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Entre os dias 12 a 18 de abril da semana passada, este escriba viajou para o Uruguai, a convite da Wines of Uruguay para o “programa de visitas às bodegas do Uruguai”. Logo no primeiro dia (13 de abril) visitamos a Antigua Bodega Stagnari, que no momento está à procura de importador de seus vinhos para o Brasil, antes importados pela extinta Vinho Sul. Nesta vinícola fomos recebidos pela proprietária Virginia Stagnari e também por  Laura Casella (enóloga) e Fabián Houjeije (Export Manager). A seguir algumas informações sobre a bodega e nossas impressões sobre os vinhos degustados:

 

Virginia Stagnari (Diretora), Fabián Houjeije (Gerente de Exportações) e a Enóloga Laura Casella
Virginia Stagnari (Diretora), Fabián Houjeije (Gerente de Exportações) e a Enóloga Laura Casella

A Antigua Bodega Stagnari produz vinhos finos desde 1986 na região de Canelones, onde fica sua sede – Ruta 5 km 20, Santos Lugares. A vinícola está a apenas 1,6 km da estrada e todos seus clones são importados da França. A produção é pequena e elaborada de forma artesanal. São duas enólogas:  Mariana Menguzzi e Laura Casella. Mariana iniciou seu trabalho na vinícola em 2007 e fez estágio em vinícolas da Califórnia por 4 meses em 2006 e na Austrália em 2008 também por 4 meses. Já Laura Casella está há quase trinta anos trabalhando na vinícola como enóloga. Dos 30 hectares de plantação própria da Stagnari, 7 hectares encontram-se em torno da vinícola e 23 hectares em Melilla distante a 5 Km da mesma. A produção total é de 240.000 litros de vinhos finos e 1,5 milhão de litros de vinhos comuns. É comandada pela quina geração da família Stagnari e sua produção está assim dividida: tintos (70%), brancos (15%) e rosados (15%). São cultivadas as seguintes variedades: Tannat, Merlot, Sangiovese, Cabernet Sauvignon, C. Franc, Syrah, Chardonnay e Sauvignon Blanc. A Antigua Bodega Stagnari adota práticas de agricultura sustentável e não utiliza irrigação artificial. Exporta seus vinhos para os Estados Unidos, Inglaterra, Europa, Ásia, inclusive China. Pretende retomar as exportações para o Brasil.

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Foram degustados os seguintes vinhos:

Prima Donna Sauvignon Blanc 2014 – 

Del Pedregal Chardonnay 2014 –  

Del Pedregal Tannat 2013 – 

Del Pedregal Tannat-Merlot-Cabernet Sauvignon 2013 –

Prima Donna Tannat Crianza en Roble 2011 –

Osiris Merlot 2007 – 

Osiris Tannat 2006 – 

Il Nero Tannat 2009 – 

Donna Sauvignon Blanc 2014 – Álcool: 12% – Palha claro. Aromas intensos com as tradicionais notas vegetais da variedade, fruta de polpa branca sobre um fundo mineral. Fresco, termina sem amargor confirmando a tipicidade da variedade.

 

Del Pedregal Chardonnay 2014 – Álcool: 12% – Amarelo-palha brilhante. Menos intenso nos aromas do que o vinho anterior, exibiu notas cítricas e de frutas tropicais maduras. Na boca é razoavelmente fresco e de persistência não muito longa. Termina sem amargor.

Del Pedregal Tannat 2013 – Álcool: 13% – o primeiro Tannat provado durante nossa viagem não decepcionou. Intenso na cor, aromas vegetais na frente do toque de frutas negras que caracterizam a Tannat (framboesa e ameixa). Na boca taninos presentes de boa qualidade, álcool e acidez integrados, alguma fruta e final seco, porém, sem adstringência.

 

Del Pedregal Selección Tannat 2013 – Variedades: Tannat (40%), Merlot (30%) e Cabernet Sauvignon (30%) – Álcool: 13% – Aqui as variedades amadurecem em barricas usadas de carvalho francês e americano durante seis meses antes do assemblage. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso. Aromas abertos. Primeiro vem a madeira e depois frutas vermelhas com boa sustentação na taça. Na boca confirmou os aromas, com taninos finos, redondos e de boa textura, com leve aquecimento do paladar. De média para longa persistência, exibiu boa acidez e terminou sem arestas. Um tinto com bastante personalidade, bem feito.

