Bodegas Carrau ou “Vinos Finos Juan Carrau” em Montevidéu (Av. Gral. Eugenio Garzon 2556 Montevideo 12400 – 34.786744, 56.223618), foi mais uma bodega visitada a convite da Wines of Uruguay no “programa de visitas às bodegas do Uruguai”, no último dia 16 de abril. Lá chegando este escriba foi recebido por Javier Carrau, Diretor Enólogo que consoante as imagens acima, hasteava, na oportunidade, as bandeiras do Uruguai e do Brasil. Além do educadíssimo Javier, seu irmão Francisco Carrau (Diretor) e o Gerente de Comércio Exterior (América do Sul e México), Lic. Nicolás Neme, receberam este escriba para degustação seguida de almoço na vinícola. O Gerente de Comércio Exterior esclareceu que mercados como o Brasil respondem por 50% das exportações da Bodega, além do próprio mercado interno e de países como EUA e Canadá.

 

Sobre as Bodegas Carrau

Na década de 1930, Juan Carrau chegou ao Uruguai com o plano de dar continuidade à tradição vitivinicultora de sua família catalã. O legado de Carrau para as gerações seguintes foi um dos mais antigos plantios de Nebbiolo e Tannat, situados ao Norte de Montevidéu, na região de Las Violetas, conhecida por seus solos ricos. Mais recente, outros vinhedos foram plantados 300 m acima do nível do mar, na região de Cerro Chapéu, onde há excelente drenagem e as uvas têm grande densidade. O vinho mais fino do catálago da Carrau é o Amat, um Tannat 100%, feito em homenagem ao patriarca da família: Francisco Carrau Amat (1790 – 1860). Apaixonada por cultura e educação, a empresa dedica as terças-feiras para visitas escolares à vinícola, de modo que as crianças possam começar a compreender o que é vinho, enquanto tomam suco de uva. Vinhos como Amat Single Vineyard, J. Carrau Pujol Blend, Amat 1752 (ano da chegada da Família Carrau ao Uruguai proveniente da Catalunha), fazem parte da melhor literatura sobre vinhos uruguaios. A seguir a descrição dos vinhos degustados:

Crédito da imagem: vivino
Crédito da imagem: vivino

Juan Carrau Chardonnay 2015 – Álcool: 14% – elaborado com uvas da excelente colheita de 2015 com a utilização de leveduras nativas, na taça exibiu cor palha com reflexo na transição para dourado. Aberto nos aromas com notas de frutas tropicais maduras (pêssego, marmelo e abacaxi principalmente). Boca macia, elegante, álcool integrado, acidez conferindo firmeza e delicadeza ao conjunto. Francisco salientou que este vinho não é importado para o Brasil pela Zahil importadora, todavia, se fosse, teríamos um excelente exemplar dessa variedade nativa da Borgonha que apresenta resultados auspiciosos no Uruguai. Uma pena!

Crédito da imagem: vivino
Crédito da imagem: vivino

1752 Gran Tradicion Petit Manseng – Sauvignon Gris 2012 – a Petit Manseng é uma uva originária do Sudoeste francês, zona dos Pirineus, que se caracteriza por seus altos teores de açúcar contrabalançados por sua boa acidez natural. A Sauvignon Gris participa do corte com 10%. Álcool na casa dos 14,5%. Fermentado em barricas novas de carvalho francês por dez meses e afinado na garrafa por doze meses. Análise organoléptica: intenso na atraente amarelo com reflexo dourado brilhante. Aromas abertos de laranja em calda, mel e frutas cristalizadas. Na boca repete o nariz e se destaca por seu sabor amparado por seu delicioso frescor cítrico. Macio, robusto e concentrado, apresenta nível de qualidade superior ao de muitos Sauternes que oferecem menos qualidade do que deveriam oferecer. Exuberantemente frutado, termina cítrico e guloso. Um achado!

Francisco Carrau apontando para o vinho Amat que obteve distinção no Guia Descorchados
Javier Carrau apontando para o vinho Amat que obteve distinção no Guia Descorchados

1752 Gran Tradicion Petit Manseng 2015 – prova de barrica – leva uma pitadinha de Sauvignon Gris (5%), 14,5% de álcool, se mostrou parecido com o 2012, só que revelou maior concentração de sabor e frescor. Impressionou pela untuosidade e persistência, com gostosas notas de frutas confitadas. Mais um vinho da excelente e memorável safra 2015 no Uruguai.

