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Confraria Vinho & Boa Cia. se reuniu na noite de 02.12.2014 para degustar tintos elaborados com predominância da variedade francesa Cabernet Sauvignon. Estiveram presentes além deste escriba, os confrades: Ricardo, Flávio, Paulo Guerra, Cecília, Mônica, Núbia, Rosely, Roberto e Paula. Ausentes justificadamente Paulo Morais, Márcia e Bibe. A coordenação do mês coube a Ricardo Mello, que elegeu o tema e o restaurante, o Santo Colomba da Alameda Lorena – Jardins e que convidou o confrade José Carlos para participar da última reunião de 2014. 

Da esquerda para direita os vinhos na ordem de colocação
Da esquerda para direita os vinhos na ordem de colocação

A seguir a relação dos vinhos da degustação:

Ridge Cabernet Sauvignon Estate 2008 – preço: US$ 143,90 (safra 2008) – importador: Mistral – Variedades: Cabernet Sauvignon e Merlot –

Undurruga Founder’s Collection Cabernet Sauvignon 1999 –  Álcool: 12,5% – Importador: Gomez Carrera –

Miolo Lote 43 safra 2004 – Preço: R$ 103,20 (safra 2011 – www.wine.com.br) – Variedades: Cabernet Sauvignon e Merlot –

Château Grand-Puy-Lacoste Pauillac 2002 – Pauillac, a village located between Saint-Estephe and Saint-Julien on Bordeaux’s Medoc peninsula, is home to some of the world’s most famous and expensive wines (most obviously those of the first growths Chateaux Latour, Lafite Rothschild and Mouton Rothschild). The village has its own appellation specifically for red wines made predominantly from Cabernet Sauvignon – a variety well suited to the free-draining gravel soils found all around Pauillac. The stellar reputation of Pauillac wines is founded not only on their quality, but on their success in international fine wine markets. Three of the top five chateaux in the 1855 Medoc Classification (a ranking of Bordeaux’s best wine-producing properties) are located here. (© Wine-Searcher) –

Felipe Rutini 2009Variedades:  Cabernet Sauvignon (50%),  Merlot (30%) e Malbec (20%) – preço: R$ 465 (safra 2008)  – Álcool: 13,5% – 

Paul Sauer 2001 – US$ 51,50 – (US$ 101,50 – safra 2010) – Álcool: 14% – Variedades: Cabernet Sauvignon (70%), Merlot e Cabernet Franc em partes iguais – importador: Mistral –

Guado al Tasso 2006 Bolgheri DOC Superiore – Álcool: 14,5% – Variedades: Cabernet Sauvignon (65%), Merlot (30%) e Syrah (5%) – importador: Winebrands – preço: R$ 652 (2010) – 

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7° lugar – Guado al Tasso 2006 Bolgheri DOC Superiore – Álcool: 14,5% – Variedades: Cabernet Sauvignon (65%), Merlot (30%) e Syrah (5%) – importador: Winebrands – preço: R$ 652 (2010) – Vermelho-rubi com reflexo violáceo intenso, profundo com leve halo de evolução, nariz sério, empolgante a lembrar inicialmente um Bordeaux por sua complexidade com notas de evolução, alcatrão, toques animais e uma pontinha de especiarias. Boca tímida, taninos de pouca expressão, alguma fruta negra (ameixas), acidez mediana e madeira por se integrar à fruta. Persistente, termina com ligeira aspereza e um leve e incomum amargor deixando uma nota química no retrogosto. Para quem escreve, este vinho que nunca decepciona, mas infelizmente este exemplar ficou devendo. Oportunamente, outra garrafa dessa mesma safra será aberta para dirimir essa dúvida. Avaliação: 85-86/100 pts.

