Quinta do Mouro – VINHO DO ANO – 2015 

Esta é uma estória de paixão e dedicação. Miguel Antônio de Orduña Viegas Louro, dentista de profissão, decidiu, em 1989, tornar-se produtor de vinhos, lançando-se no projeto Quinta do Mouro e tendo como ponto de partida seis hectares de vinha, repartidos pelas variedades Aragonês, Trincadeira, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon e Castelão. O primeiro vinho a ser lançado comercialmente foi o Quinta do Mouro 1994. Em 1998 são plantados mais oito hectares de vinha e a casta Castelão e reenxertada Touriga Nacional. Ainda nesse ano é construída a adega e criada a marca Casa de Zagalos. O sucesso alcançado acabou por determinar a expansão da área de cultivo e, em 2004, o portfólio da casa alargava-se com a marca Vinha do Mouro. 

Miguel Antonio de Orduña Viegas Louro passou então a produzir vinhos que são apontados por muitos como os melhores do Alentejo. Miguel morou no Brasil entre o final da década de 1960 e começo da década seguinte. Estabeleceu-se no Rio de Janeiro onde trabalhou com a venda de antiguidades para a elite carioca. Em seguida, Miguel explicou que a propriedade da Família Zagalo foi adquirida abandonada, descuidada, eis que havia sido tomada na Revolução dos Cravos e depois devolvida aos proprietários. A produção de vinhos começou em 1989 e o primeiro vinho lançado foi “Quinta do Mouro” safra 1994. Indagado por este escriba qual a diferença entre o “Etiqueta Dourada” e  o “Quinta do Mouro Normal ou Clássico”, Miguel esclareceu que: “são utilizadas trinta barricas novas na sua elaboração e apenas 3.000 litros de vinho é engarrafado. Dessas trinta barricas, apenas dez barricas são utilizadas das seguintes variedades: Alicante Bouschet, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Aragonês. As melhores barricas novas ensejarão o engarrafamento do “Quinta do Mouro Etiqueta Dourada”, no montante de apenas 4.000 garrafas”. Já para o “Quinta do Mouro Clássico”, vinte barricas de trezentos litros de segundo e terceiro usos totalizando 6.000 litros são utilizadas para sua produção.” Ou seja, para ambos os vinhos o que muda são as barricas e não os vinhedos. Os vinhos só chegam ao mercado após um tempo mínimo de três a quatro anos na vinícola. Para encerrar, este escriba considera escorreitas as palavras do crítico Rui Falcão, que numa das recentes edições de seu confiável “Guia de Vinhos”, salientou que: “A afirmação é sempre questionável, eventualmente controversa, mas não me custa afirmar que os vinhos da Quinta do Mouro serão, porventura, os melhores vinhos do Alentejo. Pelo terroir, pelo cuidado extremo com a vinha, pelo saber da consultoria enológica, mas, sobretudo, pelo gênio e alma de Miguel Louro. A abordagem pouco ortodoxa  à vinha e ao vinho, a personalidade forte, a irreverência, a capacidade de assumir riscos, refletem-se nas vinhas e nos vinhos, promovendo vinhos únicos e irrepetíveis, vinhos sem compromissos. E esse é um dos prodígios da Quinta do Mouro, produzir vinhos singulares, vinhos inimitáveis, vinhos de autor e de terroir, vinhos que traduzem e retratam um espaço, uma família, um local, uma filosofia”. Este escriba nada tem a acrescentar às exatas palavras do crítico português supracitado.
“Eu disse no ano passado e vou dizer isso de novo. Não há provas em sentido contrário que me levem a outra conclusão. O melhor produtor na região do Alentejo é a Quinta Do Mouro. O projeto próprio do filho de Miguel, Luís Louro está amadurecendo rapidamente. Pai e filho…Luis e Miguel Louro. Olho neles, porque você não pode ignorá-los!” Mark Squires

VINHO DO ANO – 2015 

O consistente Quinta do Mouro Etiqueta Dourada 2009 foi o escolhido porque apesar de haver pontuado melhor outros caldos, consideramos alguns critérios para a sua escolha: a par de sua qualidade intrínseca, é um vinho que pode ser encontrado no Brasil sem dificuldade (exemplo: portal wine.com.br). Além disso, seu preço não está muito distante do  praticado na sua terra natal – Portugal. Lá, custa cerca de € 70,00, que convertidos na nossa moeda resultam em pouco mais de R$ 300,00. O seu importador oficial, http://www.epice.com.br comercializa a safra 2008 em torno de R$ 500, ou seja, o Quinta do Mouro Etiqueta Dourada 2009 poderá ser comprado no Brasil por preço relativamente superior ao comercializado no seu país de origem. Outro motivo para sua indicação é porque há vinhos portugueses bem mais caros e de qualidade semelhante ou até inferior ao Quinta do Mouro Etiqueta Dourada, que se não podemos afirmar se tratar de um vinho barato, assinalamos que vale cada centavo investido na sua aquisição.

