Sede da Viña Chillán
Sede da Viña Chillán

A Viña Chillán foi visitada no final da tarde de 26 de março de 2015 e o grupo de jornalistas foi recebido pelo Enólogo suíço Rudolf Rüesch, que logo esclareceu que sua produção, embora sem certificação, é totalmente orgânica. Sua vinícola abriga um restaurante e um hotel, cuja frequência é de 50% chilenos, 40% alemães e suíços e 10% de outras nacionalidades. Até a Presidente do Chile, Michelle Bachelet, já esteve lá em duas oportunidades. Um casal gasta em média US$ 65 para se hospedar com direito à café da manhã. Na colheita 2015 por exemplo, dos 100.000 quilos de uvas produzidas,  metade são orgânicas, todas destinadas à produção de vinhos finos.

Jeriel eRudolf Huesch, Enólogo e proprietário da Viña Chillán
Jeriel e Rudolf Huesch, Enólogo e proprietário da Viña Chillán
Este escriba e o Sommelier Héctor Riquelme
Este escriba e o Sommelier Héctor Riquelme, um dos mais respeitados do Chile atualmente.

A Viña Chillán (Ex-viña Tierra y Fuego), está sediada na comuna de Bulnes, 24 km ao sul de Chillán e 7 km a leste da Ruta 5 Sur, sentido Yungay, setor de Tres Esquinas e conta com uma superfície plantada que alcança 17 hectares e conta com pessoal altamente qualificado. Rudolf Rüesch, Karin Lenz-Meier e Roland Lenz, são três suíços que visitaram o Chile em 1995. A vinícola nasceu no ano de 1998, quando esses três vitivinicultores decidiram desenvolver suas atividades no Chile sob o nome de Viña Tierra y Fuego. Algum tempo depois, mais precisamente em 2007, a vinícola passou a chamar-se Viña Chillán. Escolheram o Vale de Itata porque simplesmente entenderam que não havia lugar no mundo que lhes proporcionasse condições mais adequadas para o crescimento da vide e dos vinhos que tinham em mente. Graças à produção de uvas de alta qualidade, com processos de produção “limpos”, a Viña Chillán conseguiu elaborar grandiosos vinhos, cerca de 80% produzido em barricas francesas e americanas. Assim, puderam ingressaram no mercado com 12 variedades de sabores especiais, dos quais uma grande parte se exporta a Europa. Aqui, se manejam nove variedades distintas, País e Malbec que têm mais de 100 anos na zona. Também se cultivam Carménère, Shiraz, Merlot, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Zinfandel, Sauvignon Blanc, com uma produção que em 2011 chegou a 40 mil garrafas. A Viña Chillán, se caracteriza por produzir vinhos exclusivos, diferentes, entre eles brancos elaborados a partir de cepas tintas como Zinfandel e Carménère.

Na Viña Chillán são produzidos vinhos orgânicos com variedades que diferem da oferta habitual dos vinhos chilenos. A conjunção de uma terra com características únicas, manejo hábil do vinhedo que respeita o trabalho junto à terra e uma concepção particular do vinho mas também da forma de elaborá-lo, são os ingredientes que asseguram a obtenção da qualidade única. A Viña Chillán conta com 22 hectares entre Bulnes e a Cordilheira dos Andes, no Vale do Rio Itata, ao sul dos vales vitivinícolas tradicionais do Chile, cultivados de forma ecológica, respeitando e protegendo a terra e a vida que possibilita o cultivo da melhor uva e obtê-las é de vital importância para atingir a qualidade e o caráter desejados.  Só são elaborados vinhos com uvas próprias as quais são colhidas e  selecionadas a mão. A seguir a descrição dos vinhos degustados:

Sauvignon Blanc cujo estilo está mais para Sancerre do que Chile
Sauvignon Blanc cujo estilo está mais para Sancerre do que Chile

Viña Chillán Sauvignon Blanc “Naturista” 2013 – Álcool: 12% – Palha claro brilhante. Aromas intensos e complexos com notas de aspargos, folhas de tomate, cítricos sobre um fundo vegetal. Boca complexa, mineral, decorrente da utilização de leveduras nativas, mineral, sendo bom esclarecer que apenas 1.300 garrafas foram produzidas deste monumental branco cujo estilo está mais Sancerre/Pouilly-Fumé do que para um cortante Sauvignon do Novo Mundo. Concentrado, fresco, instigante, é um branco empolgante, de longa persistência e de excelente tipicidade.

 

Viña Chillán Pinot Noir “Naturista” 2013 – Álcool: 13% – violáceo com reflexo púrpura. Aromas que recordam “maceração carbônica”. Boca leve, frutada, cheia de vivacidade e ótima acidez. Um vinho fácil de gostar, muito equilibrado, de boa estrutura, que termina muito agradável e frutado. Um Pinot chileno bem diferente dos que estamos acostumados.

 

Viña Chillán Uva País Barrica 2006 – preço: PC$ 4.200 (US$ 6,19) – vermelho-rubi de média intensidade com halo granada em formação nas bordas. Estágio de doze meses em barricas americanas e francesas. Rudolf esclareceu que muita gente duvidava da capacidade dessa variedade suportar uma passagem por madeira tão longa. O resultado é um vinho de média complexidade olfativa mas de boa complexidade gustativa, muito macio, com as notas de madeira presentes sem ocultar a fruta. O perfil é de um vinho simples, austero, mas equilibrado, com uma ponta de rusticidade a vincar sua personalidade. Um tinto agradável, maduro, de bom frescor.

 

 

Viña Chillán Malbec Gran Reserva 2010 – Álcool: 14,8% – com 24 meses de amadurecimento em barricas americanas e francesas, este Malbec  de cor profunda e brilhante, exibiu aromas multifacetados com notas de geleia de frutas negras, como ameixas e amoras e pinceladas tostadas, principalmente baunilha aportada pelo longo tempo de amadurecimento em barricas. Na boca sua entrada revelou um tinto potente, largo, quente, de taninos expressivos, destacando-se as frutas negras bem casadas com notas tostadas. Um Malbec superlativo, concentrado, elaborado à partir de uvas de parreirais centenários, disposto a enfrentar os bons Malbecs elaborados do outro lado da Cordilheira dos Andes….ótima harmonização com carne de cordeiro.

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Viña Chillán Seléction 2010 – Variedades: Malbec, Pinot Noir, Zinfandel, Cabernet Sauvignon, Carménère – uma espécie de Caballo Loco da Viña Chillán, este potente tinto de cor intensa, profunda, exibiu uma paleta de aromas com frutas vermelhas e negras, especiarias, tabaco, madeira sobre um fundo defumado com ampla sustentação na taça. Se já agradou no nariz, se mostrou superior na boca com taninos aveludados, álcool, acidez, fruta e madeira em plena harmonia resultando num conjunto muito equilibrado e prazeroso. Final longo acenando para longa sobrevida na garrafa.

Viña Chillán Cabernet Sauvignon 2010 – tinto com passagem de 24 meses em barricas francesas e americanas, exibiu cor profunda sem halo de envelhecimento, aromas típicos da variedade no Chile com as tradicionais notas balsâmicas, licor de cassis, especiarias, ameixa sobre um fundo tostado. Boca no mesmo diapasão. Taninos firmes e sedosos, acidez razoável, fruta e madeira coexistindo pacificamente num vinho expansivo e de final longo, persistente e macio. Um dos melhores Cabernets do Sul do Chile já provado. “Outstanding”

Sede da Viña Chillán
Sede da Viña Chillán

Viña Chillán Selection 2012 – Variedades: Pinot Noir, Malbec, Cabernet Sauvignon e Merlot em partes iguais – as variedades são vinificadas e amadurecidas durante doze meses em barricas americanas e francesas separadamente. Depois de feito o blend final o vinho resultante amadurece mais doze meses em barricas. Análise organoléptica: na taça um tinto de cor escura e profunda, com toques perfumados nos aromas florais (violetas), frutas vermelhas e silvestres bem como especiarias sobre um fundo de madeira de boa qualidade (cedro). Na boca, mostra grande estrutura de taninos, com sabor delicioso, agradável, elegante, equilibrado num vinho sofisticado que demonstra o imenso potencial do terroir do Vale de Itata.

 Conclusão

A Viña Chillán foi a última vinícola do Vale de Itata a ser visitada. Completamente desconhecida deste escriba surpreendeu pela elevada qualidade e caráter varietal dos vinhos. Rudolf Rüesch estava preparado para a visita e num gesto de simpatia e generosidade permitiu que vinhos de outras vinícolas pudessem ser provados no jardim de inverno da vinícola. O problema é que o grupo no qual este escriba se incluiu chegou na vinícola no final da tarde e logo escureceu (mesmo no escuro conseguimos prová-los). Mesmo assim, conseguimos degustar os vinhos produzidos por Rudolf, que por sinal são verdadeiramente diferenciados porque são orgânicos. Mas Rudolf explicou que a sua vinícola ainda não foi oficialmente certificada porque o custo anual gira em torno de PC$ 800.000, cerca de US$ 1.180 por garrafa. Para o que o leitor possa ter ideia do nível de qualidade dos vinhos, se fosse pontuá-los, apenas um teria ficado abaixo dos 90/100 pts.! E agora vem o melhor. São vinhos comercializados por preços acessíveis no Chile. Infelizmente não contam com importador para o Brasil, o que é uma pena. Certamente custariam bem menos do que esse tipo de vinho chega a custar em algumas importadoras. O primeiro tinto é da uva País originária de Cauquenes, no Maule. Aromas complexos, boca leve, redonda e curta; Legno Duro também é da uva País com maceração carbônica, exibiu aromas de frutas silvestres, tânico e um pouco curto. O terceiro também da uva País é fermentado em “tinajas” o que lhe conferiu grande frescor. Gordo Blanco, Moscatel de Itata, aromático, fresco e denso no paladar. Pilen Alto tinto e depois o branco Cow Skin também foi produzido com a uva País, terroso no nariz e tânico no paladar.

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