MPeleritti

No mundo do vinho argentino,  mais precisamente da enologia argentina, deve haver uns cinco nomes que não necessitam de apresentação. Estou falando de um punhado de enólogos que merecem todo o respeito e atenção. A eles não se lhes permitem erros ou distrações já que milhares de pessoas estão julgando cada garrafa que sai das suas mãos.  Deve ser como  a pressão de mil barricas (cheias) sobre seus ombros. Podemos polemizar sobre mil aspectos, mas essa turma faz os melhores vinhos do país.  Por isso falamos deles. E ponto.

Bodega Monteviejo
Bodega Monteviejo

Às vezes, um rompe com os padrões estabelecidos, supera limites e surpreende. Aos poucos, deixam de fazer os melhores vinhos do país para fazer os melhores vinhos do mundo. Este é o caso de Marcelo Pelleriti, enólogo da Bodega Monteviejo, também criador de seus próprios vinhos e também enólogo no Pomerol, França. No ano passado nos surpreendeu a notícia de que dois de seus vinhos franceses, Château Le Gay 2010 e Château La Violette 2010 obtiveram 99/100 e 100/100 pts. de Robert Parker, respectivamente. Rapidamente, o nome de Marcelo se alçou no firmamento e confirmou uma carreira que tem um grande futuro pela frente.

Poderíamos pensar que tantos pontos e flashes poderia criar uma estrela. No entanto, Marcelo Pelleriti respondeu às nossas perguntas, que não só fala de sua qualidade como um enólogo, mas como pessoa. Aproveite esta pequena entrevista com alguém que é um orgulho para os argentinos e que está longe de ser a estrela (com todos os defeitos do estrelato) que alguns querem pintar.

Algum dia veremos um Malbec de 100 pontos? O que é preciso para chegar lá?
Você já disse: algum dia. E digo mais, hoje a Argentina começa a ser uma referência em vinhos de alta gama com potencial de guarda nunca visto antes. Nossos vinhos podem ter um envelhecimento superior ao esperado. Hoje estamos demostrando todo o conjunto que ajudará a chegar aos 100 pontos, a única coisa que nos falta é tempo e não podemos  perder a estratégia que estamos fazendo agora.  Chegou o momento de colocar os pés no chão e sermos conscientes de que a situação atual nos pode prejudicar, não temos margem de erro, um erro a mais na vitivinicultura pode nos significar perdas econômicas e de imagem irreversíveis! Não existem fórmulas prontas e tão pouco há que se ter essa obsessão em encontrá-la.

Acredita na existência de um paladar argentino e um paladar internacional para a Malbec?
Acredito que exista identidade porque temos um Malbec único no mundo e logo teremos muitas bodegas com identidade própria e isso é o que seduz o paladar argentino e o internacional.

Qual o próximo terroir a se desenvolver?
Nos falta tanto para falar de terroir, recém estamos descobrindo zonas…em alguns anos quando as bodegas entenderem que as equipes enológicas devem ser longevas, quando já tivermos uma boa diferenciação dos nossos próprios terroirs, nossos próprios, distintos e minúsculos terroirs que imaginamos que darão as melhores uvas, quando tivermos um trabalho planificado durante muitos anos vamos ter muitos terroirs.  Hoje há zonas, dentro das quais começamos a descobrir subzonas.  É um grande trabalho.  O trabalho desenvolvido hoje por algumas bodegas certamente darão resultados amanhã…no momento posso falar-lhe de zonas que foram, são e serão referências, tais como La Consulta, Altamira, Agrelo, Vista Flores, Gualtallary, Las Compuertas, etc.  Antes falavamos de Valle de Uco, Primeira Zona, etc…porém hoje detalhamos mais!

Sabemos que é músico, te proponho uma “harmonização”: escolhi um Malbec seu e você me indica uma canção que combine com ele…
Claro, sou um aficionado por música: Malbec de Ángeles, viñedo do ano 1924 e “Angel” de Jimi Hendrix.

Deixando de lado os prêmios e reconhecimentos. Qual o vinho que mas gratificante que você elaborou? Sinceramente, La Violette do Pomerol, França. Não consigo mencionar outro vinho!

Fale um pouco de seu projeto com o músico Pedro Aznar.

Com Pedro temos criado mais que um projeto, uma ilusão, um sonho no momento, que já começou a ser realidade com vinhos que estarão logo no mercado.  São 2 hectares onde plantaremos 11 varietais distintos, construíremos uma bodega com “um tasting room” e um par de lindos apartamentos para desfrutar do lugar, que te asseguro ser mágico!

Teremos um lugar onde tocar música para nossos convidados e a bodega se chama Abremundos, com seus vinhos Octava Bassa, Octava Alta e Octava Superior. Serão vinhos de quantidade limitada, de alta qualidade, onde obviamente predomina a Malbec e também uma varietal que nos apaixona, a Cabernet Franc.

Artigo de  publicado no portal http://prwinenews.com/blog/entrevista-a-marcelo-pelleriti-o-como-llegar-a-los-100-puntos-con-un-malbec/
Ariel Rodriguez

Sobre o entrevistador

“Meu nome é Ariel Rodríguez e sempre me defini como um entusiasta do vinho. Fui aprendendo aos poucos sobre essa nobre bebida, escutando os outros, lendo livros, assistindo degustações, etc. e se me ocorreu a ideia de comunicar sobre o que gostava. Meu blog se converteu num espaço de crítica livre, um hobby para estimular o hábito de escrever, falar sobre o que bebo e fazer mil reflexões mas que só me ocorrem sobre o mundo do vinho argentino. A ausência de vínculos comerciais com esse mundo me permite uma voz livre e sincera dá que quero fazer parte”. Contato: ar@prwinenews.com

Crédito da imagem: http://wine-list.me/clos-de-los-7-a-mindblowing-partnership-part-1/

(Visited 1.820 times, 1.820 visits today)

One thought on “Enólogo argentino Marcelo Pelleriti diz como chegar aos 100 pontos com um Malbec”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *