuma. Aromas clássicos, frescos e típicos de um espumante rosado, com a fruta vermelha se destacando sobre uma ponta de fermento de pão e leveduras. Boca intensa, rica, seca, com ligeiro acento mineral que não encobre a fruta. Aqui a efervescência está na medida certa porque dá vida e movimento a este gostoso, integrado e principalmente gastronômico espumante, que se destaca por seu frescor, tipicidade, complexidade e elegância. Avaliação: 89/100 pts.  

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Aqui um dos Rieslings mais vendidos no Brasil
Aqui um dos Rieslings mais vendidos no mundo

Chateau Ste. Michelle Riesling 2012 – Álcool: 12% – Região: Columbia Valley/Washington – Preço: R$ 99 – com 17 g/l está classificado como “branco meio doce”- Palha claro brilhante. Pouco intenso nos aromas com ligeiro acento mineral (querosene). Muito superior na boca, eis que sua fruta doce contrasta bem com a sensação salina de um branco “mineral por excelência” como normalmente são alguns rieslings e este não é exceção. Fresco, denso, concentrado, profundo, fosse um pouquinho mais persistente deixaria para trás muitos vinhos da mesma variedade que custam três dígitos…mesmo assim é um vinho que se destaca por seu notável equilíbrio gustativo. Termina como começou: harmônico. Avaliação: 89/100 pts.

Erath, um Pinot do Oregon sem arestas.
Erath, um Pinot do Oregon sem arestas.

 

Erath Oregon Pinot Noir 2012 – Álcool: 13,5% – Região: Dundee Hills/Oregon – Preço: R$ 173 – cor esmaecida, bem típica da variedade. Nos aromas já entregou sua origem “novomundista” em razão da fruta vermelha madura que dominou o conjunto durante todo tempo. No paladar, um vinho afinado, com tudo no sítio certo: taninos macios, acidez razoável, madeira integrada e álcool generoso conferindo estrutura ao conjunto. Corpo médio para bom e fim-de-boca frutado. Enfim, um Pinot delicado, complexo, distinto, que conjuga perfeitamente o melhor de cada estilo, com a fruta característica do Novo Mundo e a elegância própria de um Borgonha. Faltou só um pouquinho mais de corpo e de persistência. Avaliação: 89/100 pts. 

Zinfandel bem feito, equilibrado.
Zinfandel bem feito, equilibrado.

 

Villa Mt. Eden “Antigue Vines” Zinfandel 2008 – Álcool: 14,5% – Região: Amador County/Napa Valley – Preço: R$ 134 – violáceo intenso com alguma profundidade. Aromas complexos, inebriantes com notas de uva-passa, geleia de ameixa, leves traços de licor de cassis sobre chocolate. Na boca um vinho encorpado, potente, com a doçura bem típica da variedade contrabalançada pela acidez que lhe assegura um bom frescor. Apenas uma ponta de álcool que não chega a macular o conjunto, ao contrário, por que fixa a sua personalidade vincada, eis que nem a madeira está fora de lugar. Enfim, um “Zin” suculento, gostoso, fragrante, provado no auge de sua evolução, que termina prazeroso do começo ao fim! Avaliação: 89-90/100 pts.

 

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Stag’s Leap Wine Cellars “Hands of Time” 2011 – Álcool: 13% – Variedades: Cabernet Sauvignon (59%), Merlot (37%) e Petit Verdot (4%) – Região: Napa Valley – Preço: R$ 278 – o vinho mais caro da degustação também não decepcionou. Vermelho-rubi de média profundidade com reflexo violáceo. Aberto e multifacetado nos aromas com a fruta logo se destacando (amora, ameixa e cereja) sobre especiarias doces (canela, baunilha). No paladar apresentou taninos presentes de qualidade, álcool generoso sem incomodar, acidez razoável que confere frescor e boa integração de fruta e madeira. É um vinho jovem, equilibrado, que tem muita vida na garrafa pela frente, que termina longo e prazeroso. Avaliação: 89/100 pts.+

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H3 – Horse Heaven Hills Cabernet Sauvignon 2011 – Álcool: 14,5% – Variedades: Cabernet Sauvignon (88%), Cabernet Franc (7%), Syrah (3%) e Malbec (2%) – Região: Horse Heaven Hills/Columbia Valley/Washington – Preço: R$ 120 – vermelho-rubi intenso de média profundidade. Aromas típicos da Cabernet com licor de cassis, frutas vermelhas (muita cereja) e negras sobre um fundo especiado e balsâmico. Na boca sua entrada revelou um tinto intenso, de taninos macios, concentrado, crocante, álcool elevado sem desequilibrar o conjunto, madeira por se integrar, corpo pleno, enfim, um Cabernet Sauvignon de tipicidade vincada, marcado pela elegância. Final longo, persistente, sem arestas. Avaliação: 90/100 pts.+

 

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H3 – Horse Heaven Hills Red Blend “Les Chevaux”2011 – Álcool: 14% – Variedades: Merlot, Syrah e Cabernet Sauvignon – Região: Horse Heaven Hills/Columbia Valley/Washington – Preço: R$ 120 – um pouco menos intenso na cor do que o anterior, nos aromas exibiu sugestões de frutas vermelhas frescas prevaleceram sobre as notas de madeira. Na boca, um tinto macio como um Pomerol, sem pontas, sem arestas, especiado, rico, com a complexidade se destacando num final harmônico, marcado pela fruta. Já está pronto para ser desfrutado, preferencialmente à mesa. Avaliação: 90/100 pts.

O portfólio de vinhos dos EUA da Winebrands é invejável, de alta qualidade e com alguns vinhos compráveis por pessoas dispostas a conhecer vinhos de qualidade de regiões pouco conhecidas nestas bandas!
O portfólio de vinhos dos EUA da Winebrands é invejável, de alta qualidade e com alguns brancos e tintos indicados para pessoas dispostas a conhecer vinhos de regiões pouco conhecidas nestas bandas!

 

Conclusão

Patamares qualitativos pouco habituais. Vinhos sérios e coerentes,  Ste. Michele Wine Estates e Winebrands acabam por ser dois nomes que se confundem respectivamente na produção e importação de vinhos de diversas regiões dos EUA, notadamente Costa Oeste com destaque para Califórnia, Oregon e Washington, transformando a Winebrands numa verdadeira referência em razão da qualidade dos vinhos importados. Degustação ímpar, vinhos únicos altamente recomendados.

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