2014-09-15 15.46.17

Comissão Vitivinícola Regional Alentejana convidou este escriba para participar da Masterclass ‘A Arte do Corte’, conduzida pelo crítico de vinhos português Rui Falcão com a presença de Dora Simões, DD. Presidente da CVRA. Na prova, Falcão falou sobre como o Alentejo tem conseguido combinar diferentes variedades de uvas alcançando vinhos que são um conjunto superior à soma das partes. A Masterclass aconteceu dia 15 de setembro (segunda-feira), das 16 às 17 horas no Hotel InterContinental São Paulo [Al. Santos, 1123]. O evento foi organizado pela Essência do Vinho e integrou a programação do Tasting anual da CVR Alentejana, que aconteceu no mesmo dia, das 15 às 20 horas.

O crítico de vinhos português Rui Falcão
O crítico de vinhos português Rui Falcão

Considerações de Rui Falcão

Degustação de vinhos do Alentejo realizada em 15 de setembro, com a presença de Dora Simões, presidente da CVRA. Rui Falcão salientou que Portugal sempre se destacou por produzir vinhos de lote mas que há alguns uma variedade só participa. Colhe-se e vinifica-se em separado e ao final faz-se o blend ou lote. Colher e fermentar imediatamente é muito mais fácil,  só que se houver falha o vinho será ruim.  Para fazer assim o enólogo há que ter muito conhecimento. Em Portugal tudo é antigo, tudo é tradicional, portanto há poucas mudanças, inclusive as fronteiras do país são as mesmas há séculos. Na enologia também há muito tradicionalismo e só permitido inovar sem renúncia às tradições.  Com o advento da União Europeia, os banqueiros batiam nas portas das vinícolas oferecendo crédito fácil e a UE financiava 50% para a modernização das vinícolas e de vinhedos. Rui disse que a Syrah está perfeitamente adaptada ao terroir alentejano. Para ele as uvas criadas pelo homem são apátridas. A Alicante Bouschet é uma variedade portuguesa que depois de Portugal só dá bons resultados em Sonoma Valley. Rui também disse que 45% dos vinhos consumidos em Portugal são do Alentejo, que há mais de cem anos produz vinhos. Tradição e modernidade caminham juntas no Alentejo. Há vinícolas que só usam uvas nativas de Portugal e outras lotes com variedades portuguesas e francesas, ditas internacionais. O escritor Flávio Faria observou que Portugal tem 323 castas, mas Rui salientou que no âmbito das Comissões Vitivinícolas apenas 250 são consideradas.

Vinhos da degustação
Vinhos da degustação

Relação dos vinhos degustados:

Vila Santa Reserva Branco 2012 – álcool: 13,5% – Região: Estremoz – Variedades: Arinto, Alvarinho e Sauvignon Blanc – Importador: Casa Flora – Segundo Rui Falcão, a primeira proporciona boa acidez, a segunda mineralidade e estrutura e a terceira aromas e untuosidade. Análise organoléptica: amarelo-pálido brilhante. Pouco intenso aromaticamente mas apresentando alguma complexidade com notas florais, vegetais e de frutas polpa branca. No paladar sua entrada revelou um branco macio, leve, de acidez média, um pouco pesado (medianamente fresco), com a madeira integrada e um longo  fim-de-boca longo. Avaliação: 87/100 pts.

A presidente da CVRA Dora Simões e Rui Falcão
A presidente da CVRA Dora Simões e Rui Falcão

Esporão Reserva branco 2013 – Álcool: 14% – Variedades: Arinto, Antão Vaz, Roupeiro e Sémillon (cerca de 3%) – importador: Qualimpor –  amadurecido em barricas novas de carvalho francês e americano com estágio sobre as borras finas, por tempo não mencionado pelo produtor, este branco apresenta cor amarelo-palha límpido e brilhante. No nariz os tradicionais aromas cítricos com destaque para grapefruit (toranja), pêssego e líchia sobre um fundo que recorda favo de mel. Na boca é um vinho untuoso, de perfil moderno, fácil de beber, fácil de gostar, com ótimo entrosamento entre fruta e madeira. Cremoso, fresco, crocante, seu álcool elevado lhe confere estrutura. Intenso com alguma profundidade, deixa uma nota de fruta cítrica no seu gostoso e persistente fim-de-boca. Avaliação: 90/100 pts.

Rui Falcão e o escrito Flávio Faria
Rui Falcão e o escrito Flávio Faria

Adega Cooperativa de Borba 2012 – preço na origem:  € 3,00 a   € 4,00 – Variedades: Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet – vermelho-rubi com violáceo e ligeiro halo granada. O perfil aromático é quase unidimensional com a fruta vermelha se destacando sobre um fundo dominado pelas especiarias.  Na boca exibiu taninos macios e alguma secura ao final. Tem maciez e frescor, um tinto simples mas que agrada bastante, porque tem bastante fruta, sem ser adocicado. Avaliação: 87/100 pts.

