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No último dia 23 de abril, a Cooperativa Vinícola Aurora lançou, com a presença de seu Diretor-Geral Hermínio Ficagna em São Paulo, a linha de vinhos “Pequenas Partilhas – Notáveis da América” composta de quatro rótulos, a saber: Cabernet Franc – (Serra Gaúcha), Malbec (Mendoza), Tannat (Uruguai) e Carménère (Chile). Antes, porém, foi servido o novo espumante “Pinto Bandeira” elaborado pelo Método Champenoise Extra Brut com uvas procedentes de Pinto Bandeira (RS) das variedades Chardonnay (60%), Pinot Noir (30%) e Riesling Itálico (10%), 12 meses de autólise, safra 2013,  dégorgement realizado no começo de abril de 2015. A seguir as descrições e avaliações de todos vinhos degustados:

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Espumante Aurora “Pinto Bandeira” Método Tradicional Extra Brut – Variedades: Chardonnay (60%), Pinot Noir (30%) e Riesling Itálico (10%) – Palha claro com reflexo esverdeado brilhante. Perlage fino e constante com borbulhas de tamanho reduzido em profusão. Aberto nos aromas com notas florais e de frutas de polpa branca. Na boca chama atenção sua acidez “cremosa” e cítrica, confirmando a fruta sinalizada no nariz. Com apenas 5 g/l de açúcar não é tão austero quanto parece, revelando um discreto dulçor que lhe confere personalidade. Firme, fresco e cheio, tem personalidade e sobretudo qualidade.Terminou macio e sem amargor. Avaliação: 89/100 pts.

 

 

Cabernet Franc é nacional. Apresentou taninos um pouco acima da média.
Cabernet Franc é nacional. Apresentou adstringência um pouco acima da média.

Aurora Pequenas Partilhas Cabernet Franc 2013 – Álcool: 13% – a Cabernet Franc vem principalmente de Pinto Bandeira (24 km do centro de vinificação da matriz da Aurora), cujo solo é basáltico de origem vulcânica,  o que proporciona boa acidez ao vinho, que amadureceu seis meses em barricas de carvalho americano e francês. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso de média profundidade. Nos aromas a madeira vem na frente sobre um fundo balsâmico. Na boca a sua entrada revelou um vinho tânico, alcoólico e de acidez média. Com pouca fruta, revelou acento mineral, boa tipicidade e final persistente. Foi bem à mesa. Avaliação: 86-87/100 pts.  

 

Em seguida veio o Malbec. Fácil de beber, sua doçura  permite que seja tomado sem comida.
Em seguida veio o Malbec. Fácil de beber, sua doçura permite que seja tomado sem comida.

Aurora Pequenas Partilhas Malbec 2013 – a Malbec vem principalmente de Maipú, pertinho da Capital da Provincia de Mendoza, cujo solo é franco-arenoso essencialmente pedregoso de origem aluvial, o que garante um bom irrigamento da planta, conforme salientou Fernando Anitori, Diretor de Exportações da Finca Agostinos, cujos vinhos já foram representados no Brasil pela extinta importadora Vinho Sul. Quarenta por cento deste tinto amadureceu seis meses em barricas de carvalho americano e francês. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso de média profundidade. Nos aromas notas de violetas, ameixas sobre um fundo de frutas vermelhas. Na boca apresentou taninos macios, álcool elevado promovendo uma sensação de calor e de doçura no palato. Corpo médio, menos fruta do que o desejado e acidez média. Terminou macio, de bom cumprimento, sem adstringência. Avaliação: 87/100 pts.  

