“Graças aos departamentos de comunicação e marketing das vinícolas espanholas, sabemos quais são os vinhos melhor pontuados por Robert Parker (The Wine Advocate) e, em menor medida, os melhores por Jancis Robinson. O que não é dado a conhecer aos aficionados é quais são os piores vinhos para ambos. Aqui segue uma relação dos melhores como dos piores vinhos para estes dois reputados degustadores – por José Peñin”.

Devemos acrescentar que, ambos críticos, contam com uma equipe de degustação tão experiente como os próprios patrões e a qualificação de cada um é inquestionavel. Existe uma equipe distribuída por todo o mundo e cada uma delas tem sua “jurisdição papilar” com base no conhecimento que cada “correspondente” tem da zona assinalada. Na Espanha, temos Luis Gutiérrez, que integrou parte de uma boa equipe de mundovino.com e cujo conhecimento do vinho mundial lhe dá garantia suficiente para não cair em patriotismos. Igualmente Jancis conta na Espanha com o aval de Ferrán Centelles, que tem demostrado jogo de cintura e profissionalismo como sommelier  no El Bulli e na original web winessocial.

E no que respeita aos vinhos espanhóis, se calcula que Jancis (com equipe) já degustou 4.237 vinhos  desde o ano 2000 e Robert Parker aproximadamente 16.000 vinhosEstes dados mostram que as possibilidades de certos desvios, dependendo do estado de vinho, sem permitir que ele esteja com defeito, serão maiores, uma vez que é mais difícil fazer um acompanhamento anual de cada marca como nós fazemos. Mais de 106.000 referências no Guia Peñin, no mesmo período, repetindo a marca a cada ano com safras diferentes.

Se compararmos os vinhos provados por ambos críticos, podemos observar que, enquanto Parker parece ter alguma fobia de vinhos velhos, para Jancis é o oposto. Como britânica, sente uma certa queda por vinhos evoluídos.

De acordo com a lista, opino que ambos exageram por excesso ou por defeito. O americano pontua demasiado baixos vinhos da CVNE e Vega-Sicilia, muitos em fase de declínio, mas mesmo assim não ficariam com menos de 80/100 pontos (a não ser por causa do estado da garrafa). É lógico que as provas foram feitas com garrafas em condições mínimas de degustação. Para Jancis dar a nota máxima (20/20 pts.) a vinhos como Marqués de Riscal 1883 ou 1900 me parece algo desmedido – se não houvesse uma carga considerável de emoção e respeito pela história. Por outro lado, não é claro que Parker tenha atribuído 55/100 pontos a um Vega-Sicília 1939, quando, de acordo com a escala de valores dele entre 50 e 59 sendo um vinho inaceitável e tal fator pode imputar-se ao estado de conservação da garrafa. Então por que publica? Quando comparado com as altas pontuações que a escritora britânica atribui a esta mesma marca para as safras 1969, 1974 e 1980, há algo de errado nisso.

Os 15 vinhos espanhóis melhor avaliados por Robert Parker

(Nos últimos 7 anos. Todos eles com 100 pontos)

96 – 100: Excepcional
90 – 95: Excelente
80 – 89: De bom a muito bom
70 – 79: Bom
60 – 69: Inferior à média
50 – 59: Inaceitável

Em geral, a Wine Advocate  é tão generosa nas valorações a ponto de chegar aos 100 pontos, a avaliação mais alta. Esta classificação baseia-se nos requisitos atribuídos para essa pontuação que são abrangidos pelos referidos vinhos. Pode ser que algum vinho possa superar essa qualidade, mas as pontuações não prevalecerão.

100 Pontos

1 Alvear Pedro Ximenez de Añada 2011 Degustado em novembro 2013
2 Arrels del Priorat Ca Les Viudes Degustado em fevereiro 2014
3 Artadi viña El Pisón 2004 Degustado em junho 2010
4 Benjamín Romeo Contador 2004 Degustado em fevereiro 2007
5 Benjamín Romeo Contador 2005 Degustado em fevereiro 2008
6 Bodegas Alto Moncayo Alto Moncayo 2009 Degustado em novembro 2013
7 Bodegas Alto Moncayo Alto Moncayo 2007 Degustado em novembro 2013
8 Bodegas Barbadillo Reliquia Palo Cortado Degustado em agosto 2013
9 Bodegas Fernando Remírez de Ganuza Gran Reserva 2004 Degustado em junho 2010
10 Bodegas Toro Albala Don Px Convento Selección 1946 Degustado em agosto 2013
11 Clos I Terrasses Clos Erasmus 2004 Degustado em fevereiro 2007
12 Clos I Terrasses Clos Erasmus 2005 Degustado em fevereiro 2008
13 Pingus 2004 Degustado em junho 2010
14 Valdespino Moscatel Toneles Degustado em agosto 2013
15 Vega Sicilia Único 1962 Degustado em agosto 2012

OBSERVAÇÕES: dentro da generosidade da pontuação, em geral, as valorações são coerentes com pequenos desvios com respeito não somente ao Guía Peñín, senão também com o resto dos guias.

