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Em 3 de agosto de 2016, a Wines of Chile, com apoio do ProChile – Escritório Comercial do Chile no Brasil (São Paulo), promoveu degustação anual em São Paulo com organização da CH2A Assessoria de Imprensa. O tema foi “Vinhos de Clima Frio” e na oportunidade puderam ser provados 11 vinhos entre brancos e tintos, representativos da diversidade de terroirs do país andino. A degustação foi conduzida com maestria pelo Sommelier Marcelo Pino, melhor profissional do Chile em 2011 e 2014. Estiveram presentes além de Mário Pablo Silva, DD. Presidente Wines of Chile, Oscar Paes Gamboa – Diretor ProChile Brasil, a nova Diretora Comercial da Wines of Chile – Angelica Valenzuela. A seguir descrições e avaliações dos vinhos degustados na degustação entitulada “Vinhos de Clima Frio”:

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Montes Outer Limits Zapallar Coast Sauvignon Blanc 2016 – Álcool: 12,8% – Região: Zapallar/Aconcágua – Palha translúcido. Intenso nos aromas florais e vegetais. Depois de algum tempo notas de pimenta verde sobre um toque de erva cidreira. Na boca sua entrada confirmou a riqueza aromática: frutado, salino, mineral a lembrar um Sauvignon do Loire. Equilibrado, sem amargor, muito balanceado.  Avaliação: 90/100 pts.

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Tara Ventisquero Chardonnay D. O. Atacama 2014 – Alcool: 14% – Região: Atacama – Amarelo-palha com ligeira turbidez. Notas de baunilha predominam inicialmente nos aromas para logo depois ceder espaço para pêssego em calda sobre uma ponta de madeira. Na boca é seco, intenso, encorpado com uma nota de abacaxi maduro dominando o conjunto. Tem boa tipicidade, mas poderia ter mais frescor (acidez). Terminou sem amargor. Avaliação: 89/100 pts.

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Errazuriz Aconcagua Costa Chardonnay 2015 – Alcool: 14% – Região: Aconcágua Costa – Palha esverdeado. Aberto, intenso nos aromas com notas de maçã verde e abacaxi maduro. Depois de algum tempo evocou flores brancas e frutas secas, num perfil próximo ao de um bom Chablis. Muito balanceado na boca com a madeira presente sem ofuscar a fruta. Fresco, mineral, elegante é um branco harmonioso e balanceado. Avaliação: 90-91/100 pts.

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Emiliana Signos de Origen Chardonnay, Roussane, Marsanne e Viognier 2014 – Região: Vale de Casablanca – Alcool: 14% – Amarelo dourado brilhante. A fruta branca salta na frente na paleta de aromas deste blend de variedades brancas que poderia ser denominado “blanc de blancs”. Notas de mamão papaia e pêssego sobre um fundo amanteigado. Solidamente estruturado no paladar é um vinho fresco, complexo (Chardonnay – 68%, Roussane – 12%, Marsanne 11% e Viognier 9%), mineral, longo, que pede comida para harmonizar (peixe gordo ou machas a la parmesana). Enfim, um excelente blend de brancas. Avaliação: 92/100 pts.+

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Morandé Creole 2014 – Variedades: Cinsault (85%) e País (15%) – Região: Vale de Itata – Alcool: 14% – vermelho-rubi cereja não muito intenso, límpido e brilhante. Nos aromas as clássicas e típicas notas de maceração carbônica com um frutado intenso bem evidente (cereja). Boca leve, taninos quase imperceptíveis, acidez intensa promovendo o frescor deste tinto frutado que passaria tranquilamente por um Julienás ou Moulin-à-Vent. Final suave, excelente tipicidade de um tinto facilmente abordável elaborado com uvas produzidas a cerca de 445 km de Santiago. Avaliação: 89/100 pts. 

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Casa Silva Cool Coast Pinot Noir 2014 – Região: Paredones/Colchágua – Alcool: 14% – cor esmaecida bem ao estilo dos vinhos elaborados com essa casta. Aberto nos aromas com notas de cravo secundadas por geleia de frutas vermelhas – morango e cereja. Na boca taninos macios, acidez na medida certa, álcool integrado e ótima harmonia entre fruta e madeira, resultando num vinho moderno cujo destaque é o balanço proporcionado por seu frescor. Tipicidade chilena num vinho prazeroso e equilibrado, elaborado com uvas a apenas 7 km do mar, numa das localidades mais frescas de Colchágua (Paredones), em solos argilosos que ressaltam a fruta e os taninos. Seguramente um dos melhores Pinots chilenos da atualidade. Avaliação: 90/100 pts. 

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Siegel Carménère Single Vineyard 2014 – Região: Vale de Colchágua –  Alcool: 14% – vermelho-rubi com reflexo violáceo. Aberto nos aromas que vão da baunilha às frutas negras como ameixa e especiarias como cravo e cardamomo. Sem pirazina, sem o herbáceo cansativo exibido pelos primeiros Carménères chilenos, depois de algum tempo exibiu notas de tabaco e grafite. No paladar taninos sedosos e suaves. A acidez também é razoável. Somente o álcool sobrou, não o suficiente para tirar o brilho e o frescor deste Carménère que se destacou por sua elegância. Longo e com alguma rugosidade,  tem muita vida na garrafa pela frente. Avaliação: 89/100 pts.+

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Kankana del Elqui Syrah 2011 – Região: Vale del Elqui – Alcool: 14% – vermelho-rubi intenso, profundo já denunciando sua boa extração. Nariz invejavelmente complexo com notas de groselha, especiarias, baunilha e ameixas. Na boca sua entrada revelou um vinho vibrante, de estrutura sólida toda ela calcada na fruta e na madeira judiciosamente utilizada. Estruturado, suculento foi o tinto mais surpreendente da degustação, exibindo várias camadas de sabores. Um dos melhores Syrah de clima frio do Chile do momento. Avaliação: 93/100 pts.++

