Cinsault ou País?
Cinsault ou País?

 

Entre os dias 23 a 27 de março este escriba viajou para o Chile a convite do ProChile para o “Programa Visita Periodistas Difusión de Vinos del Valle del Itata” . No primeiro dia fomos instalados na cidade de Santiago e recebidos por Hernando Hernández (Periodista – Departamento de Comunicaciones) e María José Álvarez Ureta (Santiago Export Center). Na terça-feira, dia 24, seguimos de avião para Concepción e depois de carro para Chillán, onde eramos esperados pela Diretora Regional do ProChile Bío-Bío Sandra Ibañez, pelo Ejecutivo en Chillán de ProChile Bío-Bío – Representante Regional Ñuble Cristian Pavez Carcamo, por Carlos Ruiz Sanchez, do INIA-CL – Instituto Nacional de Investigaciones Agropecuarias, pelo representante da “Asociación de Enólogos y Profesionales del Vino del Valle del Itata”, pelo Professor da Faculdade de Agronomia da Universidade de Concepción, Ingeniero Comercial Master en Marketing Alejandro Chandía Vejar, pelo Enólogo Guillermo Pascual Aburto, pelo Presidente AG Enólogos del Vino del Valle del Itata Claudio Barría. 

 

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Portezuelo – local do nascimento do vinho chileno

Na manhã do dia 25 de março este escriba foi a região de Portezuelo (cidade que possui apenas dois mil habitantes, na região de Biobío, a 38 km de Chillán), onde foi recebido pelo Engenheiro Agrônomo Carlos Rui Sanchez, do INIA – Instituto Nacional de Investigaciones Agropecuarias, órgão subordinado ao Ministério da Agricultura do Chile, que salientou que essa região foi a primeira zona colonizada pelos espanhóis em 1540. A região assim se divide: vale costeiro ou oriental; interior ou ocidental, que é uma vertente da cordilheira da costa e o vale central que fica entre os rios Itata e BioBío. Aqui há cerca de cinco terroirs diferentes. Voltando no tempo, as primeiras culturas a serem cultivadas foram o trigo, aveia e as vinhas. Há dois tipos de solo: ondulados e planos. A pluviometria anual é de cerca 840 mm, o clima é mediterrâneo, possibilitando que as uvas amadureçam uniformemente. Em Portezuelo existe a influência do Rio Ñuble, cujos solos no seu entorno são graníticos de origem lacustre. Essa região está a 400 km de Santiago e a 30 km em linha reta do mar. Aqui a uva País e a Moscatel de Itata pontificam com 5.000 hectares plantados “en cabeza”, que se caracteriza por uma poda severa da videira  e também por estar livre de contaminação, a utilização de fertilizantes é reduzida, numa região repleta de bosques de Pinheiros e Araucárias. Há também cerca de 800 hectares das variedades francesas Cabernet Sauvignon e Chardonnay. Existe, nesta região, um concurso importante, realizado na segunda semana de novembro de cada ano, denominado “Concurso de Vino de Ránquil – Coelemu e Portezuelo”. Aqui o vinho que se destaca é o Pipeño, que por ser tão representativo da região até falsificação sofre. Veja no quadro abaixo sua definição:

Vinhos "Pipeños" - El Pipeño es el vino que históricamente se manejaba, guardaba, transportaba y se vendía en barriles de Raulí de 400 litros llamadas Pipas. De ahí viene su nombre original. O sea más que con la variedad o el lugar de origen este vino tiene más con una técnica artesanal que se usa.
Vinhos “Pipeños” – vinho que historicamente se manejava, guardava, transportava e se vendia em barricas de Raulí de 400 litros chamadas “Pipas”. Daí vem seu nome original. Ou seja, mais que a variedade o lugar de origem deste vinho tem relação com a técnica artesanal que se usa na sua elaboração que resulta num vinho aromático, leve, fresco, ácido, simples, sem tecnologia,  mas com personalidade.  Uma pequena parte de água (cerca de 7%) pode ser acrescentada com o objetivo de baixar o grau alcoólico.

 

Primeira vinícola visitada – Vinos Lomas de Llahuén

Viña Lomas de Llahuén nasceu em 1986, por iniciativa dos irmãos Francisco e Gustavo Riffo como consequência do momento de rompimento da época e das baixas oportunidades de emprego na área. Seu início não foi fácil já que não contavam com capital nem terrenos para trabalhar e muito menos com alguma produção, apenas contavam com uma ideia de negócio e ansiosos para dobrar as mãos do destino para trabalharem na sua própria terra, e assim partem com uma colheita anual de 900 kg de uva que se transformaram nos primeiros 600 litros de vinho para venda à granel.

Ao passar pouco tempo os irmãos Francisco e Gustavo se deram que conta que o negócio do vinho a granel não era rentável, já que nesses anos a comercialização era em  pipas de 400 litros e mais, os intermediários pagavam baixo preço aos produtores e alguns diretamente não lhes pagavam. Por isso que no início da década de 1.990, Lomas de Llahuén decide envasar os vinhos em garrafas de vidro de 5 litros e assim se atreveram a buscar clientes em Chillán com o afã de buscar melhores preços e oportunidades para atingir alguma estabilidade de trabalho.

Assim trabalharam muito duro e com mais vontade que recursos. Assim pequenos mercados foram se abrindo, principalmente em Chillán, projetando desta forma um negócio sério com inclusão da família de ambos sócios  e irmãos, e hoje Lomas de Llahuén trabalha com os filhos e sobrinhos dos sócios fundadores. Atualmente, essa vinícola conta com 15 hectares de vinhas em franca produção, com produtos envasados em garrafões de 5 litros, 2 Litros e garrafas de 750 ml, além de produzir vinhos de qualidade como por exemplo Cabernet Sauvignon, Late Harvest e vinhos espumantes.

 

Este vinho destacou-se posteriormente numa degustação
Este vinho destacou-se posteriormente numa degustação

 

 

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Produtor local
Produtor local – Viña Lomas de  Llahuén

 

A seguir impressionantes imagens do Rio Bio-Bio e de seu leito –

Flagrante do Vale de Itata
Flagrante do Vale de Itata

 

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Variedade de uva Moscatel de itata recém-colhida
Variedade Moscatel de Itata recém-colhida

 

Cinsault cultivada "en cabeza"
Cinsault cultivada “en cabeza”

 

Nesta região visitamos aqueles que, provavelmente, foram os primeiros vinhedos da zona de Itata, que datam dois séculos XVII e XVIII. Aqui fizemos um tour pelo passado da vitivinicultura chilena, eis que nos inserimos em paisagens praticamente não alteradas pelo tempo e principalmente pelo homem. Pudemos conhecer pequenos produtores que mantiveram o processo de elaboração dos vinhos de forma intacta. Nada é industrializado, a escala humana predomina, uma vez que  a elaboração de vinho é parte essencial da sua existência. Logo depois, já conseguimos provar vinhos das variedades que se destacam na região e que agora conhecem um processo de valorização e reconhecimento de suas importâncias: País ou Mision e Cinsault ou Cargadora.

 

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A maior parte das informações para elaboração deste post foram colhidas no local e uma parte menor no portal  http://turismoportezuelo.cl/atractivos-turisticos/ruta-del-vino/

No próximo post: visita e degustação dos vinhos Moscatel e Cinsault produzidos pela Viña Moscin, em Guarilihue, Itata Profundo.

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