Os 15 vinhos espanhóis pior avaliados por Robert Parker 

1 Valtravieso VT Tinta Fina 2005. Pontuação 80+ Degustado em junho de 2010
2 Bodegas y Viñedos Pujanza. Pujanza Norte 2002. Pontuação 80 Degustado em agosto 2012
3 Freixenet Semi Secco Rosé Cava. Pontuação 79 Degustado em setembro 2009
4 Vega Sicilia Único 1955. Pontuação 78 Degustado em fevereiro de 1995
5 Bodegas y Viñedos Pujanza Pujaza Norte 2002. Pontuação 80 Degustado em agosto 2012
6 Muga Prado Enea Gran Reserva 1969. Pontuação 75 Degustado em junho de 2010
7 Castelo de Medina Perfecto 2003. Pontuação 75 Degustado em março 2010
8 Vega Sindoa El Chaparralle. Pontuação 74 Degustado em agosto 2008
9 Bodegas Ramírez Rioja Ramírez de la Piscina Reserva 2002. Pontuação 73 Degustado em agosto 2008
10 Vinos Sin-Ley M3 / Monastrell 2007. Pontuação 72 Degustado em agosto 2008
11 CVNE Viña Gran Reserva 1935. Pontuação 72 Degustado em junho de 2010
12 CVNE Imperial Gran Reserva 1928. Pontuação 70 Degustado em junho de 2010
13 CVNE Imperial Gran Reserva 1947. Pontuação 65 Degustado em junho de 2010
14 CVNE Imperial Gran Reserva 1939. Pontuação 60 Degustado em junho de 2010
15 Vega Sicilia Único 1939. Pontuação 55 Degustado em fevereiro 1995

OBSERVAÇÕES:
Parker confere aos vinhos históricos de Cune uma “reavaliação” demasiado rigorosa. Se parece haver publicado como serviço aos leitores que puderam adquirir essas garrafas, é mais provável que, nesta idade, os vinhos não dependam de si mas sim da rolha, de tal modo que podem estar melhores ou piores. São vinhos de coleções e não para uma simples degustação. Os vinhos de Pujanza Norte do primeiro período eram bastante inferiores aos atuais, portanto sua avaliação está correta. Todavia, Prado Enea 1969 ainda está muito vivo para obter uma pontuação tão baixa. ¿Botella Dixit?

Os 15 vinhos espanhóis melhor avaliados por Jancis Robinson 

20: Excepcional
19: Incrível
18:  Acima de Superior
17: Superior
16: Distinto
15: Médio
14: Perto da morte
13: Quase defeituoso ou desequilibrado
12: Defeituoso ou desequilibrado

1 15 Marchanudo Alto La Bota de Fino – Equipo Navazos – Jerez Pontuação 20 19 de janeiro 2010
2 20 Bota Punta La Bota de Manzanilla Pasada – Equipo Navazos – Manzanilla Pontuação 20 19 de janeiro 2010
3 Marqués de Riscal tinto – Rioja – 1900 Pontuação 20 10 de julho 2008
4 Marqués de Riscal tinto – Rioja – 1883 Pontuação 20 9 de abril 2013
5 Médoc Reserva – Marqués de Riscal – Rioja – 1945 Pontuação 20 11 de maio 2009
6 Único – Vega Sicilia – Ribera del Duero – 1980 Pontuação 20 11 de maio 2009
7 Único – Vega Sicilia – Ribera del Duero – 1974 Pontuação 20 11 de maio 2009
8 Único – Vega Sicilia – Ribera del Duero – 1969 Pontuação 20 11 de maio 2009
9 Viña Real Gran Reserva – CVNE – Rioja – 1959 Pontuação 19,5 9 de dezembro 2011
10 Moncerbal Mencía – Descendientes de J Palacios – Bierzo – 2008 Pontuação 19,5 10 de março 2013
11 2 Marchanudo Alto La Bota de Fino – Equipo Navazos – Jerez Pontuação 19,5 30 de junho 2008
12 Marqués de Riscal tinto – Rioja – 1929 Pontuação 19,5 9 de abril 2013
13 Médoc Reserva – Marqués de Riscal – Rioja – 1964 Pontuação 19,5 9 de abril 2013
14 Único – Vega Sicilia – Ribera del Duero – 2004 Pontuação 19,5 19 de junho 2012
15 Único – Vega Sicilia – Ribera del Duero – 1942 Pontuação 19,5 19 de junho 2012

OBSERVAÇÕES:
Jancis, com sua equipe, é um pouco parcimoniosa para avaliar com mais de 19 pontos os vinhos espanhóis que não sejam especiais (Jerez) ou vinhos velhos, incluindo os intocáveis Vega-Sicilia. Só se salva da época atual o Moncerbal de los Palacios.