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VINHO DO ANO – 2015 

Quinta do Mouro 2009 “Etiqueta Dourada” – Álcool: 14,5% – Região: Alentejo/Estremoz – Variedades: Aragonês (48%), Alicante Bouschet (27%), Touriga Nacional (16%) e Cabernet Sauvignon (7%) – vinho amadurecido por 18 a 24 meses em barricas de carvalho francês novas, na taça exibiu cor retinta com reflexo violáceo e halo púrpura. Os aromas são de um vinho jovem, com  frutas negras, baunilha, leve tostado, alcaçuz, mentol sobre notas alicoradas. Na boca sua entrada revela um vinho marcado pela fruta, de invejável equilíbrio de seus componentes, longa persistência e imensa profundidade gustativa. Sublime, elegante, acaricia o paladar. Destaca-se por seu frescor, proporcionado por sua acidez pujante mas na proporção certa, taninos macios, conjunto equilibrado no qual o binômio potência e elegância está em plena harmonia proporcionando grande prazer. O fim-de-boca é empolgante, longo, envolvente, aveludado, persistente, seco e sobretudo cheio de vivacidade. Pronto para beber agora ou nos próximas anos. Avaliação: 96/100 pts.++

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O Etiqueta Dourada é reconhecido por sua longevidade, para ele se aplica a máxima “quanto mais velho melhor”.

A seguir, alguns trechos do artigo publicado no dia 30 de junho do corrente ano no portal Joli & Wine Food Activist sobre a apresentação dos vinhos da Quinta do Mouro em Lisboa ainda em 2015:

Quinta do Mouro – vinícola expoente do Alentejo

“O motivo desta, pouco habitual, mas muito saudada aparição, prende-se com a apresentação das novas colheitas, mas também – e isto só por si é um acontecimento quando se trata da Quinta do Mouro – a nova roupagem na imagem da marca. Sobre os vinhos já lá vamos, sobre a nova imagem pode dizer-se que sem perder o classicismo, os rótulos surgem subtilmente mais leves, com o nome da quinta a aparecer mais afirmativo, criando uma maior harmonia entre as várias referências. Ainda assim, os Vinha do Mouro podiam ter ido mais além. Bem sei que falamos de uma entrada de gama, mas a simplicidade dos rótulos não faz jus ao que encontramos dentro da garrafa.

O primeiro vinho foi o Quinta do Mouro da colheita de 1994, um vinho que surpreendeu pela qualidade e que se tornou de imediato uma referência para a região. Foi a partir dessa altura que começou a desenhar-se o terroir da Quinta do Mouro. Solos xistosos, um clima menos quente que em outros pontos das imediações, mais chuva e menos horas de sol, um conjunto de fatores que tornaram este um local predestinado a produzir vinhos de excelência.

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Vinhos marcados pela elegância, estruturados, com os frutos silvestres a colorirem o aroma. Muito frescos, delicados, harmoniosos, complexos até nas gamas mais baixas.  Uma palavra especial para o Rótulo Dourado, ex libris da casa, o luxuoso topo de gama apenas produzido em anos de excepção. A Alicante Bouschet domina, mas tem o tempero da Aragonez, Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon. Este 2009, ainda a mostrar juventude nos aromas, já deixa transparecer o seu potencial, é necessária paciência e tranquilidade, à boa maneira do Alentejo.

Vinhos autênticos. Onde os métodos tradicionais, como a vindima manual, ou a pisa a pé, são práticas que não se dispensam. Esta nova imagem apenas vem reforçar o culto de um Alentejo genuíno, longe das modas e das tendências, fiel a si próprio, onde não se facilita, na preservação da autenticidade de uma região cada vez mais descaracterizada. Vinhos, portanto, que são um hino ao Alentejo”.

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