Em 18 de outubro de 2011, doze vinícolas chilenas conseguiram por em prática uma ideia; uma grande ideia que tardou mais do que o esperado para chegar há um acordo, mas agora se pode ver uma luz no fim do túnel. Uma ideia que nasceu após muitos anos de inquietude do enólogo de viña Gillmore no MauleAndres Sánchez e do escritor de vinhos chileno Eduardo Brethauer. Então, com a adição de outros idealistas (hoje chamados Vignadores de Carignan, entre eles o líder nato o experimentado Pablo Morandé)  que conseguiu o apoio do Governo do Chile, através de “CORFO e de seu grupo “Vinos de Chile 2020”; mais o interesse do “Centro Tecnológico de la Vid y el Vino de la Universidad de Talca”.

Planta quase centenária de carignan no Vaule do Maule, no Chile
Planta quase centenária de carignan no Vaule do Maule, no Chile

Na oportunidade estabeleceu-se que:

1.- O vinho tem que ser um blend com ao menos 65% de Carignan.
2.- Que a cepa Carignan provenha de parreirais de mais de 30 anos.
3.- Que  100% do vinho provenha do interior do Vale do Maule.
4.- Que o vinho tenha ao menos dois anos de guarda (não especifica em que) antes de sua comercialização.

Outro acordo não menos importante, implicou justamente como aparecerá a marca compartilhada VIGNO nos rótulos,  indicações estas bem precisas que ficarão registradas no estatuto, inclusive um texto comum que assim dispõe: VIGNO, Vinho com G de Carignan, conceito coletivo de Denominação de Origem do Seco Interior do Maule, que resgata o patrimônio de suas vides antigas e tradicionais, cujo cepa principal é a Carignan”.

2016-03-26 15.45.16

 

O QUE ESCONDE UMA GARRAFA DE CARIGNAN?

Esta uva tem um amadurecimento tardio, gosta de regiões ensolaradas e tem a pele bem espessa. Seus vinhos são:

a) bem carregados em cor pela forte presença de antocianos de sua pele grossa;

b) Aromas de frutas escuras, ameixas, pimenta, algumas vezes tabaco e um descritor no mínimo curioso, que é o aroma de tinta (lembra nanquim), que pode estar presente em vinhos com forte extração de fenóis das cascas (macerações longas);

c) Teor alcoólico relativamente alto, boa acidez, uma carga tânica moderada a intensa, eventualmente podem deixar um certo amargor final e são razoavelmente ou fortemente encorpados. Enfim são vinhos ricos concentrados, frutados, alcoólicos e possuem potencial de envelhecimento.

d) No Novo Mundo pode se encontrada na Argentina, Califórnia e sobretudo no Chile, país que mostra bons varietais, como da vinícola Odfjell, ou cortes em que ela predomina, como por exemplo em alguns vinhos da vinícola Morandé  (Texto de André Logaldi).

Carignan

Degustação Carignan –

No dia 23 de março de 2016, a Confraria Esvaziando a Adega reuniu-se mais uma vez no sempre recomendado restaurante Zeffiro (Frei Caneca 669, SP) para degustar vinhos chilenos da variedade Carignan. Estiveram presentes além deste redator, Lucas, José Luiz e Clóvis. A seguir, a relação dos vinhos degustados na ordem decrescente de preferências:

5°- Santa Carolina Dry Farming Carignan 2008 – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Cauquenes – Importador: Casa Flora –

4°- Orzada Carignan 2003 – Região: Vale do Maule – Álcool: 13,5% – Importador: World Wine –

3°- Casas del Bosque Carignan Gran Reserva 2008 – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Loncomilla –

2°- De Martino El Léon Single Vineyard Carignan 2008 – Álcool: 14% – Região: Vale do Maule – Importador: Decanter –

1°- Morandé Edición Limitada Golden Reserve 2001 – Região: Vale de Loncomilla – Álcool: 14% – Variedades: Carignan, Cabernet Franc e Merlot – importador: Morandé Brasil Ltda (inativa) –

Quinto lugar
Quinto lugar

A seguir descrições/avaliações dos vinhos degustados:

5º lugar – Santa Carolina Dry Farming Carignan 2008 – Álcool: 14,5% – Região: Vale de Cauquenes – Importador: Casa Flora – granada com turbidez, predomínio de notas de café torrado nos aromas, taninos macios denunciando algum cansaço, herbáceo, curto. Avaliação: 86/100 pts.

 

Quarto lugar
Quarto lugar

4° lugar – Orzada Carignan 2003 – Região: Vale do Maule – Álcool: 13,5% – Importador: World Wine – Violáceo intenso, ervas aromáticas se destacam nos aromas, boca equilibrada fim-de-boca de média persistência. Avaliação: 88/100 pts.

 

Casas del Bosque
Casas del Bosque

3º lugar – Casas del Bosque Gran Reserva Carignan 2008 – Região: Vale de Loncomilla – Álcool: 14,5% – importador: Obra Prima – violáceo brilhante. Aromas complexos com notas terciárias, taninos macios, corpo pleno e longa persistência com retrogosto com frutas negras. Avaliação: 89/100 pts. 

 

Segundo lugar
Segundo lugar

 

2° lugar – De Martino “El León” Carignan Single Vineyard 2006 – Região: Vale do Maule – importador: Decanter – violáceo com discreto halo de evolução. Nariz complexo com uma paleta invejável: frutas negras, especiarias, pinceladas minerais, caixa de charutos tudo entrelaçado harmonicamente. Na boca subscreveu os aromas. Um vinho equilibrado, sem arestas, de bom frescor sem demonstrar esgotamento aos dez anos. Termina longo.  Ficou na honrosa segunda colocação. Avaliação: 90/100 pts.

 

2016-03-26 15.45.24

 

1° lugar – Morandé Edición Limitada Golden Reserve 2001 – Região: Vale de Loncomilla – Álcool: 14% – Variedades: Carignan, Cabernet Franc e Merlot – importador: Morandé Brasil Ltda. (inativa) – quase retinto e profundo na cor sem denunciar o peso de quinze anos, aberto nos aromas com violetas, frutas negras e especiarias sobre uma nota levemente mentolada. Na boca a sua entrada revela um vinho solidamente estruturado, alicerçado em taninos potentes, de fina textura os quais encontram anteparo na acidez nitidamente gastronômica. Termina longo, persistente. É um caldo expansivo, complexo que seguramente continuará a evoluir positivamente na garrafa nos próximos anos. Um dos melhores tintos chilenos provados por este redator. Avaliação: 93/100 pts.+

(Visited 530 times, 531 visits today)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *