D. Manuel I no Século XVI escolhe o vinho desta região para embarcar nas caravelas com a recomendação de “ser bebido apenas pelo capitão e seus pares e constituir oferta para os povos que fossem encontrar”.
Na carta de Achamento do Brasil, Pedro Vaz de Caminha menciona o agrado dos indígenas ao beberem o vinho oferecido pelos portugueses, pelo que se diz, ainda hoje no Brasil, que este é o vinho levado por Pedro Álvares Cabral.
É também neste século que a referência aos vinhos destas terras surge inscrito pela primeira vez na história de Portugal. Duarte Nunes de Leão, refere-se, assim, na sua obra Descrição do Reino de Portugal “Em Alemtejo há os vinhos da cidade de Évora, de que sao mui estimados os de Peramanca em sabor e subsistência: dos quais dizia um grande médico que, por sere mui amigos do estômago e da natureza, tanta força poem em um copo como pão, vinho e carne de outras partes”.
No Século XVII a Dinastia de Bragança elege os vinhos desta região como um dos favoritos da Corte. Conta-se que D. João IV, fundador da dinastia, privilegiava os vinhos desta região específica nos famosos banquetes em Vila Viçosa e Vila Boim.
Já no reinado de D. João V, o vinho desta região é classificado pelo famoso cozinheiro Vicent la Chapelle “tão bom como qualquer vinho francês que fosse bom”. Esta apreciação leva o monarca a determinar que os vinhos dos terrenos que circundam a cidade de Évora, designados na altura como das terras de Peramanca sejam produzidos apenas para consumo real.
Entre os séculos XIV a XVI o vinho destas terras torna-se popular junto dos negociantes bretões que apreciavam bastante os vinhos desta região. No Século XVIII os vinhos desta região específica são dos poucos vinhos a manter o seu estatuto de real qualidade, apesar das severas perseguições religiosas e expulsão dos Jesuítas terem um forte impacto negativo nas vinhas de Évora e da preferência dos importadores se alterar para os vinhos negros e alcoólicos do Douro.
Em 1900, a qualidade dos vinhos desta região específica é mencionada e comparada aos melhores vinhos franceses numa publicação preparada para a Exposição Universal de Paris. Pode ler-se nessa publicação: “Os vinhos de Peramanca, os brancos, principalmente, são notáveis, leves, delicados, agradáveis ao paladar e possuidores de bouquet. Muitos os compararam ao Sauterne e ao Barsac” lia-se na publicação.
Os vinhos produzidos na região que circunda Évora a Ocidente ganham novamente destaque internacional, ao terem recebido várias medalhas em concursos, nomeadamente ouro em Bordeaux.
A Dinastia de Bragança elege no Século XVII os vinhos desta região como um dos favoritos da Corte. Conta-se que D. João IV, fundador da dinastia, privilegiava os vinhos desta região específica nos famosos banquetes em Vila Viçosa e Vila Boim.
Já no reinado de D. João V, o vinho desta região é classificado pelo famoso cozinheiro Vicent la Chapelle “tão bom como qualquer vinho francês que fosse bom”. Esta apreciação leva o monarca a determinar que os vinhos dos terrenos que circundam a cidade de Évora, designados na altura como das terras de Peramanca sejam produzidos apenas para consumo real.
Século XXI – O recomeço da história –
Depois de quase um século de interrupção, João Grave decide regressar às origens produtivas desta terra e em 2003 são plantadas as primeiras vinhas, em 2005 engarrafado o primeiro vinho Pêra-Grave. Os vinhos Pêra-Grave ganham prêmios e medalhas em concursos internacionais. Atualmente a vinha está totalmente plantada, cerca de 15,5 hectares, 14 deles de uva tinta e 1,5 de branca.
Degustação –
Pêra-Grave Vinho Regional Alentejano 2012 – Álcool: 14% – Variedades: Cabernet Sauvignon, Syrah, Aragonez e Alicante Bouschet – importador: Clarets – Preço: R$ 126 – Vermelho-rubi intenso de média profundidade. Aromas abertos e intensos com sugestões de ameixas e amoras, notas de chocolate sobre um fundo tostado perfazendo um conjunto de grande complexidade aromática. No paladar a sua entrada revelou um vinho solidamente estruturado, potente, com taninos presentes de fina textura, álcool generoso promovendo uma sensação de doçura coadjuvado pela acidez salivante. A madeira (doze meses em barricas novas de carvalho francês e americano) está presente sem desequilibrar o conjunto, ao contrário, enriquece-o aportando gostosas notas de chocolate. A fruta sinalizada no nariz foi confirmada na boca. Enfim, um Alentejano de boa pegada com tudo no sítio certo, sem rusticidade. Termina como começou: suave, macio e sedoso. Ótima relação preço-qualidade. Avaliação: 90-91/100 pts.+