No último dia 19 de setembro, a CVRA – Comissão Vitivinícola Regional Alentejana, organismo que certifica e promove os Vinhos do Alentejo, promoveu na Cidade de São Paulo uma degustação com cerca de 30 vinícolas, que aproveitaram o momento para dar a conhecer as novidades e os rótulos que já se revelam ícones no mercado brasileiro. Além da participação na degustação livre, muitos profissionais, jornalistas, blogueiros e demais entendidos de vinhos também lotaram as degustações comentadas de vinhos alentejanos, conduzidas pelo conceituado crítico português, Rui Falcão. A seguir nossas impressões acerca da degustação conduzida brilhantemente pelo referido crítico:
Sobre o Evento –
Antes de tecer considerações sobre o evento, importante fazermos uma pequena digressão sobre a importância que essa região vinícola vem adquirindo no contexto português: recentemente, o Alentejo já foi eleito a melhor região vinícola do mundo para visitar. A fama da região do Alentejo não conhece fronteiras. O jornal norte-americano USA Today, elegeu o Alentejo como a melhor região vinícola do mundo para visitar. “Esta intrigante região rural é como uma viagem de volta no tempo para os amantes do vinho”, escreve. “O terreno diverso detém olivais e vinhas, aldeias pitorescas, prados cheios de flores e florestas”, continua o jornal de maior circulação nos Estados Unidos. “É uma distinção importante para o Alentejo e para Portugal, que tem impacto muito positivo no potencial de notoriedade que a região pode obter nos mercados internacionais”, afirma Dora Simões, presidente da CVRA. Agora segue nossa opinião sobre o evento – Mais uma vez os vinhos Alentejanos brilharam na degustação conduzida de maneira formidável pelo culto e gentil Rui Falcão. Desta vez a tônica da degustação foi a aptidão gastronômica dos vinhos tintos degustados, cada qual analisado de forma acurada e profunda pelo condutor da degustação, que salientou que a cada dia os vinhateiros portugueses arrancam dos vinhedos as castas internacionais que dão lugar às variedades nativas. A única variedade francesa que pontifica é a Syrah, que dá resultados auspiciosos produzindo vinhos quentes, poderosos, repletos de fruta e longevos. Misturada com as castas locais o resultado é ainda melhor, eis que essa casta é muito versátil, amadurece bem no calor alentejano e cresce nas parcerias. Já a onipresente Cabernet Sauvignon está a perder espaço, muito mais por suas qualidades do que propriamente por seus defeitos. Rui enfaticamente salientou que essa casta bordalesa ao ser adicionada aos cortes em proporções elevadas tem o condão de ofuscar as demais, notadamente as portuguesas. Então, os enólogos optaram por acrescentá-la, amiúde, no percentual máximo de 5%. Mais do que isso é desnecessário. Seu caráter dominante descaracteriza a tipicidade alentejana. Em pequenas quantidades a Cabernet traz frescor, fruta e aroma aos vinhos enriquecendo-os. Por fim, impende frisar que de fato evidenciou-se de forma inequívoca a vocação gastronômica dos tintos alentejanos. Dotados de taninos, álcool e acidez em quantidades generosas, são vinhos essencialmente feitos para a mesa para acompanhar pratos untuosos e de molhos fortes. Las but not least, são vinhos que já fazem parte do gosto brasileiro, eis que falam “bom português” e também porque são descomplicados, versáteis e harmonizam com a maioria dos pratos da nossa cozinha. E o principal: há muitos vinhos bons abaixo de R$ 100!!
Saúde!