Dora Simões DD. Presidente da CVRA
Dora Simões DD. Presidente da CVRA

Cortes de Cima 2011 – Variedades: Syrah, Petit Verdot, Aragonês e Touriga Nacional – Região: Alentejo/Vidigueira-  Preço: R$ 108 – violáceo intenso. Aromas complexos com frutas negras, especiarias (cravo e pimenta-do-reino) sobre ligeiro tostado e algum floral. No paladar o grande destaque fica por conta da qualidade de seus taninos firmes, texturados e de perfil que confere alguma sofisticação ao conjunto. O nariz e a boca são diferentes, eis que na boca se mostrou mais frutado do que o anunciado pelo nariz, contudo, o resultado é agradável. Segundo Rui Falcão, a Syrah dá estrutura, a Petit Verdot frescor, Aragonês fruta e a Touriga Nacional arredonda o corte. O fim-de-boca e longo. Avaliação: 89-90/100 pts.

2014-09-15 16.11.17

Tinto da Talha Grande Escolha 2009 – preço médio no Brasil: R$ 55 – Variedades: Touriga Nacional e Alicante Bouschet – vinho cuja passagem por carvalho restringe-se apenas à fermentação malolática. Três semanas de carvalho novo. Análise organoléptica: Vermelho-rubi na transição para granada. Aromas intensos com sugestões de iodo,  frutas negras sobre um fundo de terra úmida. Na boca, sua entrada revelou um vinho gostoso, de taninos presentes de qualidade muito boa promovendo uma sensação crocante no paladar. Álcool generoso, acidez média/alta, boa concentração de sabor num final longo, marcante com alguma rusticidade. Estilo tradicional sem concessões à modernidade. Degustado pela segunda vez (a primeira foi na vinícola, demonstrou consistência). Avaliação: 87-88/100 pts.

Vinhos brancos da degustação
Vinhos brancos da degustação

Paulo Laureano Premium 2012 – Variedades: Aragonês, Trincadeira e Alicante Bouschet – intenso, profundo, quase retinto na cor. O nariz anúncia uma nota de fruta madura, doce, secundada por toques tostados sobre um fundo levemente herbáceo. Na boca é um vinho tânico (boa qualidade), fresco, acídulo, seco, de bom corpo com a fruta se destacando.  Um vinho bem feito, com a assinatura de um dos mais famosos enólogos de Portugal, que faz vinhos que evoluem na garrafa.  Avaliação: 89/100 pts. 

Do lado direito, um dos tintos destaque da degustação, o Dona Maria Reserva
Do lado direito, um dos tintos destaque da degustação, o Dona Maria Reserva

Dona Maria Reserva 2008 – Álcool: 14% – Variedades: Alicante Bouschet, Syrah e Petit Verdot – Preço: R$ 205,91 – intenso na cor, aberto nos aromas com notas balsâmicas, medicinais e de caça (quase animal) secundada por notas de barrica, côco, enfim toda sua elegância olfativa foi plenamente confirmada no paladar, de taninos sedosos, finos, com boa quantidade de fruta e a típica “pegada” dos tintos alentejanos. O fim-de-boca é longo e promete boa evolução na garrafa. Avaliação: 90/100 pts.+

Alentejo

Sobre o evento

“O evento, organizado pela Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA), foi uma oportunidade singular de apreciar a personalidade dos representativos rótulos do Alentejo e ‘degustar’ toda a história e cultura do local. Além disso, queremos reforçar o posicionamento dos Vinhos do Alentejo no mercado de São Paulo, que reúne uma enorme quantidade de empórios, lojas e restaurantes”, explica Dora Simõespresidente da CVRA que veio ao Brasil exclusivamente para o evento.

Em 2013, foram importados no Brasil 2.618.000 litros de vinhos alentejanos, o que representou um aumento de 12% em relação ao ano anterior. “O Brasil se identifica bastante com os vinhos do Alentejo. Por isso apoiamos ações como a degustação realizada em São Paulo, comunicando sempre o que diferencia os vinhos do Alentejo de todos os demais. Muitos no Brasil já reconhecem essa diferença, mas queremos levar essa mensagem a mais e mais consumidores”, complementa Dora Simões.

Alentejo: a melhor região vinícola do mundo para visitar 

A fama da região do Alentejo não conhece fronteiras. O jornal norte-americano USA Today, elegeu o Alentejo como a melhor região vinícola do mundo para visitar. “Esta intrigante região rural é como uma viagem de volta no tempo para os amantes do vinho”, escreve. “O terreno diverso detém olivais e vinhas, aldeias pitorescas, prados cheios de flores e florestas”, continua o jornal de maior circulação nos Estados Unidos. “É uma distinção importante para o Alentejo e para Portugal, que tem impacto muito positivo no potencial de notoriedade que a região pode obter nos mercados internacionais”, conclui Dora Simões.

CVRA – Comissão Vitivinícola Regional Alentejana 

A Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA) foi criada em 1989 e é um organismo de direito privado e utilidade pública que certifica os vinhos DOC Alentejo e os vinhos Regional Alentejano. É responsável pela promoção dos Vinhos do Alentejo, no mercado português e em mercados-alvo internacionais. Sua atividade é financiada através da venda dos selos de certificação que integram os contrarrótulos dos Vinhos do Alentejo. Para mais informação visite: www.vinhosdoalentejo.pt.

 Alentejo 3

(Visited 289 times, 289 visits today)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *