No último dia 9 de julho de 2015 os confrades Paulo Guerra, Ricardo Mello, Flávio Siqueira e este escriba se reuniram para degustação de vinhos denominados “Supertoscanos”.

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Marcelo Copello esclarece o significado da expressão “Supertoscano”: “foi criada no início dos anos 1980 pela imprensa inglesa e americana para se referir aos vinhos desta região que, apesar de serem na época, pela lei italiana, apenas “vino da tavola”, alcançavam alta qualidade e preço. Estes vinhos “fora da lei” inovaram e ousaram ao misturar uvas estrangeiras como a Cabernet Sauvignon com uvas locais, como a Sangiovese. O resultado foi excepcional, não só do ponto de vista enológico, mas também de marketing. No que diz respeito à modernização dos vinhos do velho mundo, a primeira região a se renovar em bloco (embora de maneira não organizada), criando um estilo próprio e um fenômeno de marketing, foi a Toscana.

O conceito de mesclar uvas internacionais com autóctone se espalhou por toda a Europa, com ótimos resultados, não apenas por motivos “marqueteiros”, mas também por questões de viticultura. Na Toscana, por exemplo, muitos produtores admitem que em alguns terrenos da região é bem mais fácil conseguir bons resultados com Cabernet Sauvignon, Merlot ou Syrah, por exemplo, do que com a rainha local, a Sangiovese.

A própria legislação italiana, vilã do início desta história, vem se adaptando e absorvendo as mudanças nos vinhos. Em 1994 um decreto ministerial criou a DOC (Denominazione di Origine Controllata) Bolgheri, que permitia ao Sassicaia (um dos supertoscanos ícones) ser rotulado como “DOC”. Hoje algumas DOC muito tradicionais já permitem adição de um certo percentual de uvas “estrangeiras”. Muitos dos supertoscanos também recebem hoje a classificação de IGT – Toscana ou Indicazione Goegrafica Típica, mas flexível que uma DOC.

Hoje a única ressalva é quanto a banalização do termo “supertoscano” que, como não é objeto de nenhuma legislação, mas apenas um “apelido” aos grandes vinhos modernos da região, vem sendo usado indiscriminadamente.

O importante a ressaltar a respeito dos supertoscanos é que, apesar de muitos serem feitos com castas estrangeiras, são vinhos inconfundivelmente italianos. Enquanto muitos exemplares californianos, chilenos ou australianos, feitos com Cabernet Sauvignon e amadurecido em carvalho novo se confundem, sendo difícil distinguir sua origem, os “supertoscanos” têm um caráter claramente italiano”. – Marcello Copelo – portal “Mar de Vinho”.  A seguir as descrições e avaliações dos vinhos degustados:

Guidalberto 2006 ficou na última colocação
Guidalberto 2006 ficou na última colocação

Guidalberto Toscana IGT 2006 – importador: Expand (o atual importador é a Ravin, que tem a safra 2012 por R$ 398) – blend de Cabernet Sauvignon e Merlot, não deu sinais de cansaço mas ficou justificadamente na última colocação, eis que não confirmou sua fama. Sem defeitos graves, diante dos gigantes que enfrentou careceu de personalidade. Avaliação: 89/100 pts.

Flaccianello, um Sangiovese "in purezza" da safra 2005 ficou em terceiro lugar
Flaccianello, um Sangiovese “in purezza” da safra 2005 ficou em terceiro lugar

Flaccianello Toscana IGT 2005 – importador: Vinci – preço: R$ 793,84 (2009) – um dos melhores “Sangiovese in Purezza” da bota, ficou na terceira colocação mas bem à frente do último colocado e bem próximo do segundo lugar. Concentrado, macio, rústico e ao mesmo tempo macio, cheio de personalidade, tem mais dez anos de garrafa pela frente (levado por Paulo Guerra). Avaliação: 92/100 pts.+

 

O Cepparello foi vítima de um "infanticídio vínico" porque o exemplar da safra 2010 estava tão jovem que o ideal é abri-lo perto de 2018 em diante! Ficou na honrosa segunda colocação!
O Cepparello foi vítima de um “infanticídio vínico” porque o exemplar da safra 2010 estava tão jovem que o ideal é abri-lo perto de 2018 em diante! Ficou na honrosa segunda colocação!

Isole e Olena Cepparello Toscana IGT 2010 – importador: Mistral – Preço: R$ 596,51 (2009) – o vinho do Confrade Ricardo Mello ficou num honroso segundo lugar, mas na realidade foi vítima de uma de suas principais características: longevidade. Abri-lo agora foi uma atitude audaciosa (exibiu cor violácea com reflexo azulado), eis que seu taninos poderosos recomendam que seja aberto no mínimo daqui a três anos. Outro grande “Sangiovese in Purezza” da Toscana. Supertoscano dos mais pontuados pela crítica internacional, esbanjou potência e elegância. Avaliação: 93/100 pts.+

Castello dei Rampolla Sanmarco foi o grande campeão, um Cabernet Sauvignon que logo se entregou nos aromas mentolados e de pimenta negra. Tem merlot e sangiovese na proporção de 5% cada
Castello dei Rampolla Sanmarco foi o grande campeão, um Cabernet Sauvignon que logo se entregou nos aromas mentolados e de pimenta negra. Tem merlot e sangiovese na proporção de 5% cada

Castello dei Rampolla Sammarco Toscana IGT 2008 – o campeão da degustação é um Cabernet Sauvignon que tem altíssimas pontuações (Flávio Siqueira):

Crítico Nota Quando beber
Robert Parker The Wine Advocate 98 /100 2.018 – 2.038
Vinous Antonio Galloni 98 /100 2.018 – 2.038
Falstaff Magazin 97 /100
James Suckling 96 /100
CellarTracker (22 notes) 95 /100
Wine Spectator 94 /100

Na degustação destacou-se por seus aromas mentolados, taninos expressivos e uma impressionante profundidade gustativa. Um Cabernet italiano que pode enfrentar qualquer Bordeaux Grand Cru Classé sem muita dificuldade para fazer bonito. Infelizmente, além de caro o SANMARCO não conta com importador para o Brasil. Uma pena! Avaliação: 94/100 pts.++

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