 

O Carménère também foi um dos mais elogiados pelos presentes.
O Carménère também foi um dos mais elogiados pelos presentes…

Aurora Pequenas Partilhas Carménère 2013 – Álcool: 13,5% – a Carménère vem de 750 hectares de vinhedos que a Família “De Aguirre” mantém principalmente no Vale Central chileno, cujos solos são em sua maioria são franco-arenosos derivados de cinzas vulcânicas conforme salientou o Enólogo José Ignacio Maturana. O vinho amadureceu oito meses em barricas de carvalho americano e francês de primeiro, segundo e terceiro usos. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo. Nos aromas o toque de pimenta verde da Carménère sobressai, mas dá espaço para frutas vermelhas e negras resultando num conjunto agradável e convidativo. Na boca a sua entrada revelou taninos finos, muito macios, com a fruta se destacando conferindo balanço e frescor ao conjunto. Redondo, foi o mais persistente e fácil de beber do painel, com a vantagem de não precisar de comida para ser desfrutado. Parabéns ao hábil José Ignácio Maturana, responsável pela elaboração deste vinho, que tem tudo para ser um sucesso de vendas. José Ignácio tem larga experiência, eis que trabalhou durante mais de dez anos numa das maiores vinícolas chilenas, a Casa Silva, do Vale de Colchágua. Avaliação: 88/100 pts.  

...mas na singela opinião deste escriba, o vinho que melhor harmonizou com as carnes do restaurante foi este TANNAT produzido por Giménez Méndez.
…mas na singela opinião deste escriba, o vinho que melhor harmonizou com as carnes do restaurante foi este TANNAT produzido por Giménez Méndez.

 

Aurora Pequenas Partilhas Tannat 2013 – a Tannat vem da região de Las Brujas (perto de Montevidéo), cujo solo é franco-arenoso e o clima tem forte influência do oceano Atlântico, consoante explicação de Sebastián Gonzatto. O vinho tem uma curta passagem por barrica de carvalho americano por três meses. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo e concentrado. Nos aromas notas de caramelo, framboesa sobre um fundo levemente herbáceo. Na boca a sua entrada revelou um tinto tânico, firme, cujo álcool não incomoda e de boa acidez. Razoavelmente frutado, sua sólida estrutura revelou tratar-se de um vinho poderoso, com força suficiente para harmonizar com carnes, principalmente as mais ricas em gorduras. Dos quatro vinhos, foi o que mais se destacou na harmonização, eis que seu perfil gustativo não exibiu a mesma doçura do Malbec e do Carménère. Sua austeridade, neste aspecto, lhe deu vantagem. A vinícola Gimenez Mendez acertou ao elaborar um vinho cujo perfil agrada o paladar brasileiro. Avaliação: 88/100 pts. + 

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Conclusão

Com o preço sugerido de R$ 39, a linha de vinhos “Pequenas Partilhas – Notáveis da América” tem tudo para dar certo. A Cooperativa Vinícola Aurora como maior produtor nacional, tem pleno conhecimento do mercado brasileiro e ao decidir lançar esta linha de vinhos, procurou conceituados produtores do Cone Sul: Finca Agostinos (Argentina), De Aguirre assessorada pelo enólogo José Ignácio Maturana (Chile) e Gimenez Mendez (Uruguai). Na taça, este escriba esperava mais do Cabernet Franc, que é uma variedade que já se destacou muito num passado recente na Serra Gaúcha. Os taninos do exemplar da colheita 2013 se mostraram adstringentes, mas na hora da harmonização e depois de algum tempo na taça o vinho se mostrou harmônico. Tanto o Malbec como o Carménère são vinhos agradáveis, que valem o preço, com ligeira superioridade para o último. Mas para quem escreve essas linhas, a grande surpresa ficou para o Tannat. Forte, robusto, exibiu taninos potentes sem agredir ou causar excessiva secura no paladar. Foi o que melhor combinou com todos os tipos de carnes da churrascaria escolhida para a apresentação dessa nova linha de vinhos da Aurora, que, pelo visto, tem tudo para dar certo. Ops, estava esquecendo do espumante: um champenoise extra-brut batizado de “Pinto Bandeira” que tem sua maior virtude por não ser tão austero assim. Elaborado com Pinot Noir, Chardonnay com um toque da indefectível Riesling Itálico, marca registrada da região, uva prolífica que dá estrutura e frescor ao efervescente. A Aurora gentilmente cedeu uma garrafa para cada convidado. A deste escriba será aberta daqui alguns meses para verificação da sua evolução, mas o vinho já está pronto para ser desfrutado. E o melhor: não vai custar muito!

Aurora - logotipo

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