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6° lugar – Kanonkop Paul Sauer 2001 – US$ 51,50 – (US$ 101,50 – safra 2010) – Álcool: 14% – Variedades: Cabernet Sauvignon (70%), Merlot e Cabernet Franc em partes iguais – importador: Mistral –  Vermelho-rubi violáceo intenso e profundo com leve halo de evolução, nariz de média intensidade mas típico de um representante de Bordeaux por sua complexidade com notas de evolução, alcatrão, toques animais e uma pontinha de especiarias. Depois de algum tempo uma forte nota terrosa e de borracha muito característica de alguns tintos Sul-africanos, mas difícil de ser encontrada neste vinho. Boca tímida, taninos conferindo pouca expressão, alguma fruta negra (ameixas), acidez mediana e madeira integrada à fruta (escassa). Persistente, termina deixando uma nota química no retrogosto. Para quem escreve, este vinho nunca decepciona, mas infelizmente este exemplar ficou devendo, pela segunda vez. Será um problema do lote ou desta safra? Avaliação: 86/100 pts.

Kanonkop 2001 em penúltimo e Guado Al Tasso 2006 em último, dá para acreditar?
Kanonkop 2001 em penúltimo e Guado Al Tasso 2006 em último, dá para acreditar?

5° lugar – Felipe Rutini 2009 – Variedades:  Cabernet Sauvignon (50%),  Merlot (30%) e Malbec (20%) – preço: R$ 465 (safra 2008)  – Álcool: 13,5% – escurão na cor profunda e intensa com reflexo púrpura nas bordas denunciando tratar-se de um vinho jovem. Aromas intensos com frutas negras, especiarias, tabaco sobre um fundo balsâmico. Boca no mesmo diapasão, complexa, expansiva, taninos de excelente qualidade, acidez razoável, fruta e madeira em integração, uma ponta de álcool que não desequilibra o conjunto que merece mais algum tempo na garrafa por tratar-se de um verdadeiro clássico argentino. Avaliação: 88/100 pts.++

Undurraga Founder's Collection 1999 ficou em segundo lugar - importação da extinta Gomez Carrera
Undurraga Founder’s Collection 1999 ficou em segundo lugar – importação da extinta Gomez Carrera

4° lugar – Château Grand-Puy-Lacoste Pauillac 2002 – Álcool: 13% – Variedades: Cabernet Sauvignon (75% em média), Merlot (20% em média) e Cabernet Franc (5% em média) – Informa o “Grande Livro dos Vinhos” – 1a edição – Publifolha – agosto de 2012 sobre este “Cinquième Grand Cru Classé” que: “Encontra-se um valor excepcional nos 55 ha desse château. A propriedade tem a qualidade das grandes armas, mas consegue se manter ao alcance dos meros mortais. O vinho é mais um corte clássico de Pauillac com 75% de Cabernet Sauvignon, 20% de Merlot e 5% de Cabernet Franc, perfeito para os profundos cascalhos que existem em abudância por aqui. O terroir e a composição do vinhedo permitem que François Xavier Borie crie um vinho confiante, musculoso e muito apreciado. O segundo vinho, o Lacoste Borie, tem qualidade irregular e deve ser avaliado com mais cuidado.” Análise organoléptica. Vermelho-rubi com reflexo granada brilhante. Aromas bordaleses típicos com notas de sous-bois, fumo-de-corda sobre toques vegetais. Na boca taninos de textura fina conferindo elegância e sofisticação ao conjunto que se destacou por seu equilíbrio, mas que decepcionou por conta de sua média persistência. Avaliação: 89/100 pts.+

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3° lugar – Miolo Lote 43 safra 2004 – Preço: R$ 103,20 (safra 2011 – www.wine.com.br) – Variedades: Cabernet Sauvignon e Merlot – vermelho-rubi com halo granada. Aromas complexos com prevalência de notas terrosas sobre toques animais e de frutas secas. Na boca um vinho sofisticado, elegante, cujos taninos estão no auge da evolução. Álcool e acidez na medida certa. Na boca ainda exibiu uma nota frutada, o que lhe conferiu vida, movimento e frescor. Enfim, degustá-los às cegas foi experiência agradável porque demonstrou qualidade e consistência. Avaliação: 90/100 pts.