 

Prima Donna Tannat Crianza en Roble 2011 – Álcool: 13,5% – amadurecido oito meses em barricas francesas usadas, exibiu cor vermelho rubi intenso com alguma profundidade. Aromas abertos com notas de geleia de framboesa, especiarias sobre um fundo defumado. Na boca é um vinho solidamente constituído, tânico (ótima qualidade), álcool integrado, acidez salivante, boa presença de fruta e madeira presente sem exagero, com algumas capas de sabores. Persistente, termina macio, sem adstringência e deixa uma gostosa nota de ameixa no palato.

 

 

Osiris Reserva Merlot 2007 – Álcool: 14% – vinho amadurecido durante 15 meses em barrica de carvalho americano de três tostagens. Análise organoléptica: vermelho-rubi concentrado com reflexo púrpura. Nariz típico da Merlot com toques de ameixa, chocolate, especiarias sobre uma nota defumada. Na boca apresentou taninos macios, de textura fina contrabalançados por boa acidez e álcool integrado. Um vinho concentrado, fresco, longo, que comprova a assertiva de que essa variedade é uma das mais importantes do Uruguai.

 

Osiris Reserva Tannat 2006 – Álcool: 13,5% – vinho amadurecido durante 12 meses em barrica de carvalho americano. Análise organoléptica: violáceo intenso, profundo, quase impenetrável. Paleta de aromas complexos e típicos da casta com cerejas, especiarias, uma ponta de caramelo sobre um fundo levemente herbáceo. Alguma sobra de álcool a lembrar um fortificado (Porto). Na boca exibiu taninos presentes, macios, intensos e bem trabalhados. Fruta em evidência com bom entrosamento com a madeira. Um vinho potente, longo, direto, modelo de respeito ao caráter varietal da Tannat.

 

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Rótulo em Braile
Rótulo em Braile

Il Nero Tannat 2009 – Álcool: 14,5% – é o topo de linha da Stagnari, amadurecido durante 36 meses em barricas novas e usadas de carvalho americano e francês, elaborado com uvas de vinhedos específicos de baixo rendimento e afinado na garrafa por mais dois anos antes de sua liberação ao mercado. É o vinho que homenageia o fundador da vinícola falecido faz poucos anos. Análise organoléptica:  retinto na cor, complexo nos aromas com sugestões de especiarias, notas tostadas, chocolate com ampla sustentação na taça. No paladar a sua entrada revelou um tinto potente, de taninos instigantes, álcool generoso, fruta delicada e um delicioso sabor que evoca chocolate recheado com cerejas maceradas em licor cherry brandy. Com muita vida na garrafa pela frente, é um vinho que já pode ser desfrutado, mas que recompensará aqueles dotados de um virtude rara nos dias que correm: paciência!

Conclusão

Apesar de não termos provado nenhuma amostra de 2015, foi na Antigua Bodega Stagnari que ficamos sabendo do caráter excepcional dessa safra. Nesta vinícola familiar degustamos diversos vinhos e  nenhum decepcionou. Ao contrário, a qualidade chamou-nos atenção e talvez por isso que já tiveram sua regular importação para o Brasil, através da extinta Vinho Sul. No momento, Virginia Stagnari busca importador no Brasil para seus vinhos. O contato inicial poderá ser feito por aqui, através do e-mail jerielc@bol.com.br. São vinhos equilibrados, sem excessos de madeira ou álcool. Fáceis de gostar, quem importá-los contará com todo apoio da bodega para divulgação e reintrodução no mercado brasileiro.

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One thought on “Safra 2015 no Uruguai – Antigua Bodega Stagnari”

  1. Para mim disparada a melhor vinícola do uruguai para quem busca bons vinhos. O Il Nero é produzido somente em grandes safras e a última grande safra da vinícola foi em 2009. Vinho fantástico e imbatível em comparação a qualquer outro tannat uruguaio.

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