Crédito da imagem: vivino
Crédito da imagem: vivino

Carrau Pinot Noir de Reserva 2013 – Região: Cerro Chapéu (divisa com Brasil – Santana do Livramento/RS) – cor típica da varietal, aromas frutados e bastante equilibrado no paladar com o tripé álcool, taninos e acidez em plena harmonia.

Crédito da imagem: vivino
Crédito da imagem: vivino

Ysern Tannat Blend of Regions Gran Reserva 2007 – Regiões: Cerro Chapéu (Div. Brasil) e Las Violetas (Montevidéu) – Ysern é uma linha de vinhos comercializada no Brasil com grande êxito. Análise organoléptica: vermelho-rubi com reflexo violáceo com halo granada em formação. Aromas florais e vegetais com toque de evolução. Boca potente, macia, sem arestas. Vinho firme, de boa acidez que clama por um bom churrasco como acompanhamento.

Amat

J. Carrau “Amat” 2002 – Álcool: 13,5% – Variedade: Tannat – Região: Cerro Chapéu/Rivera – vinho amadurecido vinte quatro meses em barrica de carvalho em seguida afinado doze meses em garrafa. A safra 2002 foi excelente no Uruguai. Análise organoléptica: vermelho-rubi intenso com halo de evolução. Nariz pouco intenso mas complexo com notas de couro sobre um fundo balsâmico. Boca ampla, complexa, vigorosa com taninos de excelente qualidade. Vinho elegante, maduro, harmônico e de final seco, sem amargor ou adstringência, com leve acento mineral e com muita vida por vir na garrafa. 

Uruguay

Conclusão –

Vino Finos Juan Carrau S.A. é uma das bodegas uruguaias mais conhecidas nestas bandas. Seus vinhos podem ser encontrados em dois importadores: Zahil em São Paulo e Vinhos do Mundo em Porto Alegre (RS). Aqui, mais uma vez, provamos diversos exemplares. Os da safra 2015 realmente chamaram nossa atenção. Vinhos frescos, redondos, prontos para beber. A amostra de barrica provada do delicioso branco Petit Manseng e Sauvignon Gris 1.752 Gran Tradición confirmou aquilo que já intuíamos. Um branco raro, untuoso, uma verdadeira especialidade desse produtor. Mas o AMAT 2002, um dos Tannats mais conhecidos nos círculos de vinho, confirmou sua excelente tipicidade. Carrau também espumantes de elevada qualidade. A visita toda foi acompanhada por Javier Carrau, um sujeito impecável, de fala pausada e gestos comedidos, sempre disposto a, pacientemente, te ouvir. Ele próprio hasteava as bandeiras do Uruguai e do Brasil, gesto diplomático, deferência aos visitantes brasileiros. Francisco contou-nos com riqueza de destalhes toda história da sua vinícola e da evolução da enologia no Uruguai da qual é um dos principais personagens. Sua vinícola atualmente conta com equipamentos de última geração para vinificação. A operação é grande. Mas a qualidade dos vinhos também, eis que todos carregam aquilo que Patricio Tapia assinala ser o “sentido de lugar”. Isto pôde ser notado no Blend de Tannats Ysern, cuja metade das uvas vem de Montevidéu e a outra parte de Cerro Chapéu (Depto Rivera), na divisa do Brasil. Um Tannat moderno, abordável e fácil de beber. Não é à toa que essa linha é bastante conhecida no Brasil. Um vinho que também nos chamou atenção por sua elegância borgonhesa foi o Juan Carrau Chardonnay 2015. Infelizmente o representante baseado em SP não o importa, mas se o fizesse não teria mais um Chardonnay. Teria sim um excelente representante da variedade e do estilo no seu portfólio de vinhos! A degustação encerrou-se com o vinho ícone AMAT Tannat 2002 (o 2009 foi o melhor tinto do Uruguai na última edição do Guia Descorchados) que confirmou sua qualidade. Aberta ao enoturismo (e-mail: info@bodegascarrau.com), a visita a essa bodega não pode ser deixada de lado, em razão da qualidade dos vinhos, fácil localização e também pela atenção dada aos visitantes.

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