Os 15 vinhos espanhóis pior avaliados por Jancis Robinson 

1 Crianza – Castillo San Simón – Jumilla – 2008 Pontuação 13,5 31 de maio 2013
2 Crianza – Castillo de Enériz – Navarra – 2006 Pontuação 13,5 25 de julho 2013
3 Mas D’En Comte Blanco – Cal Pla – Priorat – 2006 Pontuação 13,5 15 de agosto 2008
4 Viña Pomal Reserva – Bilbaínas – Rioja – 1994 Pontuação 13,5 16 de outubro 2012
5 Emoción Parraleta – Ballabriga – Somontano – 2008 Pontuação 13,5 8 de dezembro 2014
6 Moristel – Alodia – Somontano – 2010 Pontuação 13,5 8 de dezembro 2014
7 Antonio Corpus Reserva – Viña Aliaga – Navarra – 2002 Pontuação 13,5 25 de julho 2013
8 V2 – Valquejigoso – Vino de Mesa – 2005 Pontuação 13 13 de agosto 2012
9 Eminasin tinto – Matarromera – 2007 Pontuação 13 17 de setembro 2009
10 Eminasin blanco – Matarromera – 2007 Pontuação 13 17 de setembro 2009
11 Viña Lombas Crianza – Marqués de Olivara – Toro – 2001 Pontuação 13 26 de abril 2005
12 Tesco Moscatel – Cherubino Vasangiacomo – Valencia Pontuação 13 14 de outubro 2010
13 Colección Cristina Calvache – Bodega de Alboloduy – Vino de la tierra de desierto de Almería – 2013 Pontuação 13 17 de março 2014
14 Eminasin Rosé – Matarromera – 2007 Pontuação 12 17 de setembro 2009
15 Ribera del Mudéjar Árchez Tinta Romé – Hermanos López Martín – Málaga – 2002 Pontuação 12 14 de junho 2013
16 Camparrón Reserva – Francisco Casas – Toro – 1999 Pontuação 12 26 de abril 2005

OBSERVAÇÕES:

Nada que objetar. Como sempre, o mercado britânico tem “suas marcas” espanholas que não se vendem na Espanha. Algumas delas aparecem na lista.

Fonte: http://jpenin.guiapenin.com/2015/01/14/los-peores-y-los-mejores-vinos-de-robert-parker-y-jancis-robinson/#more-1578 – Texto traduzido para Português por este escriba sendo proibida a reprodução parcial ou total sem nossa expressa autorização –

José Peñín, nascido em 1943, em Santa Colomba de la Vega (León). É o escritor de vinhos mais prolífico da Espanha e um dos jornalistas e escritores mais experientes em matéria vitivinícola, decano da profissão e o mais conhecido a nível nacional e internacional. Desde que criou em 1990 o “Guia Peñin”, tornou-se referência mais influente no comércio internacional de vinhos espanhóis e sua publicação a mais consultada a nível mundial, o que o converte no mais importante criador de correntes de opinião em torno do vinho. Viajante incansável, já visitou quase todos os principais vinhedos do mundo, amiúde convidado para ser conferencista, consultor, degustador de reconhecido prestígio, membro de diferentes corpo de jurados internacionais com inumeráveis prêmios em sua trajetória profissional que alcança na atualidade mais de 35 anos na atividade vitivinícola. Fonte: http://jpenin.guiapenin.com/

José Peñín, nascido em 1943, em Santa Colomba de la Vega (León). É o escritor de vinhos mais prolífico da Espanha e um dos jornalistas e escritores mais experientes em matéria vitivinícola, decano da profissão e o mais conhecido a nível nacional e internacional. Desde que criou em 1990 o “Guia Peñin”, tornou-se referência mais influente no comércio internacional de vinhos espanhóis e sua publicação a mais consultada a nível mundial, o que o converte no mais importante criador de correntes de opinião em torno do vinho. Viajante incansável, já visitou quase todos os principais vinhedos do mundo, amiúde convidado para ser conferencista, consultor, degustador de reconhecido prestígio, membro de diferentes corpo de jurados internacionais com inumeráveis prêmios em sua trajetória profissional que alcança na atualidade mais de 35 anos na atividade vitivinícola. Fonte: http://jpenin.guiapenin.com/

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