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A vinícola Salton atualmente conta com algumas centenas de empregados. Produz desde suco de uva até o famoso Conhaque Presidente, que é elaborado no Estado de São Paulo. A vinícola é proprietária de 700 hectares plantados com Chardonnay e Pinot Noir na região da Campanha Gaúcha, dos quais 120 já são produtivos. Em Santana do Livramento fez parceria com pequenos produtores que cultivam videiras cujas uvas são compradas pela Salton, como forma de incentivar a vitivinicultura local. O maior mercado é o interno, eis que suas exportações não chegam a um por cento do faturamento. Produziu milhares de garrafas de espumantes no ano passado. A seguir as descrições e avaliações dos espumantes e vinhos Salton, degustados na presença das irmãs Salton (Luciana e Stella), em São Paulo, no começo do mês de setembro de 2015.

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Salton Évidence Brut Champenoise – Álcool: 12,5% – Variedades: Chardonnay e Pinot Noir – método champenoise (24 meses de autólise) – exibiu cor palha claro brilhante. Bom perlage, com borbulhas pequenas em quantidade razoável. Aromas cítricos e de fruta de polpa branca sobre um fundo de leveduras. Na boca revelou maciez e bom frescor. Acento cítrico. Equilibrado, seu final é persistente, limpo, longo, sem qualquer amargor. Avaliação: 88/100 pts.

 

Salton Chardonnay Paradoxo 2013 – Álcool: 13,5% – todos vinhos da linha “paradoxo” são elaborados na Campanha Gaúcha, recebeu esse nome porque na realidade num local que se destacou pelo cultivo de grãos e pecuária, numa imaginou-se que a vitivinicultura fosse prosperar. Análise organoléptica: amarelo com reflexo dourado. Paleta de aromas complexos com notas amanteigadas, abacaxi maduro sobre um fundo tostado. Na boca exibiu leveza e frescor, bom equilíbrio entre madeira e fruta, além da boa tipicidade. É um vinho que amadurece bem na garrafa e que por isso fica mais redondo e integrado. Avaliação: 88/100 pts.

 

 

Salton Paradoxo Merlot 2012 – Álcool: 13% – vermelho-rubi intenso, profundo, concentrado. Aromas complexos com apontamentos de baunilha, frutas vermelhas e negras sobre uma nota de especiarias. Na boca, exibiu taninos muito macios, de textura fina. Concentrado, quente, é um Merlot de corpo médio/alto, porém, nele tudo está no lugar certo: álcool (generoso), acidez correta, taninos finos, fruta e madeira integrados. Sedoso, seu final é limpo, macio e redondo. Inegavelmente, uma das grandes expressões da uva Merlot em território nacional. Avaliação: 88-89/100 pts.+

 

Salton Paradoxo Cabernet Sauvignon 2012 – Álcool: 13,5% – vermelho-rubi intenso. Perfil aromático unidimensional com leve notas de especiarias sobre um fundo herbáceo. Aromas pouco intensos.  A boca  subscreve o nariz. Vinho tânico (boa qualidade), com a madeira se destacando (três meses – barricas de terceiro e quarto uso) e um ligeiro verdor. Encorpado e de boa persistência, a nossa torcida e para que esteja melhor nas safras posteriores.  Avaliação: 85/100 pts.

 

Espumante Lucia Canei Salton Brut – Álcool: 11,5% – elaborado pelo Método Champenoise, apresentou atraente cor salmão brilhante. Aromas complexos de leveduras, morango em profusão sobre uma ponta defumada. Perlage finíssimo com borbulhas em profusão de tamanho diminuto. Boca firme, cremosa, com boa expansão e de excelente efervescência. Confirmou a fruta do nariz. Acidez delicada, fruta evidente, enfim, este espumante equilibrado já nasce como um dos melhores do Brasil, com toda expertise da Salton, uma das vinícolas nacionais pioneiras na elaboração de espumantes de qualidade. Avaliação: 90-91/100 pts.

Espumante Lucia Canei Salton
Espumante Lucia Canei Salton

Espumante Salton Paradoxo BrutÁlcool: 11,5% – A Salton mais uma vez salta na frente ao lançar mais um espumante de variedades brancas cultivadas na Campanha Gaúcha. Aqui brilham as variedades Sauvignon Blanc, Viognier, Alvarinho e Malvasia. Método Charmat, um espumante vivaz, sem amargor, de boa complexidade aromática e gustativa. Recomendado para acompanhar refeições leves por conta da sua boa acidez que assegura seu correto e delicioso frescor. Avaliação: 88-89/100 pts.

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Salton Pinot Noir Paradoxo 2014 – Álcool: 13,5% – vermelho-rubi de média intensidade. Aromas francos com uma nota de compota dominando inicialmente o conjunto, para depois ceder espaço para cereja e morango. Na boca é um Pinot de perfil leve, fresco, de taninos macios e principalmente boa acidez. Poderia ser mais concentrado, mas exibiu boa tipicidade na taça. Avaliação: 88/100 pts.

 

 

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Salton Gerações Antonio “Nini” Salton 2011 Álcool: 13% – Variedades: Cabernet Sauvignon (30%), Malbec (30%), Merlot (20%) e Cabernet Franc (20%) – amadurecido 12 meses em barrica de carvalho francês de primeiro uso, este tinto foi elaborado com variedades cultivadas na Serra Gaúcha. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso intenso com boa profundidade. Aromas intensos com especiarias, frutas negras e levíssimas notas terrosas e depois de algum tempo mentoladas. Na boca ratificou as sensações olfativas. Taninos presentes de qualidade acima da média. Fruta e madeira coexistindo pacificamente. Aqui tudo também está no sítio certo, sem arestas. Longo, promete boa evolução na garrafa. Termina como começou: macio, sedoso e elegante. Avaliação: 90/100 pts.+

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Conclusão –

A degustação dos vinhos Salton confirmou apenas aquilo que já sabíamos. Começando pelos espumantes, passando pelo branco e finalmente chegando aos tintos, o portfólio Salton é um dos mais homogêneos das vinícolas brasileiras que conhecemos. Não há desnível qualitativo entre as diversas linhas de produtos degustadas. É bem verdade que foram degustados somente os espumantes e vinhos finos. Os vinhos mais simples ficaram de fora. No que toca aos lançamentos, a Salton também está palmilhando os mesmos passos das outras grandes vinícolas brasileiras e já está produzindo bons vinhos com uvas da Campanha Gaúcha. E, nessa região, os resultados são auspiciosos. Praticamente gostamos de todos vinhos, alguns mais outros menos. O tinto Antonio “Nini” Salton (Vale dos Vinhedos) também agradou bastante. Seu preço em torno de R$ 100 não é nenhuma pechincha, mas salvo melhor juízo, não chegar a ser um entrave para sua participação no mercado, porque partimos da premissa de que o vinho nacional, para ampliar o universo de consumidores, não pode custar caro. E, infelizmente, não é o que ocorre. Mas a vinícola Salton deu grande salto qualitativo nos últimos anos, mas tanto a sanha arrecadatória dos governos estadual e federal e as margens altas de lucros concorrem entre si para o encarecimento do preço do vinho brasileiro. E, com isso, o maior perdedor é o consumidor, que mais uma vez se vê obrigado a migrar para o produto importado, mais barato. E, no caso dos vinhos Salton,  temos a comprovação da premissa de que “nem sempre o importado é melhor”.

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