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2° lugar – Undurruga Founder’s Collection Cabernet Sauvignon 1999 –  Álcool: 12,5% – Importador: Gomez Carrera (inativa)granada brilhante  denunciando sua idade, eis que foi o vinho mais velho do painel. Muito vivo nos aromas com evidentes notas terciárias decorrentes do envelhecimento na garrafa. Boca firme, taninos aveludados, acidez correta, enfim, às cegas não exibiu as tradicionais notas de goiabada que alguns tintos chilenos apresentam; ao contrário ninguém imaginou tratar-se de um vetusto Cabernet Sauvignon do Novo Mundo. Encorpado, longo, de final persistente, macio, elegante e delicado. Avaliação: 91/100 pts.

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1° lugar – Ridge Cabernet Sauvignon Estate 2008 – preço: US$ 143,90 – importador: Mistral – Variedades: Cabernet Sauvignon e Merlot – o campeão da peleja disse a que veio logo no início…com muita fruta nos aromas que denunciaram sua origem “novomundista”. Notas de groselha, licor de cassis, ameixas sobre especiarias. Na boca sua entrada revelou um tinto encorpado, de taninos intensos, acidez firme, com a fruta se destacando sobre notas tostadas. Enfim, um vinho delicioso, fresco, monumental na sua tipicidade e complexidade gustativa. A barrica americana (nova e usada, cerca de 21 meses de estágio) está presente sem acompanhamento da francesa e demonstra que bem manuseada também resulta em vinhos sofisticados, elegantes e intensos, com o tostado bem característico. O final é longo, marcante, sedoso e convidativo. Avaliação: 92-93/100 pts.++

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Considerações

Essa degustação, a última do ano, trouxe à tona um embate muito comum entre os apreciadores de vinhos. Há uma corrente de enófilos que valoriza os aromas e sabores frutados e existe outra que valoriza os aromas terciários, decorrentes da evolução do vinho na garrafa. Na degustação isso ficou bastante evidenciado. Este escriba votou no vinho que ganhou (Ridge) e no segundo colocado (Undurraga). Mas houve confrade que deu a última colocação para o elegante Undurraga Founders Collection, julgando que o vinho já estava morto. O ganhador exibiu fruta nos aromas e nos sabores. Na realidade, mesmo contando com seis anos, era o segundo vinho mais novo da degustação e desse fator também se beneficiou. Mas se se considerasse apenas o quesito harmonia o Undurraga seria o ganhador. Ninguém ousou apontá-lo como chileno! Enfim, vinho bom é aquele que gostamos e no mundo do vinho diversidade de estilos é o que não falta. Mas também houve uma grande decepção. O Guado Al Tasso 2006 DOC Bolgheri, um grande vinho Toscano de nítido acento bordalês ficou na última colocação. Não estava “bouchonée” mas exibiu desempenho na taça que não condiz com seu preço e qualidade. O Sul-africano Paul Sauer 2001 também confirmou o desempenho abaixo do esperado. Digo confirmou porque o leitor após fazer uma simples busca fonética aqui no blog encontrará uma resenha dessa mesma safra. É um vinho elegante e longevo, mas não confirmou seu desempenho na taça. O ícone argentino Felipe Rutini 2009 estava fechado, talvez jovem ainda porque sua fama é de suportar décadas na garrafa. Já o Château Grand-Puy-Lacoste Pauillac 2002 também não se beneficiou de seus doze anos e teve desempenho abaixo do esperado. Miolo Lote 43 2004 foi surpreendente em sua elegância e equilíbrio gustativo porque está no auge e merecidamente arrebatou a terceira colocação. O vice-campeão foi um chileno que fez sucesso nos anos 70, 80 até princípios dos anos 1990: Undurraga Founders Collection Cabernet Sauvignon 1999. O vinho evoluiu com dignidade na garrafa, prova inconteste da longevidade dos Cabernet chilenos. E, finalmente, o campeão da degustação, quiçá um dos melhores Cabernets que se tem conhecimento: o californiano Ridge Cabernet Sauvignon Estate 2008.

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