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El Principal Memorias 2013 – Região: Maipo/Andes –  Memorias 2011 – Álcool: 15% – Variedades: Cabernet Sauvignon (45%), Cabernet Franc (32%), Petit Verdot (15%) e Syrah (8%) – Região: Pirque/Alto Maipo – é um tinto amadurecido 16 meses em barricas de carvalho francês novas (30%) e de segundo uso (70%) e um ano na garrafa antes de sair ao mercado, blend de variedades bordalesas, um tinto de cor intensa e profunda a indicar sua juventude, de aromas “sérios” com notas mentoladas, ameixas, fruta em compota sobre madeira tostada. Na boca, complexo e de boa profundidade gustativa, com taninos finos  e  persistência média/longa. Encorpado, quente, é um tinto que promete evoluir positivamente na garrafa nos próximos anos. Avaliação: 90/100 pts.

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Santa Rita Casa Real Cabernet Sauvignon 2011 – Região: Maipo – Alcool: 14,5% – região: Buín/Vale do Maipo – amadurece 15 meses em barrica de carvalho francês de primeiro uso – análise organoléptica: vermelho-rubi intenso, profundo com reflexo violáceo sem halo de evolução. Apresenta um complexo aroma de frutas negras e ameixas maduras com um toque fino de menta sobre um fundo marcado pela especiarias. Na boca é elegante, de alta concentração e estrutura a demonstrar seu alto potencial de envelhecimento. É um tinto maduro, sólido, cheio de sabores de frutas negras e ameixa. Possui taninos robustos, mas nem um pouco agressivos e uma elegância que lhe dá distinção. Longo, seguramente vai continuar a evoluir na garrafa nos próximos 5/10 anos. Avaliação: 92/100 pts.++ 

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O Silencio tem na sua composição 2% de Carménère

Cono Sur Silencio Cabernet Sauvignon 2011 – Região: Vale do Maipo – Álcool: 13,7% – cor violácea intensa, profunda com reflexo púrpura. Aromas típicos da Cabernet Sauvignon no Chile com notas balsâmicas, licor de cassis, ameixas, madeira nova, baunilha sobre mentol. No paladar sua entrada revelou um tinto jovem e concentrado, com taninos aveludados, acidez correta, álcool integrado e uma imensa concentração de sabor, sem perder de vista o equilíbrio, frescura e elegância que são características dos excelentes Cabernets chilenos, no qual este tinto se encaixa perfeitamente, eis que seu estilo tem nítida feição bordalesa. Já pode ser bebido agora, porque seu estilo permite. Um verdadeiro “Ex-Libris” chileno.  Avaliação: 91/100 pts.++

Conclusão – 6° Tasting Wines of Chile em São Paulo 2016

A degustação teve grandes surpresas e revelou o potencial da indústria chilena de se reinventar, eis que nos anos anteriores os vinhos degustados faziam parte do quadrílatero “Cabernet Sauvignon, Carménère, Sauvignon Blanc e Chardonnay” e desta vez foi diferente com a acertada escolha do tema “Vinhos de Clima Frio”: atentos às novas tendências, os vinhateiros chilenos encontraram nas regiões costeiras e próximas da cordilheira bem como no Sul do Chile o lar ideal para variedades do Mediterrâneo, já que há muitas semelhanças entre o clima chileno e o clima de algumas regiões vinícolas da Europa. Na degustação houve de tudo: desde um tinto de Cinsault e País elaborado pelo método da maceração carbônica que às cegas certamente surpreenderia muitos Beaujolais, um inédito e promissor blend de uvas brancas típicas do Vale do Rhône (Hermitage Blanc) passando por um frutadíssimo Syrah do Vale de Elqui (Norte do Chile) de grande suculência, frescor e elegância. Sim, estou falando do Kankana del Elqui 2011 produzido pela VSPT. Não poderia deixar de mencionar o delicioso Pinot Noir da Casa Silva “Cool Coast”, feito de uvas cultivadas num dos quartéis mais frescos de Colchágua devido a sua proximidade do mar. Ainda no segmento dos tintos, um blend do Maipo com predomínio da onipresente Cabernet Sauvignon demonstrou mais uma vez grande consistência e qualidade. Last but not least, destaco também um tinto elaborado com uvas de um dos setores mais importantes do Vale de Itata: Guarilihue (Guarilihue está a 23 km do Pacífico,  40 km de Concepción e 480 km de Santiago do Chile). Essa região foi visitada por este escriba em março de 2015. Ali a Cinsault localmente chamada de “cargadora” e a Moscatel que se notabiliza é a de “Alejandria” ou “Itata”. O vinho em tela já é comercializado no Brasil faz algum tempo e, por sua tipicidade, já se converteu num verdadeiro sucesso (Morandé Creole – importadora Grand Cru). É sempre bom lembrar que os brancos chilenos continuam avançando em qualidade. Os quatro exemplares provados confirmaram essa expectativa. Os demais, sem exceção foram avaliados com pontuações elevadas (destaque para os dois Cabernets “in purezza”: Cono Sur Silencio e Santa Rita Casa Real, ambos da excelente safra 2011), ou seja, os chilenos mais uma vez confirmaram as expectativas e justificaram o motivo pelo qual são os vinhos estrangeiros mais vendidos no Brasil e que não param de crescer, eis que brancos, rosados e tintos são normalmente detentores de inequívoca relação preço-qualidade e são, sobretudo, confiáveis.

Chile

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